19 de outubro de 2014

Problemas no Paraíso



Ele não queria compromissos... Mas aquela mulher o enfeitiçou!

Roy McMillan jurara viver e morrer solteiro!
Mas sua filosofia de vida caiu por terra no dia em que Ellie Fitzsimmons desceu do trem em Paradise, Nebraska. 
A bela iluminou o dia de outubro com seu brilho. E, embora estivesse ali para visitar seu irmão, Roy teve dificuldade em manter esse fato em mente... e evitar bancar o idiota!
Ellie estava em apuros!  E não havia roupa que escondesse seu segredo por muito tempo. 
Roy McMillan só aumentava seus problemas com aquele sorriso devastador. Mas quando soubesse a verdade, Roy ainda iria querer construir um pequeno paraíso na terra para ambos?

Capítulo Um

Nova York, 1892.
— Em que bela encrenca você se meteu, Ellie — criticou Mary O’Malley, uma das camareiras da Sra. Sternhagen. — Não que eu não tivesse percebido. Em seu primeiro dia na casa, eu disse a mim mesma: “Céus, essa moça vai se complicar, se achando melhor do que as outras... com seus livros e cartas, mais o jeito avoado”. E foi o que fez, não? Complicou-se! Arranjou um fardo!
Ellie assentiu, já com dor nos ouvidos de tanto sermão. O único fardo em que podia pensar eram suas duas malas gastas pousadas na calçada. Continham todos os seus pertences, incluindo os livros adorados, porém pesados, que tinham sido de seu pai.
 Por um segundo, deixou de ouvir a cacofonia de sons, mistura do barulho da rua com a ladainha de Mary... imaginando que destino seus escritores favoritos dariam a uma personagem em sua situação. E então, Sr. Dickens, Sr. Victor Hugo? De repente, Ellie estremeceu. Com certeza, eles lhe arranjariam um final trágico... cairia de um penhasco no litoral durante uma tempestade ou, pior, se casaria com algum fazendeiro banguela com terras à beira dos penhascos, de onde ela ainda se jogaria num dia atormentado. 
A fim de se acalmar, pensou em outros autores... Anthony Trollope. Ou, melhor ainda, Jane Austen. Eles seriam mais generosos... ao menos, inventariam soluções mais engraçadas, embora não tivesse motivo para rir naquele instante.
— E, se quer saber... — continuava Mary. — Aquele café que derrubou no tapete persa da Sra. Sternhagen não foi acidente, tampouco!
Relutante, Ellie abstraiu-se da ficção e voltou a sua biografia real. Deu de ombros, inocente.
— Eu estava transtornada, naturalmente...
— O orgulho precede a queda, não é? Sorte sua eu ser o tipo caridosa — continuou Mary, indiferente à poeira que uma carruagem lhe atirou no rosto ao passar. — Fergus e eu ficamos contentes em ajudá-la. Seu quarto não é mais do que um armário, mas ouso dizer que tem sorte por consegui-lo, já que não poderá nos pagar nada e provavelmente será um fardo terrível.
— Farei o que puder, Mary. — Mas a promessa soou fraca até a seus próprios ouvidos. Tinha pouco dinheiro, provavelmente insuficiente para mantê-la até a chegada do bebê, não importando o quanto economizasse. Mary tinha razão. Era felizarda por conseguir um teto, pelo menos até arranjar uma solução.
Como arranjaria outro emprego? Até então, só trabalhara como doméstica, mas nenhuma família decente contrataria uma moça grávida. 
A barriga ainda não aparecia, porém, mas nenhum uniforme de criada a favoreceria. Além disso, teria de revelar ao empregadores em potencial que fora demitida pela Sra. Louisa Sternhagen, e o motivo viria à tona. Considerando que assuntos particulares sempre se tornavam de conhecimento público no pequeno mundo da sociedade nova-iorquina, logo todos saberiam que sua desgraça se devia a uma relação ilícita com o filho da ex-patroa.
Tinha que deixar Nova York. Mas para onde iria? Filadélfia? A situação lá não seria melhor para uma mãe solteira. Não imaginava nenhum lugar favorável. Exceto...
Por um instante, alienou-se da mistura de fuligem, pó e barulho e imaginou terras planas verdejantes, no Oeste distante. Parker McMillan escrevera que o Nebraska era um lugar bem mais informal do que o Leste. Dissera também que não havia muitas mulheres por lá, o que significava que era praticamente certo arranjar trabalho. Até para uma mãe solteira.
— Chegamos — anunciou Mary, conduzindo Ellie pela porta de uma construção de tijolos sombria. Dentro, viram-se diante de uma escada escura e estreita.
— No andar de cima. — Mary subiu um degrau e olhou por sobre o ombro. — Céus, você parece longe daqui!  Ellie riu.— E estava. Mary franziu o cenho, crítica, como se o riso fosse proibido a moças decaídas como Ellie. — Pensando em algum camarada, suponho. Como se não bastassem os problemas que já arranjou com homens!



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