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22 de fevereiro de 2017

A Perfeita Fugitiva



Roslyn fez o impossível para fugir do inferno em que se convertera seu país por causa da perseguição dos cátaros.

Fugindo de seu passado, empreendeu uma longa viagem para as terras onde acreditava poder encontrar a paz que tanto necessitava. 
Mas seus inimigos estavam muito perto e não pararam seu empenho para fazê-la regressar.
Quando Alec McAlister, um dos lairds mais temidos da Escócia recebeu a notícia que havia estrangeiros em suas terras surpreendeu-se porque estavam ousando chegar tão próximos, mas ao sair em sua procura se encontrará com uma mulher envolvida em mistérios que cruzou o mar em busca de ajuda. Uma ajuda que ele estará disposto a lhe oferecer.

Capítulo Um

— Não há dúvidas que acamparam aqui.
Gabriel McDonald se abaixou em frente aos restos do que fora uma pequena fogueira. Agora, à luz do dia, somente ficavam as cinzas. As brasas que antes estiveram acesas eram somente pedaços de carvão negro. Sem dúvida os homens que ocuparam o improvisado acampamento haviam deixado arder os pequenos troncos até se consumirem, sem apagá-los com água ou terra.
Alec, o laird dos McAlister, passeava pelo limite do rio, observando a paisagem convencido de encontrar uma resposta para aquele assunto que o trouxera até ali. Olhou com atenção as águas enfurecidas que seguiam seu caminho depois do pronunciado salto que nascia nas íngremes rochas. O caudal não era pouco e se chocava com as grandes saliências de pedra, envolvendo-as com espuma branca que brotava diante de sua fúria. O rio, naquele lugar era longo e profundo, uma das fronteiras naturais que separava o clã McAlister dos dois clãs vizinhos: McDonald e McGregor. E era precisamente aquele lugar que fora testemunha e cenário de três violentas mortes.
O pequeno acampamento se encontrava ao lado de uma curva, onde o rio se adentrava na terra, rodeando-se de árvores e formando uma pequena clareira desobstruída, cujo elemento central era a fogueira que haviam encontrado.
Alec olhou ao seu homem de confiança, Iain. Enquanto coçava o forte queixo coberto por uma barba de dois dias, Iain permanecia de pé do outro lado da clareira, observando atentamente qualquer coisa que pudesse chamar sua atenção e os levasse a averiguar a identidade e o possível paradeiro dos assassinos daqueles ingleses.
Além desses três homens, uma dezena mais dos melhores guerreiros McDonald e McAlister observavam seus senhores. Cada um daqueles homens daria sem dúvida, a vida por seus líderes. Eram senhores poderosos.
O nome de Alec causava temor e admiração. O jovem laird demonstrava arrojo na batalha, mas tinha um caráter sombrio que incomodava ao próprio rei da Escócia. Por outro lado, Gabriel McDonald possuía, além de um grande sentido de humor, uma inteligência e astúcia quase sobrenaturais. E na sombra dos dois lairds se encontrava o diabo das Highlands: Iain. Ele era um homem a quem jamais se chegaria a conhecer, e um homem ao qual não se podia desafiar sem algumas consequências.
— Nada. — Gabriel McDonald se apressou a andar até o centro da clareira.
Alec seguiu seus passos aborrecido consigo mesmo por não encontrar uma resposta que parecia tão simples a princípio.
Naquela mesma manhã Gabriel aparecera na fortaleza McAlister sendo portador de estranhas notícias: Tinham sido encontrados três cadáveres na fronteira que delimitava ambos os clãs. Ninguém parecia ter visto nada, nem ouvido rumores sobre forasteiros naquelas terras altas.
Alec voltou a olhar de lado para Iain e o viu abaixar-se perto do fogo extinto, como Gabriel fizera antes. O temível guerreiro, seu melhor rastreador estava observando o terreno, as pegadas e os pequenos pontos de pressão sobre a terra, onde sem dúvida os homens deveriam ter permanecido dormindo antes de serem assassinados.
— Algo estranho? — Perguntou o laird McDonald. Iain assentiu e Gabriel se abaixou ao seu lado. — Aqui dormiu um homem.
Alec franziu o cenho. — E o que há de estranho nisso?
Iain ergueu as espessas sobrancelhas ruivas e Alec suspirou diante do gesto.
Como o silêncio de um homem podia exasperá-lo tanto era algo que Alec não podia compreender, contudo nada como as escassas palavras de Iain para impacientá-lo.
— É estranho Alec, porque há somente um.
— O que quer dizer?
— Bem, os três ingleses foram os atacantes ou nem sequer tiveram tempo de recostar-se para descansar quando aconteceu o ataque. Acredito mais no primeiro. — Assinalou o extremo da clareira a sua direita — Todas as pegadas se encontram ali. Vieram do sul.
— Ingleses. — Murmurou Gabriel.