16 de março de 2015

A Pérola e o Dragão






China, terra fascinante! 

Misteriosa e bela China do começo do século XX, quando Pequim, chamada Cidade Proibida, foi saqueada por terríveis e perversos soldados.
Stanton Ware, um inglês destemido e corajoso, aceitou lutar contra as infâmias que punham em risco a liberdade do povo chinês. 
Encontrou para ajudá-lo Tseng-Wen, um velho sábio, e Pérola Perfeita, uma espiã tão jovem e linda que iria tornar mais agradável sua árdua e perigosíssima missão.

Capítulo Um

— Francamente, não compreendo sua preocupação, major Ware — comentou sir Claude Macdonald, fazendo um floreio no ar com o cachimbo. — Vir da Inglaterra até aqui a mando do primeiro-ministro, por causa de uma simples desordem de rua!
— Ele anda ouvindo rumores inquietantes. Parece que há muito descontentamento nas províncias — respondeu o major, cautelosamente.
— Ora, esses chineses estão sempre descontentes! Como ministro de província, asseguro-lhe que saberei manobrar perfeitamente qualquer situação difícil que possa surgir... se é que vai surgir — sir Claude Macdonald falou algo rispidamente, como se sua autoridade estivesse sendo questionada.
Stanton Ware olhou-o, pensativo. O primeiro-ministro tinha razão quando insinuara que sir Macdonald talvez não fosse o homem certo para o lugar certo. Mentalmente repassou o recente artigo do Times, que lera pouco antes de embarcar:
“Todos receberam a indicação de sir Claude Macdonald com ceticismo, denunciando-a como sendo no mínimo desagradável. Sir Macdonald foi alvo de ataques impiedosos logo após sua nomeação, por parte dos funcionários da embaixada. É conhecido entre eles como pessoa fraca, tagarela e gabola, o tipo do militar que caiu de pára-quedas num cargo importante, devido a suas nobres raízes.”
Stanton Ware não dera maior importância aos comentários, mas agora experimentava a inquietante sensação de que sir Macdonald não tinha a menor condição de manobrar perfeitamente os problemas que certamente estavam por aparecer.
Na verdade, era irônico e trágico que, num momento como este, a Inglaterra estivesse sendo representada na China por um ministro cuja única experiência com o país residia no fato de ter sido instrutor de artilharia em Hong Kong.
Um crítico mordaz certa vez referira-se a sir Claude Macdonald como “o fibrento varapau de bigodinho encerado”.
E era justamente esse bigode que sir Macdonald cofiava aplicadamente, enquanto falava em tom pomposo:
— Pode informar o primeiro-ministro, major Ware, de que mantenho tudo sob controle, apesar de alguns incidentes de pouca importância ocorridos recentemente.
Stanton digeriu com dificuldade a afirmação solene e depois falou, controladamente:
— A morte do reverendo Brooks não me parece de pouca importância.
— Os missionários sempre causaram problemas na China, desde que obtiveram permissão para se estabelecer aqui. Desde 1860, portanto. Sabe como os chineses prezam o culto aos ancestrais, e os missionários atacam-no com quantas armas têm. Brooks era um deles, meu caro.
— Bem sei — respondeu Stanton Ware, calmamente. — Tanto que foi assassinado.
Parou, pensando na maneira pouco ortodoxa com que os missionários haviam requisitado diversos templos chineses para suas igrejas, alegando que estes, no passado, haviam pertencido a ela. Os franciscanos, por exemplo, tinham chegado ao ponto de tentar cobrar aluguel dos chineses pelo uso dos templos nos últimos trezentos anos!
Não satisfeitos com isso, ainda escolheram lugares que a tradição chinesa considerava sagrados para ali construir igrejas cristãs.
— Devo insistir, caro major, no fato de que julgo esses incidentes de pequena monta. O que realmente interessa é nosso poder de comércio na China. Ele vem sendo abalado desde que navios mercantes russos aportaram em Port Arthur, há quatro anos.
Quanto a isso, não havia como negar. Os cinco grandes poderes batiam-se entre si para manter a melhor posição na China e, com isso, deixavam-na minada e exposta. Paradoxalmente, os ocidentais auxiliavam-na a manter-se coesa, tal o receio que tinham de vê-la anexada a um dos outros quatro poderes. Somente o egoísmo dos ocidentais e sua incessante rivalidade impediam que a China ficasse cada vez mais retalhada.
No meio disso tudo, os manchus, confortavelmente instalados em Pequim, a grande capital do Império Celeste, enganavam-se a si próprios proclamando-se fortes e imbatíveis.
Como dissera um jovem oficial da embaixada a Stanton: “Os manchus são fracos e arrogantes; os europeus, fortes e igualmente arrogantes. Belo estopim para uma guerra!”

Um comentário:

  1. adoro os livros de barbara cartland, gostava de os ler todos, obrigada por postar estes.

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!