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19 de julho de 2018

A Criada de Fair.Hall

Margaret Macy é uma senhorita mimada que se vê
obrigada a disfarçar-se e fugir de Londres para evitar casar-se
com um homem mau que não ama.

Sem dinheiro nem lugar
para onde ir, pede trabalho como criada na mansão de um
antigo pretendente, Nathaniel Upchurch, a quem uma vez
rejeitou, pois em realidade estava apaixonada por seu irmão.
Rogando a Deus para que nenhum dos irmãos, nem tampouco nenhum dos visitantes da casa a reconheça. Sabe que tem que resistir a trabalhar como criada pelo menos um ano, o tempo necessário para que herde a fortuna que uma tia solteirona lhe deixou e que a converterá em uma mulher livre. Enquanto trabalha, sendo invisível, visto que é uma criada, vai conhecendo os dois irmãos e se dá conta de que, na altura, não julgou bem Nathaniel. Será muito tarde para reavivar nele o que há um tempo sentiu por ela? Para cúmulo, na casa quase acontece um assassinato… e só ela sabe quem foi. Atrever-se-á a revelar a identidade do culpado inclusive correndo o risco de descobrirem a sua própria?

Capítulo Um

«A única aristocrata conhecida por disfarçar-se de criada foi Georgiana, duquesa de Devonshire, em 1786».
Giles Waterfield e Anne French, Below Stairs.
Londres. Agosto 1815
«E agora também está lendo minhas cartas…». Margaret Elinor Macy sentou-se em frente à sua penteadeira com o coração pulsando com força. No espelho viu seu rosto pálido sob os cachos escuros e a preocupação que refletiam seus olhos azuis claros. Baixou a vista para a carta que segurava na mão. Tinham aberto o selo e o remontado com pouca destreza.
Estava claro que o novo marido de sua mãe tinha começado a revisar sua correspondência; certamente por medo de que o próximo convite que recebesse não fosse para um baile, mas sim para refugiar-se em alguma casa onde não pudesse exercer nenhum poder sobre ela.
Já era bastante mau ter um lacaio seguindo-a para todas as partes, independentemente da ocasião requerer a escolta de um criado ou não. E ainda por cima, fazia só uma hora, tinha pedido para usar o colar de pérolas de sua tia e aquele homem tinha negado.
― De noite há muitos trombadinhas rondando pelas ruas ― tinha dito Sterling Benton, embora sua mãe e ela sempre tivessem usado suas melhores joias. Sterling tinha guardado quase todas as joias de valor da família Macy em seu cofre para que, segundo ele, estivessem seguras, embora no fundo Margaret suspeitasse que tinha vendido algumas peças e retido o resto para que ela não pudesse as usar para escapar dali. Levava muito tempo sem lhe dar nenhuma atribuição, com a desculpa de que as finanças da família não atravessavam seu melhor momento.
Podia ser que fosse certo, mas Margaret sabia que Sterling tinha outros motivos para que dependesse dele economicamente. Assim, embora logo fosse herdar uma grandiosa soma de sua tia avó, nesse momento não podia comprar nenhuma mísera forquilha. E muito menos uma passagem que a ajudasse a sair dali. Voltou a olhar seu pálido rosto no espelho.
Ela não estava muito entusiasmada em ir ao baile dos Valmore, embora sempre tinha sentido especial predileção pelos bailes de máscaras. Adorava os disfarces, o mistério, a oportunidade de paquerar atrás de uma máscara, fingindo ser alguém que não era.
Há semanas tinha planeando ir vestida de leiteira, com o mesmo traje que pôs a duquesa de Queensberry para posar para um retrato, o que tinha desencadeado uma autêntica avalanche de pinturas de damas da aristocracia vestidas como criadas. Tinha o pressentimento de que não seria a única «leiteira» da noite.