23 de dezembro de 2015
O Senhor da Meia-noite
Era uma vez o Senhor da meia-noite, um homem à margem da lei, um aventureiro que impunha sua lei e sua justiça nos caminhos da Inglaterra.
Uma vida perigosa e heróica da qual teve que se afastar pela traição de uma mulher.
Agora S.T. Maitland vive exilado em um castelo francês em ruínas, afastado de tudo e de todos.
Faz três anos que fechou a porta a um passado que, entretanto, a jovem Leigh Strachan quer fazer reviver para seu pesar.
Por ela, que perdeu tudo que amava e só pensa em vingar-se, talvez seja capaz de fazê-lo.
Capítulo Um
La Paire, nos contrafortes dos Alpes franceses, 1772.
O moço tinha o olhar profundo e abrasador de um fanático religioso. S.T. Maitland se remexeu incômodo no tamborete de madeira em que estava sentado e voltou a olhar por cima da jarra de vinho para a tenebrosa profundidade do botequim. Resultou ser muito desagradável e desconcertante comprovar que aquele olhar escrutinador permanecia fixo nele; sentiu-se como se estivesse esperando entrar no Céu, mas não havia muitas probabilidades de que viesse a ser admitido.
S. T. levantou a jarra e saudou-o sem nenhum sinal de provocação. Sabia que a possibilidade de que entrasse no Paraíso era muito remota, mas tampouco nada se perdia por uma mera saudação. Se ao final resultava que esse bonito jovem de surpreendentes pestanas negras e intensos olhos azuis era são Pedro filho, melhor ser educado. Mas, para seu assombro, o olhar do jovem se aguçou ainda mais.
Seus escuras e retas sobrancelhas se retrocederam e se franziram e o menino, magro e silencioso, ficou em pé; com sua figura de veludo azul e seu porte de berço nobre empobrecido, destacava-se entre a habitual massa de camponeses que conversavam em piamontés e provençal. S.T. coçou a orelha arrumou a peruca, nervoso.
A idéia de tomar o déjeuner enquanto caía nas garras de um adolescente santarrão fez que terminasse o vinho de um gole e ficasse rapidamente em pé. Agachou-se para pegar o pacote de pincéis de pêlo de Marta que tinha ido comprar no povoado, mas a cinta que os prendia se soltou.
Amaldiçoou em voz baixa enquanto tentava recuperar aquelas valiosas varinhas antes de que se dispersassem pelo sujo chão. —Seigneur. A suave voz parecia provir de suas costas. S. T. se levantou e se virou rapidamente para a esquerda com a intenção de escapar, mas seu ouvido ruim o enganou em meio de todo aquele barulho de risadas e conversação.
Perdeu o equilíbrio durante um instante e, quando se agarrou instintivamente à mesa, encontrou-se de frente com o jovem.
—MonSeigneur de Minuit? Uma sensação de alarme lhe percorreu o corpo. O acento daquelas palavras em francês soou muito forçado; além disso, fazia três anos que ninguém lhe chamava assim.
Levava tempo esperando as ouvir, tanto que nem sequer se surpreendeu muito. Era a voz em si, bronca e apagada, o que lhe pareceu estranho, já que procedia de um infante de rosto acanhado e aceso.
Quando S.T. pensava nos possíveis caçadores que poderiam buscá-lo pela recompensa que se dava por sua cabeça, nunca teria imaginado que pudesse tratar-se de um rapazola que nem sequer tinha saído a barba. Relaxou enquanto permanecia apoiado na mesa e olhou com desânimo para o jovem. Era isso tudo o que valia?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ai que linda essa capa. A sinopse eu achei muito interessante. Vou ler o livro,depois volto expressar minha opinião!!
ResponderExcluirBjs