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2 de outubro de 2011

A Virgem Traída





Ela só tinha a força de sua paixão...

Miles Raven era um astro ascendente na sofisticada corte dos Tudor, em Londres.

Entretanto, isso pouco significava no norte do país, especialmente para Glória Mallory, recém-saída do claustro e desejosa de conhecer tudo que a vida podia lhe oferecer.

Criada num convento, Glória pouco sabia a respeito do mundo, e menos ainda dos homens.


Miles parecia honrado, mas era por demais atraente e perigosamente sedutor, capaz de tentar a mais virtuosa das donzelas...

Capítulo Um

Sir Miles Raven praguejou eloqüentemente ao dirigir a montaria escarpa acima da baía Budle.
A intensidade da chuva gelada aumentava a ponto de gotas escorregarem pelo seu pescoço entre a aba do chapéu e a gola de pele da capa.
A primavera jamais chegaria ao norte?
O fim de abril já se aproximava e ali fazia mais frio do que em Sussex em janeiro. Estradas lamacentas e riachos transbordantes, que haviam atrasado sua viagem por um mês, agora o impediam de alcançar o priorado de Kyloe essa tarde.
A única alternativa seria procurar abrigo para si mesmo e para a montaria. Devagar, desviou o olhar da baía.
A neblina tornava difícil distinguir muita coisa, mas ele teve a impressão de vislumbrar uma casa aninhada no promontório acima da baía.
Teria de se contentar com ela.
Estalou a língua para Cloud, o garanhão cinzento, e reencetou a cavalgada sob a chuva inclemente.
Cercas de pedra ladeavam a estrada até, a casa construída do mesmo material.
A direita e um pouco afastado, havia um estábulo.
Apesar da pressa em escapar da chuva gelada, Miles notou o estado de abandono da propriedade.
As vidraças estavam baças de sujeira e, no segundo andar, uma delas coberta por tábuas, parecia um olho cego.
Uma outra, no térreo, estava quebrada e pilhas de lixo acumulavam-se no jardim.
Ninguém atendeu à primeira batida na porta.
Nem à segunda. Miles teria desistido se não houvesse escutado o choro de um bebê e a voz que o acalentava vindos pela janela quebrada.
Convencido de que a casa era habitada, esmurrou a porta fazendo barulho suficiente para acordar até os mortos.
Não pretendia continuar se enredando enquanto os moradores dali mantinham-se abrigados.
Essas pessoas do norte não tinham noção de hospitalidade?, indagou-se.
Finalmente, a porta entreabriu-se apenas o bastante para mostrar um olhar desconfiado.
Um instante depois, Miles ouviu o ranger das dobradiças e deparou-se com um homem de expressão astuta.
― Boa tarde. Sou sir Miles Raven. Gostaria de lhe pedir o favor de me oferecer abrigo contra o mau tempo. Esta chuva amaldiçoada está gelada!
Como se tentasse encontrar palavras para recusar o pedido, o homem continuou a observá-lo.
— O estábulo está muito bom, pois não pretendo me demorar. Tão logo a chuva amaine um pouco, vou continuar minha viagem. Quero chegar ao convento Kyloe antes do anoitecer, se for possível — declarou Miles em tom ríspido.
— Ora, não precisa se aborrecer — apaziguou o homem no sotaque carregado da Northumbria e aparentando ter se decidido.
— O senhor é muito bem-vindo em minha casa. Hesitei porque quase nunca vemos cavalheiros finos do sul por aqui. Meu nome é George Brunt. Ned vai levar sua montaria ao estábulo — disse referindo-se a um menino de olhar curioso e cujo rosto fino indicava ser filho do dono da casa.
Este, numa afabilidade repentina, conduziu Miles pelo vestíbulo mal iluminado e ofereceu-lhe uma cadeira junto à lareira.
Se a parte externa da casa revelava abandono, o interior não escondia o deleixo.
Camadas de poeira cobriam todas as superfícies horizontais, teias de aranha pendiam pelos cantos das paredes e, no tapete imundo e esfiapado, espalhavam-se cacos de cerâmica.
— Mag!

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