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22 de setembro de 2011

Acorda Coração











André Davignac é um homem que passou dez anos a viajar pelo mundo, desiludido com a mulher que amara e manchado por um escândalo.

Agora, de volta a sua terra natal, encontra a paz que buscava em um doce refúgio na Normandia e a certeza de que voltará a ser feliz ao encontrar a jovem e batalhadora Antonieta.

Comentários da revisora: A história é linda e achei interessante o fato de o protagonista ser homem (em vez das tradicionais "mocinhas").
Meu maior motivo de tristeza foi ao ler dados sobre a autora, cuja obra é classificada de fútil, kitsch e sem valor estético. Total injustiça.

Capítulo Um

Quando o trem penetrou nessa região da Normandia, cujo encanto nobre e gracioso impressiona sempre os que a atravessam, o viajante solitário que ocupava um compartimento de primeira classe, levantou-se e ficou de pé, junto de uma das vidraças, contemplando a paisagem.
Bruscamente, a linha meteu-se no meio de um bosque cerrado, em que as faias e os carvalhos alternavam com os pinheiros de perfume resinoso e balsâmico.
Em dado momento, o viajante pôde entrever, graças a uma clareira, um belo edifício de estilo Renascença, que surgiu de entre a ramaria como um verdadeiro castelo de fadas, para logo desaparecer, oculto pela sombria cortina do arvoredo.
O viajante suspirou e tornou a sentar-se no banco, aconchegando-se nas almofadas.
Ali, pensava ele, poderia, talvez, recobrar a paz.
Essa paisagem calma e magnífica agiria como um bálsamo sobre o seu pobre coração despedaçado.
E, no rosto queimado e enérgico, o olhar cinzento iluminou-se.
Os traços fisionômicos do viajante não eram de uma regularidade clássica, mas, no entanto, uma testa alta, reveladora de grande inteligência e uns grandes e melancólicos olhos cinzentos, tornavam singularmente atraente o seu rosto ao mesmo tempo firme e bondoso, que uma certa expressão de resignação e de tristeza ainda mais enobrecia.
O desconhecido vestia um terno de viagem cinzento escuro e, até nos mais insignificantes detalhes, todo o seu vestuário revelava um gosto sóbrio e seguro, conseguindo evitar, com inteira felicidade, o efeito desastroso duma
nota gritante e a fácil mediocridade que tantas vezes resulta do excesso contrário.
Ficou alguns momentos mergulhado nas suas meditações, depois levantou-se, tirou da rede a maleta e dela um mapa da França.
Desdobrou-o, estendeu-o sobre os joelhos c principiou a examiná-lo atentamente.
Partira de Paris sem fim determinado, empreendendo essa viagem simplesmente para mergulhar na doçura da sua Normandia natal e nela aurir novas forças para continuar uma existência despedaçada.
Mas essa peregrinação sem rumo certo tinha, há minutos, encontrado um fim.
Quase todos os viajantes haviam descido em Rouen.
Meia hora antes ele hesitara um momento em lhes seguir o exemplo, mas, sem saber por que, resolvera continuar a viagem.

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