8 de agosto de 2023

Amy

Série As Filhas de Allamont Hall

O Sr. William Allamont governa a vida de suas seis filhas solteiras com estrita regularidade. 

Cada hora tem sua tarefa designada, cada dia sua rotina, para que as meninas não caiam na ociosidade e na frivolidade. Quando ele morre inesperadamente, seu testamento inclui dotes generosos para as irmãs, mas apenas com a condição de que se casem na ordem adequada, a mais velha primeiro. Amy agora deve encontrar um marido, e logo, para que suas irmãs mais novas também tenham a chance de se casar. Existem vários pretendentes possíveis, mas será que algum deles irá dar conta do recado? E como Amy pode escolher por si mesma, quando ela sempre foi guiada pelas regras rígidas de seu pai? Ela será capaz de fazer isso sem ele para dirigi-la? O Sr. Ambleside está esperando por Amy há anos, e seu pedido de casamento foi rejeitado pelo pai dela. Agora ele tem sua oportunidade e está determinado a conquistá-la. Mas primeiro ele tem que se livrar de seus rivais e, se conseguir, terá que superar a relutância dela em desafiar os desejos de seu pai. Mas ele é um homem muito tenaz… 

As Filhas de Allamont Hall é uma série com as seis filhas solteiras do Sr. William e Lady Sara Allamont. Estes são romances tradicionais da Regência, uma sala de estar em vez de um quarto de dormir. 

Capítulo Um

O Testamento
Amy ficou sentada imóvel, os pés colocados precisamente lado a lado, as mãos apoiadas no colo, as costas retas, os olhos voltados para a frente, da mesma forma que sentava todas as manhãs e noites quando seu pai, o Sr. William Allamont de Allamont Hall, conduzia as orações familiares. Agora sua cadeira de madeira entalhada atrás da escrivaninha estava vazia, envolta em crepe preto, e a grande Bíblia encadernada em couro estava fechada, uma fina tira de seda marcando a última leitura. Ele nunca chegaria ao fim do Livro de Jeremias.
O Sr. Plumphett, o advogado da família Allamont, olhou para a cadeira vazia com seu crepe cuidadosamente organizado e fez um pequeno ruído com a garganta. Amy não conseguia determinar se ele estava angustiado ou apenas perplexo. Depois de um pouco de hesitação, ele puxou uma cadeira menor e descansou seu amplo traseiro no delicado assento forrado de seda. Seu colete era de um castanho-avermelhado profundo e, com as pernas finas e o peito largo, Amy achou que ele parecia um tordo. Um tordo muito grande.
Ele olhou tristemente para as mulheres. Sua posição um pouco para o lado da cadeira do Sr. Allamont exigia que elas se virassem em sua direção. Amy moveu apenas a cabeça para o outro lado, permaneceu imóvel como uma estátua, exatamente como seu pai esperava. Sua mãe, que estava sentada à sua frente, estava igualmente imóvel, mas Lady Sara Allamont era filha de um conde e sempre manteve uma postura digna. Amy esperava que ela e suas irmãs, em seus vestidos pretos idênticos, pudessem fazer o mesmo.
Suas cadeiras estavam dispostas em duas fileiras atrás de sua mãe. Na primeira fila, Amy, Belle, Connie e Dulcie. Na segunda fila, as duas cadeiras vazias para seus irmãos desaparecidos, Ernest e Frank, e então Grace e Hope. A Srta. Bellows, a governanta e a acompanhante das meninas, aninhada discretamente em um canto escuro perto da porta.
Todos esperavam em silêncio que o Sr. Plumphett lesse o maço de documentos em suas mãos. O testamento do pai. As palavras que determinariam todos os seus futuros. Como ele deixou a propriedade sem os meninos? Quão bem ele proveria a mãe deles? E o que ele daria às suas filhas? Amy tentou não tremer. Respirando fundo, ela observou o Sr. Plumphett enquanto ele folheava as páginas, os botões do colete bem apertados. Ele tinha comido pudim de ameixa um pouco demais desde que Amy o vira pela última vez, ela suspeitava.
Ele tossiu. — Posso começar, milady?
Lady Sara graciosamente assentiu com a cabeça.
O Sr. Plumphett tossiu novamente. — Bem, agora… por onde começar? Há muitos preâmbulos que não interessam a Vossa Senhoria, estou certo. — Ele folheou as páginas distraidamente.
— Plumphett…
— Sim, milady. Bem… — Outra tosse. — É que… pode haver alguns aspectos que… talvez Vossa Senhoria não goste…
— A parte da minha viuvez está segura, Plumphett? — Seu jeito estava sereno, como sempre.
— Oh, sim, milady, naturalmente.
— E a propriedade? Os dotes das meninas?
— É claro, é claro. Tudo muito seguro, milady.
— Então não há motivo para contemporizar. Por favor, continue, tão rapidamente quanto possível.
O advogado baixou a cabeça em reconhecimento, embora a sua expressão fosse mais a de um homem com medo iminente da execução. — Muito bem então. Para começar, existem os habituais legados menores, para servos de longa data. Há uma quantia muito bonita para a instituição de caridade favorita do falecido Sr. Allamont…
— O lar para crianças enjeitadas em Brinchester. Eu sei disso.
Ele tossiu, um som discreto. — Exatamente, milady. Depois, alguns outros legados de caridade mais modestos. Há, se assim posso dizer, uma parcela muito generosa para mim. Muito generosa e bastante inesperada, garanto-lhe…
— Rápido, Plumphett.
— Claro, milady. — Ele começou a falar bastante rápido, de modo que Amy teve dificuldade em acompanhar o fluxo das palavras. — Portanto, além da Casa Dower e de seu próprio assentamento, Vossa Senhoria também tem o direito de permanecer na residência em Allamont Hall e de desfrutar integralmente dos rendimentos das propriedades de Allamont até que o herdeiro nomeado se case ou atinja a idade de trinta, o que ocorrer primeiro.
O Sr. Plumphett fez uma pausa para respirar e enxugar a testa. As senhoras esperaram.
— É aqui que as coisas se tornam… um tanto complicadas.
Amy sentiu uma vibração de alarme. Se o advogado, que ao longo dos anos deve ter visto inúmeros documentos jurídicos, sentiu a necessidade de fazer tal advertência, o testamento deve ser um verdadeiro emaranhado de instruções. O que seu pai impôs a todas elas?
O Sr. Plumphett continuou, — O Sr. Ernest, naturalmente, herdará todos os bens de seu pai…



Série As Filhas de Allamont Hall
01- Amy

2 comentários:

Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!