13 de janeiro de 2020

Desejo


A mistura da cultura europeia e da árabe fez de Christian Hawksblood de Beauchamps um homem muito especial.

Seu enorme charme é potencializado pelo poder mental que exerce sobre as pessoas e os animais. Entretanto, ele mesmo, experimenta intensas visões que não pode controlar. Nelas aparece uma mulher de extraordinária beleza, cujos sedosos cabelos o envolvem em uma nuvem dourada. Ao chegar à corte de Eduardo III, instalada na Inglaterra, o cavalheiro encontra a paixão. Brianna de Belford, dama de companhia da princesa Isabel, entregou seu amor a Robert de Beauchamps apesar de ter seus sonhos invadidos pela imagem de um homem moreno que a seduz. A jovem tem descartado tais imagens como irreais. Somente quando conhece Christian compreende que talvez seja ele o seu destino. Entretanto, deverá escolher entre o desejo ou a honra enquanto uma cruel guerra assola a Europa. No violento século XV.

Capítulo Um

A primeira vez que a viu ela estava nua. Talvez por isso sentisse aquela ávida luxúria, mesmo que não fosse verdade, pois havia visto muitas mulheres desnudas ao longo de seus vinte e tantos anos. Mas esta era a mais bela donzela que já vira. Sua pele era branca, seus cílios descansavam sobre sua face como meias luas, e na lateral da maçã do rosto havia uma marca de nascimento.
O cabelo dourado, brilhante como uma moeda recém-cunhada, caía até debaixo dos joelhos, envolvendo-a em uma auréola de ouro avermelhado. Ele não fazia ideia de quem era aquela beleza, não sabia absolutamente nada sobre ela, exceto uma coisa: ele a desejava. O problema consistia em que as visões de sua dama surgiam nos momentos menos oportunos como este. Christian Hawksblood limpou sua mente com esforço e depois se concentrou por inteiro em sua lança. Bastou um instante para que o ritmo de seu pulso se adaptasse ao de seu cavalo de guerra, para que seu poderoso braço se convertesse em uma extensão de sua arma e seu olhar ardente se fixasse em seu oponente.
Com um só movimento, colocou a lança em posição horizontal, baixou sua viseira, apertou seu cavalo com os joelhos e posicionou seu escudo de modo a proteger seu corpo. O bastão de comando desceu, elevaram-se nuvens de poeira e Hawksblood imaginou como a ponta de sua lança golpearia no escudo de seu rival com tanta força que ele cairia de sua montaria. Uma fracção de segundo depois aconteceu tal como imaginara. Seu rival não jazia na poeira: estava de pé, brandindo a espada, façanha considerável levando em conta o peso de sua armadura.
Aquele era o motivo pelo qual Hawksblood havia desafiado o francês: cobiçava sua armadura negra e seu cavalo de guerra com manchas cinza. Em um abrir e fechar de olhos, Hawksblood desceu de seu cavalo. Mesmo que as regras lhe permitissem continuar em sua montaria, seu orgulho era demasiado grande para isso; o que estava em jogo era a honra da cavalaria. Sacou sua espada e atacou com tão mortífera precisão que seu rival caiu com seus 1,80cm de altura no chão, e ali ficou imóvel. Uma mulher gritou.
— Morte! — Uivaram os espectadores. Então os escudeiros do competidor francês correram ao campo e o tiraram do combate, agradecendo que o Cavalheiro Árabe só o tivesse atordoado.
O povo do campo de luta havia começado a se afastar quando Hawksblood já se encontrava em sua tenda, submergido em um banho que lhe aliviaria as tensões do corpo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!