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19 de março de 2017

A Promessa de um Cavaleiro




Separados pela guerra, unidos pelo amor!

Gaira sabe que não deve confiar no sombrio cavaleiro inglês que encontra nas ruínas do vilarejo onde sua irmã vivia. 
Porém, como seu mundo fora completamente devastado pela guerra, ela não tem escolha além de acompanhá-lo. 
Robert de Dent a levará a um lugar seguro… e nada mais! 
Mesmo que a coragem e a resiliência de Gaira façam esse temido guerreiro desejar protegê-la a todo custo, ele precisa se afastar. Mas tudo mudará quando Gaira descobrir a verdade sobre Robert!
Escócia

Abril de 1296
– Mais rápido, magrelinho, vamos lá, voando!
Gaira de Clan Colquhoun inclinou-se para a frente e abraçou o pescoço do cavalo roubado. Quanto tempo ela teria antes que seu noivo ou seus irmãos descobrissem em que direção ela havia fugido? Dois dias, três? Tempo apenas suficiente para chegar em segurança à casa de sua irmã.
Era impossível forçar o cavalo a aumentar o passo. O pobre suava em bicas e sua respiração estava ruidosa, em cadência com o galope veloz. Ela própria respirava no mesmo ritmo frenético.
Lá estava! Assim que chegasse à última colina estaria a salvo. Em segurança! E teria comida, cama e o acalento caloroso do conforto e conselhos de sua irmã.
Ela virou a cabeça para olhar para trás. Não havia sinal de perseguição. Seu coração ficou mais leve e ela relaxou um pouco as rédeas.
– Conseguimos, rapaz! Só um pouco mais e você terá uma lauta e merecida refeição!
Gaira sentiu o cheiro de fumaça antes de alcançar o topo da colina. Era uma mistura de fumaça amanhecida, queimada, muito calor, relva ressecada e animais em decomposição. O cavalo deu um passo para o lado e sacudiu a cabeça, agitado, mas ela reassumiu o controle e o conduziu até o topo do terreno elevado.
Foi então que se deparou com o horror no vale logo abaixo. Sentindo-se fraca, deixou-se cair sobre o pescoço do cavalo e escorregou da sela. O tornozelo esquerdo torceu-se sob o peso de seu corpo quando o pé tocou o chão, mas Gaira não sentiu dor enquanto punha para fora o desjejum de bolinhos de aveia e água. Em seguida, com o estômago vazio, sentiu as palmas das mãos ásperas de terra e a relva seca estalando sob os joelhos. O cavalo não estava mais ali.
Ela se levantou, respirou fundo e tossiu. Não era de gado em decomposição o cheiro que sentia, mas de cabelo queimado e carne humana carbonizada.
O odor fétido era tudo o que restava do vilarejo em que sua irmã morava. As choupanas dos arrendatários pareciam carcaças vazias e enegrecidas. Não havia mais telhados, nem paredes, apenas estruturas queimadas sendo consumidas pelos derradeiros focos de chamas.
O vale inteiro parecia ter sido atingido por uma bola de fogo que transformara as choupanas em meras armações de gravetos. Enormes redemoinhos retorcidos de fumaça preta subiam em anéis espessos para o ar e desapareciam no céu claro da manhã.
O silêncio era opressivo. Não havia canto de pássaros, nem farfalhar de folhas nas árvores, nem zumbido de insetos. Todos os sons da Escócia pareciam ter sido sugados pelo ar parado.
Por alguns segundos, o coração de Gaira parou de bater e ela parou de respirar. Irvette. Sua irmã. Talvez ela não estivesse em casa quando aquela desgraça acontecera. Não queria pensar. Forçando-se a andar, tropeçou quando seu pé virou. Não conseguiria descer a encosta com aquele tornozelo machucado.
Olhou por sobre o ombro. O cavalo estava na beirada do morro, assustado com o calor e o cheiro pungente e ardido; Gaira sabia que seria inútil chamá-lo, ele não viria.
Abaixando-se e apoiando-se nas mãos e nos joelhos, ela engatinhou de costas em direção ao vale. Lufadas de calor trazidas pelo vento agitavam sua túnica e as calças largas de montaria. Ela tossiu quando a fumaça lhe atingiu o rosto. Quando chegou ao sopé da colina, ficou em pé, tirou o pequeno chapéu marrom que usava e cobriu com ele a boca e o nariz.
Seus olhos esquadrinharam toda a área devastada, enquanto ela tentava assimilar o que via. Placas de sapé, tábuas de madeira e móveis estavam espalhados pelas passagens entre as choupanas, mas não era só isso…