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9 de maio de 2009

A Senhora do Lago






Inglaterra, 889 d.C.

Princesa e sacerdotisa do povo da Floresta de Arden, Virna ap Griffin não podia ser tocada por homem algum. Contudo, teve de se submeter à vontade do rei,
tornando-se esposa de Edon Halfdansson,
atraente guerreiro dos odiados vikings!
E foi no leito nupcial que Virna realizou sua vingança, enfeitiçando Edon com seus misteriosos encantos...
Mas seu poder era bruxaria ou magia de amor eterno?


Capítulo Um

Verão de 889 D.C.

Décimo primeiro ano do reinado de
Alfred de Wessex, Mércia.
Venn ap Griffin, príncipe de Leam, seguiu silenciosamente a irmã pela trilha que subia para o mirante das Sete Irmãs, de onde se descortinava o vale de Avon.As rochas se projetavam para fora da terra, na extremidade da floresta.
Nem ele nem a irmã, Virna, podiam decifrar os símbolos do alfabeto ogham entalhados nas pedras, embora estivessem bastante familiarizados com o latim das abadias e do tribunal de seu primo e guardião, o rei Alfred.

Venn fez um gesto para Virna, instando que saltasse para a plataforma mais alta.Ela estendeu-se sobre a pedra aquecida pelo sol e puxou o manto sobre os cabelos cor de fogo, para ocultá-los.Bem abaixo, a floresta terminava na confluência dos rios Avon e o poeirento Leam.
Naquela época do ano, o Leam deveria fluir, profundo e ligeiro, alimentando o Avon.Mas nenhuma chuva caíra desde Beltane, em primeiro de maio.
Os deuses estavam infelizes e a terra, em tumulto. Os velhos espíritos lutavam contra os novos para decidir quem dominaria o mundo dos homens.As pessoas, confusas, não sabiam a quem dirigir suas súplicas para abrandar tão amarga seca.
—Diga-me, irmãozinho, que preço você pediu por Taliesin, o Branco, no mercado de Warwick? — Virna rompeu o silêncio depois de se acomodar na pedra.
—Taliesin é um cavalo valioso, cheio de espírito e coragem. Eu pedi cem marcos de ouro, mas um dinamarquês quis roubar-me, oferecendo vinte e seis míseros sacos de grãos mofados do ano passado.
—Seis sacos de grãos já seria muito. —Virna estudou o perfil de Venn, que esquadrinhava atentamente o ressequido vale.
— Pelo que conheço dos viquingues, talvez me pagassem com seis sacos de pedras— Venn replicou desdenhosamente.— Eu não queria ser enganado nem fazer um mau negócio.—Ah, entendo.— Virna balançou a cabeça. O irmão prezava o cavalo branco e não queria realmente vendê-lo.
—Mas não haverá problema algum. Eu posso levá-lo para pastar no campo mais distante.
— Cavalos fortes comem aveia e grama —Virna ponderou ,— como as vacas e as ovelhas. Eles não querem folhas secas de carvalho e samambaia. Nós não teremos como mantê-lo se a seca continuar.
—Eu sei o que fazer para acabar com a seca —Venn retrucou.
Virna lançou um olhar arguto ao perfil bem talhado do irmão. Venn não passava de um menino, e se deixava influenciar com facilidade pelos velhos da floresta de Arden.
—Eu não quero que você dê ouvidos ao que Tegwin diz. Não acredite em suas profecias tolas, meu querido.
—Esse é um assunto para homens — o rapaz rebateu em tom peremptório.— Portanto, não é da conta das mulheres.
—Queira desculpar-me, alteza. — Virna franziu o cenho, o que tinha o poder de acabar com a arrogância de seu jovem irmão.
—Você fará o que eu mandar, Venn ap Griffin!