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17 de dezembro de 2019

Alguém para Cuidar

Série Westcott
Uma vez que a Condessa de Riverdale, Viola Kingsley joga toda a cautela ao vento quando a aventura chama na forma de um aristocrata bonito…

Dois anos após a morte do Conde de Riverdale, sua família superou a vergonha de ser despojada de seus títulos e fortuna – exceto por sua antiga condessa, Viola. Com seus filhos crescidos e ela mesma não faz mais parte do turbilhão social da cidade, ela não sabe onde buscar a felicidade – até que, quase por acidente, seu caminho se cruza novamente com o do Marquês de Dorchester, Marcel Lamarr. Marcel Lamarr tem sido um notório mulherengo desde a morte de sua esposa, quase vinte anos antes. Viola chamou sua atenção quando ela mesma era uma jovem mãe, mas que evitou sua sedução na época.
Um prêmio que lhe escapou antes, ela é ainda mais irresistível para ele agora, embora ele fique surpreso ao descobrir que ela está tão ansiosa agora pela excitação que ele oferece quanto ele próprio. Quando os dois desafiam a convenção e fogem juntos, descobrem que os laços de respeitabilidade não são tão facilmente cortados, e o prazer pode enredá-lo quando menos se espera.

Capítulo Um

Marcel Lamarr, marquês de Dorchester, não ficou nada satisfeito quando sua carruagem voltou-se abruptamente para o pátio de uma pousada campestre vulgar, à beira de uma aldeia rural vulgar, e parou. Ele deixou evidente seu desgosto, não com palavras, mas sim através de um olhar frio e duro, com o monóculo parcialmente sobre um olho, quando o cocheiro abriu a porta e espreitou para dentro, em tom de desculpa.
— Um dos líderes está com uma ferradura solta, meu senhor. — explicou ele.
— Você não verificou se tudo estava em ordem quando paramos para uma troca de cavalos uma hora atrás? — perguntou sua senhoria. Mas ele não esperou por uma resposta. — Quanto tempo?
Seu cocheiro olhou inseguro a estalagem e os estábulos, dos quais nenhum cavalariço ou ajudante de estrebaria ainda emergira ansiosamente correndo em seu auxílio.
— Não muito, meu senhor. — Assegurou ao seu empregador.
— Uma resposta firme e precisa. — Disse sua senhoria secamente, abaixando o monóculo. — Vamos dizer uma hora? E nem um momento mais? Enquanto esperamos vamos entrar e provar a qualidade da cerveja servida aqui, André. — Seu tom sugeriu que não se esperava impressionar.
— Um copo ou dois não cairão mal — respondeu seu irmão André, alegremente. — Faz um bom tempo desde o café da manhã. Eu nunca entendi por que você sempre tem que partir cedo e depois permanecer obstinadamente dentro da carruagem quando os cavalos estão sendo trocados.
A qualidade da cerveja de fato não impressionava, mas a quantidade não podia ser discutida. Era servida em grandes canecas que transbordavam, deixando anéis molhados sobre à mesa. Quantidade talvez fizesse a fama da pousada. 
O proprietário, espontaneamente, trouxe-lhes pastéis de carne fresca que enchiam os dois pratos e até pendiam das bordas. Tinham sido assados pela esposa, informou ele, curvando-se e sorrindo ao fazê-lo, embora sua senhoria não lhe desse nenhum encorajamento além de um frio e indiferente aceno de cabeça. 
A boa mulher aparentemente fazia os melhores pastéis de carne e, de fato, as melhores tortas de todos e quaisquer tipos, por vinte milhas ao redor, provavelmente mais, embora o orgulhoso marido não quisesse dar a impressão de ser arrogante em alardear elogios à esposa. 
Suas senhorias deveriam julgar por si mesmos, embora não tivesse dúvida de que concordariam com ele e talvez até sugerissem que eram os melhores de toda a Inglaterra — possivelmente até no País de Gales, Escócia e Irlanda também. Ele não ficaria surpreso. Suas senhorias já viajaram para essas regiões remotas? Ele tinha escutado…
Eles foram salvos de terem que ouvir o que quer que o homem tivesse escutado, quando a porta da taverna se abriu e um trio de pessoas, seguido quase imediatamente por um fluxo constante de outras pessoas, entrou na sala. Eles eram presumivelmente aldeões, todos vestidos com suas melhores roupas de domingo, embora não fosse domingo. Todos alegres e barulhentos em suas saudações ao senhorio e um ao outro. Todos estavam tão secos quanto o deserto e tão vazios quanto a tigela de um mendigo faminto — de acordo com o mais barulhento deles — e precisavam de sustento na forma de cerveja e pastéis, não estando longe do meio-dia e as festividades do dia começariam dentro de uma hora ou mais ainda. Eles esperavam ficar satisfeitos pelo resto do dia assim que as festividades começassem, é claro, mas no ínterim…
Mas alguém naquele momento — com um coro de apressada concordância de todos os outros — lembrou-se de assegurar ao anfitrião que nada poderia comparar-se com a comida de sua esposa. Era por isso que eles estavam ali.
Cada um dos recém-chegados percebeu rapidamente que havia dois estranhos no meio deles. Alguns desviaram os olhos em alguma confusão e correram para se sentar em mesas tão distantes dos estranhos quanto o tamanho da sala permitia. Outros, um pouco mais ousados, assentiram respeitosamente enquanto tomavam seus lugares. 
Uma alma corajosa falou com a esperança de que os senhores tivessem chegado para desfrutar dos entretenimentos que sua humilde aldeia teria em oferta pelo resto do dia. A sala ficou silenciosa quando todas as atenções se voltaram para os senhores, antecipando uma resposta.
O Marquês de Dorchester, que não sabia o nome da aldeia nem se importava, olhou para a taverna escura e surrada com desagrado e ignorou a todos. Era possível que ele nem tivesse ouvido a pergunta ou percebido o silêncio. Seu irmão, social por natureza, e mais disposto a se deliciar com qualquer novidade que se apresentasse, assentiu amavelmente ao grupo e fez a inevitável pergunta.
— E que entretenimentos seriam estes? — Perguntou ele.
Era o encorajamento de que as pessoas ali reunidas precisavam. Eles celebrariam o fim da colheita com todo tipo de competições — canto, violino, dança, queda de braço, tiro com arco, serragem de troncos, isso apenas para citar algumas. Haveria corridas para as crianças e passeios de pônei e concursos de costura e culinária para as mulheres. E exibições de produtos de colheita, era óbvio, e prêmios para os melhores. Haveria algo para todos. E todos os tipos de tendas com tudo o que se poderia desejar para gastar o dinheiro. A maioria dos produtos da colheita e itens femininos deveriam ser vendidos ou leiloados após a apreciação.
Haveria uma grande festa no salão da igreja no fim da tarde, antes da dança à noite. Todos os rendimentos do dia iriam para um fundo para o concerto do telhado da igreja.
O telhado da igreja aparentemente vazava como uma peneira sempre que havia uma boa chuva, e apenas cinco ou seis dos bancos eram seguros para se sentar. Eles ficavam lotados em dias chuvosos.
— Não que alguns dos nossos jovens se queixem muito quanto à aglomeração. — Alguém acrescentou.
— Alguns deles rezam toda a semana pela chuva no domingo. — Esclareceu outro.
André Lamarr juntou-se à gargalhada geral que sucedeu a estes gracejos.
— Talvez nós fiquemos uma ou duas horas para assistirmos a algumas das competições — disse ele. — Serrar troncos, você disse? E queda de braço? Eu posso até participar também.