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24 de dezembro de 2011

A Dama Feiticeira







Senhor de Ullyot OH, valente guardião da fronteira! 

A escura vingança e o perigo vos espreitam sem descanso entre Jedburgh e Stark. 
Os ardilosos ladrões do sul passarão os rios. 
Aplaudam aos soldados de Ashhlane, Lutem até o final.
Com ela poderia obter sua vingança... Madeleine Randwick era sua refém e uma maneira de conseguir o que quisesse do irmão dela. 
Como parte importante das perigosas e complicadas políticas fronteiriças, Alexander de Ullyot, senhor de Ashblane, não ia ter escrúpulos em usar a jovem para seu próprio benefício. 
Além disso, devia acabar com ela assim como queria acabar com seu irmão. 
Mas não podia fazê-lo... Talvez fosse sua cabeleira de fogo o culpado ou o suave tom de sua voz que o tinha enfeitiçado. 
Sabia que essa mulher ia ser um perigo, mas sua teimosia lhe intrigava e o esforço com qual buscava sua independência.

Capítulo Um. 

Castelo do Heathwater, noroeste da Inglaterra, 30 de setembro de 1358. 
«Existem umas terras que estão entre os reinos da Inglaterra e da Escócia...» 
—Ian! A angústia do grito viajou com o vento pelas terras de Heathwater enquanto Alexander Ullyot tirava a jaqueta e olhava, fora de si, para o corpo morto de seu companheiro de clã. 
Chovia torrencialmente e Lady Madeleine Randwick, que observava tudo do bosque, não podia acreditar que tanta emoção saísse desse homem. 
Porque o chefe do clã de Ullyot, nascido e criado nas terras altas da Escócia e filho ilegítimo de um membro da realeza que nunca o tinha reconhecido como tal, era conhecido, sobretudo por sua crueldade. 
E podia entender perfeitamente por que era assim. 
Fixou-se no rosto desse homem, que parecia ter sido esculpido no mais duro e frio dos mármores. Não era um rosto agradável. 
Não refletia os sonhos dos jovens, mas sim parecia estar curtido pela tragédia e marcado pelo perigo constante que rodeava sua existência. 
Podia ver de onde estava a cicatriz que cortava em duas sua bochecha direita e se estendia até seu cabelo loiro escuro. 
Tinha beleza, mas era uma beleza dura e selvagem que a deixava sem respiração. 
Percebeu que quem tinha curado aquela ferida não tinha merecido ser pago por seu trabalho nefasto. 
Estremecida, cobriu-se melhor com a capa enquanto contemplava a afiada espada. 
E Sabia que estaria perdida se ele a visse. 
Ela agachou-se um pouco mais enquanto contemplava quantas feridas tinha no braço e nas costas. Deu-se conta de que podiam chegar a infectar-se e envenenar seu sangue. 
Pensou nas possibilidades que tinha. Se esse homem morresse, seu irmão podia chegar a relaxar um pouco a guarda ao redor de Heathwater, lhe dando assim a oportunidade que necessitava para escapar. 
Porque só podia pensar em escapar de Noel, Liam e desse lugar, Heathwater. 
Estava há muito tempo sonhando com algo assim. 
Estava a ponto de virar-se quando viu que os ombros do homem começavam a tremer. 
«Está chorando», pensou. 
O odiado senhor de Ullyot, açoite dessas terras e instigador de centenas de sangrentas batalhas, estava chorando enquanto aproximava a mão do homem caído de seus lábios em um gesto de última despedida. 
Ficou imóvel.  Desconcertava-a ver alguém tão forte e invencível mostrando tal aflição. 
Notou então como o senhor de Ullyot esticava seu corpo ao escutar algum som procedente do outro lado do vale. 
Ele limpou os olhos, sujando de terra seu rosto, e ficou em pé com um ar desumano. 
Não demorou nem um segundo em tirar a espada de fio duplo e empunhá-la com força. 
Esse era seu inimigo.
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