26 de maio de 2020

Marcas Profundas

No verão de 1946, Sarah uma viúva da guerra ainda de luto, vai a um circo com seus amigos e fica fascinada por um homem tatuado no show de horrores, ostentando a arte no corpo inteiro.

Mais tarde ela o descobre escondido em seu celeiro, pois tinha escapado da prisão virtual em que vivia desde sua infância pelo perverso proprietário do circo. Ela lhe oferece abrigo em sua fazenda, e luta contra a poderosa atração sexual, enquanto passa a conhecer seu misterioso passado e sua natureza gentil. Quando uma criança da localidade desaparece, Tom usa de seus poderes psíquicos para localizá-la, mas sua assistência no caso não melhora a desconfiança dos moradores, em relação a um estranho tão exótico em seu meio. Preconceito de cidade pequena, lágrimas, amantes separados e a ameaça real do dono do Circo Art Reed os põem em perigo. Eles conseguirão passar por cima dos obstáculos do medo e do ódio para criar a família que ambos sempre ansiaram?

Capítulo Um

A Música desafinada do Circo de talentos e o cheiro de açúcar queimado, pipoca e graxa dos eixos flutuava através do ar fresco de outono. Na poeira, as luzes coloridas das carroças enferrujadas brilhavam em linhas pontilhadas nos locais onde faltavam lâmpadas. Tendas de lonas desgastadas apresentavam jogos de azar, uma vidente, uma casa de show dos horrores. Sarah atravessou as tendas num caminho cheio de lixo e se perguntou por que tinha vindo. Ela odiava circos.
— Sarah, você veio! — Grace May chamou acima da música e barulhos altos. Ela chegou até Sarah e enganchou seus braços.
— Eu estou muito feliz! Você estava há muito tempo sozinha naquela fazenda. Precisa sair mais. — Sarah sorriu sem dizer nada. Era fácil decifrar as mensagens nas entrelinhas de Grace.
— Chega de luto. John foi morto a mais de um ano e meio. Está na hora de começar a viver novamente. — Mas Grace nem imaginava como Sarah se sentia por dentro, tão dura como a terra seca que necessitava de chuva, mais propensa a derramar água do que mergulhar e crescer macia novamente.
O corpo de John fora trazido de navio para casa pouco antes do dia da Vitória da Europa que pôs fim a guerra. Ela poderia identificar o dia 29 de abril de 1945 como o dia em que seu coração congelou. No momento em que ela viu John no caixão e percebeu que sua morte era real, Sarah parou de ter qualquer sentimento.
Ela segurou seu suéter azul-claro mais apertado em seu corpo. Havia uma corrente de vento no ar de um dia quente de setembro. Grace apertou seu braço.
— Olhe, eu sei que você irá ficar brava comigo, mas…
— Grace, o que você fez?
— Eu disse ao Mike para trazer um amigo com ele. Você conhece o Andrew Harper, que trabalha na loja de ferramentas? Ele é novo na cidade, solteiro, quase na casa dos quarenta, mas uma pessoa muito doce e está procurando por alguém.
— Bem, mas eu não — Sarah puxou seu braço para longe de Grace, irritada com sua amiga pela interferência. — E eu não aprecio estes seus encontros de casais sem me consultar antes.
— Pare com isso, não fique chateada. É apenas hoje. Se você não gostar dele, você não tem que vê-lo novamente. Olhe, lá estão eles. — Grace agarrou o braço de Sarah novamente e a puxou em direção aos dois homens parados próximo da entrada de uma das tendas.
O marido de Grace, Mike, estava conversando com um homem de cabelo vermelho com um sorriso agradável em seu rosto cheio de sardas. Ele vestia uma camisa de manga curta e um colete azul-marinho, e ela vagamente se lembrava de tê-lo visto quando pediu à loja de ferramentas McNulty para consertar a tela de sua porta. Era provável que ela tenha falado com ele, mas se tivesse, não tinha lhe deixado nenhuma impressão. O aperto de Harper era caloroso e seu sorriso tímido enquanto apertava sua mão.
— Olá. Sou Andrew Harper. Eu trabalho na…


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