7 de novembro de 2015

Traição






Rachel Howland nunca imaginou que o homem ao qual tinha entregue sua inocência, sua confiança e todo seu amor, pudesse traí-la de uma maneira tão cruel e abandoná-la a própria sorte. 

Profundamente ferida, foge sem olhar para trás, em busca de um lugar onde chorar sua solidão e, possivelmente...Elaborar sua vingança.
Noel Magnus, um dos membros mais enriquecidos da alta sociedade, converteu-se em um homem duro e implacável que não duvida em aumentar seu poder à custa do que fosse necessário. Mas quando suas ações repercutem sobre Rachel e a fazem fugir, iniciará uma feroz perseguição para recuperar a qualquer preço à mulher que ama, a que significa tudo para ele... A única mulher cujas lágrimas lhe rompem o coração...

Capítulo Um

Ilha de Herschel, mar de Beaufort, Canadá, 13 de fevereiro de 1857.
-Noel Magnus... Não... Conseguiu - sussurrou o homem entrecortadamente. Olhou para trás como se esperasse que o próprio Satanás estivesse sorrindo as suas costas.
Seus amigos se apinhavam ao redor do pedaço de madeira que fazia às vezes de mesa no único botequim ao norte do paralelo sessenta. As ásperas mãos deformadas pelo gelo segurava com firmeza a jarra de cerveja caseira. Não concordaram nem discordaram. Pareciam paralisados com aquelas palavras. Essas palavras impronunciáveis.
-Ele não é dos que falham - murmurou outro. Em seguida apoiou a escura cabeça nas mãos e percorreu freneticamente com o olhar o pequeno chiqueiro que se fazia chamar de Ice Maiden, ou botequim da donzela de gelo - Jurou a lady Franklin que encontraria seu marido e ficou muitos anos no norte buscando-o. Além disso, existe a recompensa... Esse enorme montão de ouro; essa doce fragrância do Paraíso. Não diga agora que tudo está perdido.
-Este lugar selvagem ainda não venceu ao Magnus. -Um jovem com o cabelo de um dourado claro muito curto se agachou desafiante envolto em uma grosa jaqueta de couro.
Ninguém prestava atenção aos constantes gritos do vento que soprava com sua voz de barítono contra as paredes de troncos. Umas grossas camadas de gelo cobriam os dois quadrados de vidro que faziam as vezes de janelas no verão, mas nem sequer isso pareceu intimidar ao jovem; nem mesmo os ameaçadores pedaços de gelo que formavam estalactites do batente das janelas até as tábuas de madeira do chão, apesar de que as portinhas exteriores estavam fechadas a semanas para proteger da interminável noite aos loucos ocupantes do botequim.
- Verão que os rumores de sua morte vindos do Fort Garry são falsos. Magnus voltará logo. Nossa donzela de gelo fará com que retorne. Acaso nosso grande amigo Magnus preferiria uma morte lenta e horrível antes de voltar a ver semelhante beleza? -Um último homem, Alexander Mclntyre, de rosto velho e desgastado, esforçou-se por observar o escuro rosto de uma mulher do outro lado da cabana.
Era uma jovem de pele pálida e a única pessoa presente no botequim além deles, mas não prestava nenhuma atenção à conversa. Em vez disso, estava apoiada na improvisada placa que servia de balcão e olhava pensativa os pequenos blocos de gelo que caiam como cogumelos pelas frestas das paredes.
A donzela de gelo estava vestida como uma nativa. Um manto amauti a cobria dos pés a cabeça; de fato, vestia aquela grossa capa como se fosse o unico tipo de roupa que tivesse vestido a vida toda. 
Umas grossas meias-calças de lã e umas mukluks, botas feitas de pele de urso polar típicas do lugar, completavam sua vestimenta junto à antiga pistola de faísca que levava presa ao áspero cinturão de pele.
Um cavalheiro inglês não familiarizado com os costumes do norte certamente teria se impactado com o aspecto da jovem, mas o desconcerto inicial seria superado pelo enfeitiço que, sem dúvida, aquela mulher o teria feito cair. 
O desbotado manto amauti parecia feito especialmente para ela, já que o objeto era da mesma cor que seu cabelo loiro. O enorme capuz debruado com pele a suas costas também despertava uma espécie de fascinação que afetava inclusive aos ali pressentes. 
O capuz expunha torpemente seus rebeldes cachos dourados, além de indicar que não estava casada. 
O manto amauti era um objeto desenhado para que as mulheres levassem seus bebês no enorme capuz, mas no dela não havia nenhum e, às vezes, os homens mais jovens que freqüentavam o lugar gostavam de imaginar que uma expressão de tristeza sobrevoava o rosto da garota quando olhava para trás.
Em qualquer outra sociedade, aos vinte e sete anos, solteira e sem filhos, Rachel Ophelia Howland seria considerada uma solteirona. Mas, nesse lugar esquecido da mão de Deus, não havia nem um só homem em quilômetros que não estivesse disposto a dar uma perna por ter a oportunidade de dar um filho à senhorita Rachel.









6 comentários:

  1. Vocês fazem um trabalho maravilhoso, obrigada de todo coração por disponibilizar essas maravilhas para nós ♥♥

    Denise Queiroz

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  2. Boa semana a todas as minhas amigas leitoras

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  3. Oi Jenna, gosto muito dessa autora. Bjs brigaduuu

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  4. Mocinho bastante sofrido e deve aprender a amar e acreditar no amor. É bom.
    24/11/15

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  5. O livro tinha ingredientes para ser perfeito... uma mocinha muito forte e apaixonante capaz de fazer o mocinho que enrolou a pobre coitada por anos pagar por suas embromações, mas, de repente o mocinho na verdade é um neurótico e precisa na realidade é de um bom tratamento psicológico, coitada da pobre mocinha que tem que aguentar!!! Já li melhores!!

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!