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4 de outubro de 2016

Época de Caça



Christian Villiers, o Marquês de Grayston, retorna para a Inglaterra, depois de uma vida de exílio no Continente, determinado a arruinar o homem responsável pelo suicídio da sua amada irmã. 

Seduzir a noiva pretendida pelo seu inimigo parece ser o caminho mais rápido para a vingança.
Mas seduzir Elise, Lady Middleton, pelo pecado, será mais difícil do que Greyston pensara. 
Durante uma elaborada festa de campo, Grayston percebe que encontrou o seu par na ardente e apaixonada Elise, e então ele deve decidir se um momento de vingança vale a pena arriscar uma vida de amor.

Capítulo Um

Dryden
Ele era um homem jovem com olhos experientes. Olhos que tinham visto uma quantidade enorme de problemas, e estavam à procura de mais, a menos que o gerente tenha perdido a sensibilidade para reconhecê-lo. 
O cavalheiro tinha entrado no Hart e Lebre com uma tempestade furiosa em seu encalço, a aba de seu chapéu voando atrás dele, como se tivesse fugido das portas do inferno. Sua montaria parecia um reflexo de si mesmo. Grande e preto, com malvados olhos brancos, o animal dirigiu-se ao pátio, levantando poeira e cascalho a cada relâmpago, até que finalmente o homem o acalmou, e passou as rédeas para o cavalariço.
Agora, horas mais tarde, vento e chuva batiam na porta de madeira da pousada balançando-a para frente e para trás emitindo um chiado doloroso que vinha da dobradiça enferrujada. Em algum lugar distante, uma persiana começou a bater. Outra rajada enviou salpicos de chuva através das janelas da frente forçando uma brisa húmida a descer pela
chaminé. A fuligem enviada pela corrente de ar invadiu a taverna, mas o cavalheiro taciturno esparramado perto da lareira mal a percebia.
O gerente fez uma pausa no seu trabalho, um polimento cuidadoso de um jarro de estanho.
— Uma terrível maldita tempestade — ele meditou, olhando criticamente para o fundo — ruim para a colheita, não acha?
Mas, o cavalheiro não parecia propenso a conversar. Na verdade, ele mal levantou os olhos da sua tarefa, o que parecia ser um estranho, solitário, jogo de cartas.
Curioso, o gerente se inclinou sobre o balcão e apoiou-se cuidadosamente em seu pulso esquerdo, que estava envolvido por uma tala. 
O homem perto da lareira embaralhou as cartas habilmente e então jogou-as sobre a mesa de madeira rusticamente trabalhada, jogando com seus adversários imaginários com a mão de um especialista. Vinte e um? De novo e de novo o homem repetia o processo, movimentos metódicos, concentração absoluta.
Com uma graça indolente que só os verdadeiramente libertinos parecem possuir, o homem ocupava todo o comprimento da mesa, um ombro curvado para o lado, uma perna apoiada casualmente para cima. 
Seus olhos, quando não estavam focados atentamente sobre a mesa, eram frios e apertados. Sua mandíbula estava rígida, sombreada com barba. 
Com dedos longos, rápidos e ágeis começou a distribuir as cartas habilmente como qualquer outro homem perito em facas, manuseando-as como uma arma.
Seu tipo não era desconhecido para o gerente da estalagem. Milhares de jovens irrequietos por ganhar algum dinheiro saem de suas vilas nesta
época do ano, passando de uma região para outra, para a temporada de caça e criando todo tipo de problemas. Mas este parecia diferente. Mais perigoso. Mais concentrado. Definitivamente não estava brincando. Sim, um jovem com olhos de velho. Tinha chegado sozinho à Estalagem Hart e Hare e em poucas palavras reservou um quarto com banheira - o último de seus quartos - e não conversou com ninguém.
Uma hora mais tarde, no entanto, ele regressou do seu quarto para pedir uma refeição e uma garrafa de conhaque. Desde aquela hora até agora continuava a beber e a jogar. Baralhando e bebendo. Ocasionalmente, acendia um dos seus charutos castanhos malcheirosos. Agora, com a noite chegando quase ao fim, e os outros hóspedes já recolhidos em seus quartos, o rapaz não mostrava sinais de fadiga nem de embriaguez. Na verdade, ele não demonstrava emoção alguma. Era arrepiante.
Gentilmente, o gerente limpou a garganta. Seu pulso quebrado doía como o diabo, e ele queria a sua cama. Em resposta, o hóspede levantou o olhar da sua tarefa e lançou-lhe um olhar indolente, de cara fechada. Mas naquele momento, a porta abriu-se para entrar uma rajada de chuva, um facho de luz, e uma lã verde de pelo de animal. Os dois homens voltaram os olhos de uma só vez para a porta.
— Meu Deus! — disse uma voz suave, refinada — Será que esta chuva infernal nunca acaba?
Ela era bonita. Erguendo os olhos de suas cartas, Grayston notou de imediato. Apesar de seu chapéu encharcado, e o manto húmido que pesava em seus ombros, qualquer homem com dois olhos podia ver que ela era inigualável. Fios molhados dos cabelos dourados agarravam-se ao seu pescoço, e seus impressionantes olhos azuis mostravam um cansaço óbvio.
— Meu Deus! — ela disse, agitando seu guarda-chuva — Eu estou encharcando seu chão. — cuidadosamente, colocou o guarda-chuva ao lado da porta.
Grayston observou enquanto o gerente se dirigia rapidamente por trás do bar e pegava uma lamparina.
— Não quer retirar essa capa molhada, senhora? — ele perguntou suavemente, a convidando para uma mesa mais distante de Grayston quanto era possível — não está um tempo assustador? Lamento dizer que o pessoal da cozinha já recolheu, mas eu poderia servir-lhe uma boa xícara de chá e uma torrada.
Assim que colocou o lampião sobre a mesa, ela retirou o chapéu para revelar um maço de cabelos dourados.
— Dois quartos, por favor. — disse ela, com uma voz que era suave e rouca — meus servos...