Uma criança de rua.
Um casal com amor no coração.
Um Natal quente e maravilhoso.
Londres, dezembro de 1820
Capítulo Um
O estômago de Lucy retumbou ruidosamente quando ela sentou-se no frio chão de madeira irregular da pensão. Jem sentou-se à sua esquerda. O outro menino sentou-se à sua direita. As três crianças aguardavam instruções de Driskell. Ou melhor, senhora Driskell. Mesmo aos seis anos de idade, Lucy não demorou muito para entender que a Sra. Driskell era o verdadeiro poder nesta casa. Ela falava e todos seguiam suas ordens, do marido ao membro mais baixo do bando de ladrões. A Sra. Driskell não era nada gentil com as garotas que trabalhavam na casa. Lucy ainda não entendia exatamente o que elas faziam pelo trabalho, mas sabia que isso envolvia tirar a roupa e fazer muito barulho.
Ela podia ouvir as meninas gritando às vezes. Os homens também, que foram para os quartos do andar de cima com elas. Andando pelo corredor tarde da noite, Lucy ouvia o chiado dos colchões e se perguntava por que os homens pagavam à Sra. Driskell para deixá-los pular nas camas com mulheres nuas. Jem, que era dois anos mais velho que Lucy, disse que os homens faziam mais do que pular na cama, mas ele não contou a ela exatamente o que acontecia. Ela ouviu Driskell falando uma vez sobre os ossos de uma mulher gostar de ser sacudido, mas não viu
como isso poderia funcionar. Perguntar a Boy não seria bom.
Ele tinha dez anos, mas nunca disse uma palavra. Ninguém sabia o nome dele, e era por isso que ele se chamava Boy. Ele conseguia entender o que era dito, mas não conseguia ou não queria falar. Jem disse que o pai de Boy havia lhe cortado a língua, mas Lucy não acreditava nisso porque ela viu Boy dar língua a Sra. Driskell quando mulher deu as costas da uma vez. Ela riu, algo que não conseguia se lembrar de fazer há muito tempo. A Sra. Driskell havia girado e espancado Lucy sem sentido.
Ela nem sequer pensou em rir mais.