Série Os Proscritos
Uma jovem moça escocesa, ladra de gado, escolhe o animal errado para roubar e enrola-se com um laird que cura seu coração e doma seus modos selvagens.Criada por seu tio abusivo, Cristy Moffat fará qualquer coisa para impressionar seus primos musculosos, incluindo roubar o gado do vizinho... até que ela rouba o animal errado e é pega em flagrante pelo novo laird.
Brochan Macintosh está com as mãos ocupadas, consertando a casa da torre e criando seus gêmeos sem mãe. Mas quando seus planos de trocar Cristy por seu gado dão errado, ele se pergunta se ele quer trocá-la depois de tudo. Pode ele domar seus modos selvagens e dar a ela uma família para amar, e pode Cristy ser aquela a curar sua solidão?
Capítulo Um
Verão 1211, Dumfries, Escócia
Brighde sentiu a estrela se aproximando muito antes que alguém a visse no céu noturno.
Ela podia sentir isso da maneira como sentia o roçar de uma teia de aranha ou uma leve carícia de uma brisa, o distante zumbido de abelhas ou o delicado beijo da névoa da manhã. A cada setenta e cinco anos chegava. Como uma faísca da bigorna de um ferreiro, ela atravessou a noite negra. Durante vários dias, a estrela pairou no céu, se movendo perto da terra, iluminando montanhas e colinas.
Alguns temiam que ela caísse do céu e incendiasse o mundo, Brighde sabia que não, o curso da estrela nunca se desviava. Mas possuía uma magia singular — o poder da transformação. E esse poder era perigoso, pois poderia ser usado tanto para o bem quanto para o mal, alguns alegavam que a estrela trazia má sorte. Eles a culpavam por incêndios e inundações, fome e infelicidade, mas aqueles que acreditavam na bondade da estrela recebiam renascimento, renovação, redenção — uma chance de recomeçar.
Brighde sorriu enquanto jogava seus reluzentes cachos dourados por cima do ombro e pegou a bebida, enchendo o jarro de madeira do seu patrão com cerveja.
Duas almas perdidas cujos destinos seriam alterados pela estrela estavam prestes a cruzar o caminho de Brighde. Ela podia sentir isso em seus ossos. Um, a moça, chegaria mais tarde naquela noite. O outro já estava a caminho.
Ela virou-se para o velho soldado desdentado que atirara uma moeda por um gole e lhe deu um sorriso radiante.
— Aí tem, rapaz — ela cantou.
Se ele lhe jogou um olhar confuso por chamar de —rapaz— um homem que parecia ter o dobro da idade dela, ela não prestou muita atenção. Sua atenção estava centrada, não no soldado, mas na porta. Em outro momento, ele chegaria.
Brochan Macintosh não sabia realmente porque ele estava parando na pousada. Afinal, ele precisava chegar em casa e ver seus jovens filhos. Ele esteve longe por horas. E ele odiava deixar Colin e Cambel nas mãos de sua governanta já sobrecarregada.
Nas últimas semanas, ele havia habitado a casa da torre na propriedade que herdara de seu tio, o antigo Laird de Macintosh. Mas o velho laird deve ter ficado maluco ou sem dinheiro nos últimos anos, pois quando Brochan chegou, o castelo estava deserto e meio em ruínas.
Brochan estava ele mesmo fazendo a maioria dos reparos — consertando vazamentos no telhado, substituindo madeiras rachadas, reconstruindo escadas apodrecidas — enquanto seus dois servos fiéis varriam os juncos mofados, afastavam os ratos da despensa, mantinham a criadagem alimentada e cuidavam dos filhos dele.
O fato de cinco cabeças do seu gado, terem desaparecido na última semana, só aumentou a longa lista de problemas a serem resolvidos por Brochan. Ele procurou as vacas perdidas por horas hoje, vasculhando acres da floresta espessa que compunham a fronteira de sua propriedade, sem sucesso.
Talvez fosse por isso que ele sentia que merecia uma cerveja na estalagem da estrada antes de se arrastar para casa.
Jogando para trás o capuz de seu manto cinzento, ele se abaixou sob o telhado de palha e abriu a pesada porta. A pousada estava acolhedora, iluminada por velas de sebo e um fogo vivo de turfa. Ele acenou com a cabeça para o velho sentado à lareira, o único cidadão na pousada a essa hora. Então ele desamarrou o copo de madeira do cinto e se aproximou do bar.
Quando ele pousou a caneca, quase a derrubou, tão abalado ficou pela moça da taverna sorrindo para ele do outro lado. Ela era tão resplandecente quanto um anjo e tão bonita quanto uma deusa. Suas tranças douradas se derramavam como o mel sobre seu peito perfeito. Sua pele brilhava como se estivesse iluminada por dentro. Seu sorriso era tão sincero, puro e encantador quanto o de uma criança.
Mas isso não foi o que fez seu copo balançar no bar. Os olhos dela, como cristais raros, captavam a luz e a refletiam em tons mutáveis de verde e azul.
— Bom-dia — ela disse. — Eu sou Brighde, ao seu serviço. O que você deseja?
Sua voz era tão adorável quanto sua aparência. E, no entanto, ele não pôde deixar de compará-la àquela outra beleza, a que foi tirada dele. Nenhuma mulher jamais se compararia à sua adorável esposa, a mãe de seus filhos. Ela estava morta há cinco anos. Mas seu coração ainda doía quando ele pensava em seu rosto doce e sardento e seus olhos azul-celeste.
— Cerveja, por favor — ele disse calmamente.
Brighde pegou o copo dele e começou a enchê-lo pela torneira.