O capitão Ring Montgomery, um cavaleiro elegante e habilidoso, um atirador preciso, especialista em territórios ocidentais e popular entre homens e mulheres, recebeu uma tarefa única: escoltar uma cantora de ópera - Madelyn Worth - através do Colorado.
No clima tenso da guerra civil que estava se preparando, duas vontades poderosas se enfrentariam: a de Montgomery, ansioso por assustar a jovem para que ela abandonasse seu projeto de cantar para brutos mineradores e Maddie, que não queria a proteção de Ring, mas que teve que cumprir sua missão, sem confiar à verdade de tudo, para ele.
Capítulo Um
Colorado1859.
O coronel Harrison leu a carta pela segunda vez, se reclinou para trás na cadeira e sorriu. Um presente caído do céu, pensou. Isso era o único que podia dizer da carta; um presente caído do céu.
Só para comprovar que realmente dizia o que ele acreditava, voltou a lê-la.
O general Yovington emitira ordens de Washington, D.C. — de que o tenente L.K. Surrey tinha que deixar seu posto na Companhia J. de Segundos Dragões, para fazer uma missão especial. Mas como o tenente Surrey tinha morrido na semana anterior, o coronel Harrison teria que escolher outro oficial para cumprir a missão em seu lugar.
Desenhou-se um grande sorriso no rosto do coronel Harrison. Escolheria o capitão C. H. Montgomery para ocupar o lugar do tenente Surrey. Os serviços do tenente, definitivamente substituídos pelo capitão Montgomery, tinham sido "solicitados" para dar escolta a uma cantora de ópera estrangeira através dos campos auríferos do território do Colorado.
Tinha que permanecer com ela e com sua pequena banda de músicos e servos todo o tempo que a dama o necessite a seu lado. Tinha que protegê-la de qualquer perigo que pudesse espreitá-la no trajeto e fazer tudo o que estivesse a seu alcance para que sua viagem fosse prazerosa.
O coronel Harrison deixou a carta sobre a escrivaninha com tanto cuidado como se se tratasse de uma valiosa relíquia, e sorriu tão amplamente que seu rosto esteve a ponto de explodir.
Donzela a serviço de uma dama, pensou. O presunçoso capitão Montgomery ia receber a ordem de converter-se em uma simples donzela a serviço de uma dama. Mas, o que era mais importante ainda, ordenava ao capitão Montgomery que partisse do Forte Breck.
O coronel Harrison respirou fundo várias vezes e considerou a possibilidade que se apresentava dele mandar em seu próprio forte, e não ter que enfrentar a perfeição, e a insolente sabedoria do capitão Montgomery. Os homens já não olhariam para seu capitão para que ele confirmasse todas as ordens, e lhes desse permissão para fazer o que o coronel pedia.
O coronel Harrison rememorou sua chegada ao Forte Breck há um ano. Seu predecessor, o coronel Collins, tinha sido um velho tolo, ocioso e bêbado.
A única preocupação de Collins tinha sido sobreviver até que pudesse se retirar do serviço ativo, sair do território índio e retornar a Virginia onde viveria civilizadamente.
Estava muito contente de passar todas suas responsabilidades ao segundo em comando, o capitão Montgomery. E por que não? Teria que ver para acreditar na folha de serviços de Montgomery. Tinha ingressado no exército aos dezoito anos e durante os oito anos seguintes, vinha subindo de posto até alcançar a patente que ostentava nesse momento.
Tinha começado sua carreira como soldado raso e, depois de um extraordinário ato de arrojo e valentia no campo de batalha, tinha recebido o grau de oficial. Em três anos tinha passado de subtenente a capitão, e no passo que ia superaria em patente ao próprio coronel Harrison em poucos anos.
Isto não queria dizer que o homem não merecesse tudo o que tinha ganhado no exército. É mais, segundo o coronel, o capitão Montgomery era perfeito. Sob fogo inimigo era frio e jamais perdia a cabeça. Era generoso, justo e pormenorizado com os soldados, e por esta razão estavam virtualmente convencidos de que ele mandava no forte.
Os oficiais recorriam a ele para solucionar seus problemas; as esposas dos oficiais lhe adulavam e pediam conselho sobre os acontecimentos sociais. O capitão Montgomery não bebia, nem frequentava os prostíbulos fora do forte; nunca ninguém o tinha visto zangado, e era capaz de fazer qualquer coisa. Podia cavalgar como um demônio e, enquanto ia rapidamente deitado sobre o cavalo, disparava e acertava ao olho de um peru a cem metros de distância.
Conhecia a linguagem por sinais dos índios e falava algumas línguas indígenas. Diabos, se até os índios lhe tinham afeto, pois diziam que era um homem que podiam respeitar e em quem podiam confiar. Indubitavelmente, o capitão Montgomery morreria antes de romper sua palavra.
Todo mundo parecia apreciar, honrar, respeitar e até reverenciar o capitão Montgomery. Todos, salvo o coronel Harrison.
Série Montgomery Saga
1- O Leão Negro2- A Donzela
3- A Herdeira
4- O Corsário
5- A Duquesa e o Capitão
6- Eternidade