Chen Ji Yue está a caminho da corte na China do séc. XIX.
Para se tornar imperatriz e cobrir sua família de honras, ela precisa apenas ser pura, tolerar intrigas, superar 299 rivais... e não se envolver com Sun Bo Tao, o melhor amigo do imperador e um homem bastante...atraente.
Ji Yue está em sérios apuros. Afinal, ele é irresistível... e não parece nem um pouco inclinado a se afastar dela...
Capítulo Um
Sun Bo Tao gemeu quando a cama caiu na rua com tanta força que aumentou sua dor de cabeça. Perguntou-se por que sonhava que dormia numa rua barulhenta de Pequim. Então uma ordem gritada por um soldado acordou-o. Mas sua cama continuava numa rua de Pequim.
Podia ouvir os gritos dos vendedores ambulantes e sentir o cheiro de excremento humano.
Bocejou e percebeu que estava num abrigo de seda vermelha, cercado por almofadas e velhas cortinas de seda. Oh, sim, estava numa liteira imperial, e uma bem desgastada.
Mas por que estava ali? Uma lembrança distante quase surgiu. Havia um motivo para ter bebido até desmaiar na noite anterior e não queria saber o que era. Mas se lembrava de que ia a pé para casa — estava bêbado demais para cavalgar — quando vira a procissão imperial.
Uma procissão pequena, dois soldados em frente à liteira levada por quatro carregadores. Ia para algum lugar em Pequim e voltaria para a Cidade Proibida. Como era seu destino, fez o soldado da frente parar, pagou o suborno e entrou na liteira enquanto os carregadores descansavam. Assim dormiria algumas horas antes de enfrentar o dia.
Começou a se deitar de novo quando ouviu um choro alto de mulher, seguido por outros gritos femininos.
Havia um rasgão na seda e por ele viu telhados de telhas quebradas que indicavam que não estava num bairro próspero. Mas viu árvores também e uma gaiola com um pássaro canoro ao lado do muro da frente. Não tão pobre, então. Aristocracia mediana. Mexeu-se para ver melhor.
O pai apareceu primeiro. Rosto contraído, atitude de intelectual, refinamento nos movimentos e um ar sonhador e cansado que confirmaram a primeira impressão de Bo Tao: aristocracia mediana, provavelmente manchu da bandeira vermelha, o que foi confirmado pela bandeira nova de seda vermelha no arco do portão de entrada.
A casa estava quase em ruínas. Viu um par de adolescentes silenciosos. A família teria grande dificuldade para educá-los.
Bo Tao viu as mulheres. Era a mãe. que fazia mais barulho, gritando e soluçando, fingindo tristeza ao dizer adeus à filha. Havia mais dez mulheres contratadas para chorar, gritar e puxar os cabelos.
A liteira seria para eles? Os carregadores pegariam alguém antes de voltar para a Cidade Proibida?
Não a mãe, que continuava a ganir como um demônio, não os estóicos pai e filhos. Então devia ser a moça. Observou-a. Parecia na idade certa para casar, tinha estatura mediana, e o vestido bordado era luxuoso.
Havia uma cortina de contas de marfim diante do rosto. Marfim, não jade, o que significava que não era rica o bastante para se tornar uma consorte imperial.
Diabos, agora lembrava por que bebera tanto na noite passada. O Festival da Fertilidade começava naquela manhã. Yi Zhen, seu maldito melhor amigo (agora imperador Xian Feng), terminara o luto pelo pai na noite anterior. E hoje começaria o processo de escolha de esposas e concubinas para gerar o novo Filho do Paraíso.
A escolha de mulheres belas e férteis para partilhar a cama do imperador levaria uma semana.
Beleza e suborno, sexo e mesquinharia dominariam a Cidade Proibida por esse período e nem um só momento seria dedicado aos assuntos práticos de governar o país. Que perda de tempo!