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6 de janeiro de 2009

As Duas Vidas de Adrienne



O Duque Alessandro di Montefiore precisava consumar aquele casamento arranjado.

Mas não confiava em sua esposa: Isabella era famosa em Siena tanto por sua beleza quanto por sua maldade!
Contudo, na noite de núpcias, quando ela o fitou com um misto de vergonha e desejo em seus olhos ardentes, Alessandro decidiu arriscar a própria vida pela promessa de alucinantes momentos de paixão...
O destino levara Adrienne de Beaufort em uma viagem através do tempo e a fizera encarnar no corpo de sua ancestral Isabella Pulcinelli — mulher marcada pela perfídia e pela traíção.
Sua alma, porém, não se alterara, e só Adrienne poderia evitar a tragédia que rondava Alessandro: a morte pelas mãos da cruel Isabella!

Capítulo Um

Normandia, França Março de 1794

Embora sentisse o calor do sol às suas costas, Adrienne estremeceu com um arrepio.
A noite que passara em claro afetara-lhe os nervos.
Enfiou as mãos nos bolsos do calção que um dos cavalariços esquecera no estábulo e perambulou pela vereda, relutando em retomar ao castelo. Lá, paredes frias e salões vazios a aguardavam.
Todos os criados já haviam partido.
Sua missão correra a contento, mas, a despeito do alívio que sentia, Adrienne ainda estava agitada.
A cada vez que se postara na praia, olhando o barco de pesca do velho Pai Duroc levar um grupo de fugitivos, ela experimentara um calafrio de medo e apreensão.
Bem que tentara a todo custo ignorar o próprio nervosismo.
Afinal, havia muito que aprendera a ignorar coisas que não podia mudar.
No entanto, nunca chegara a alcançar pleno êxito. Em vez de indiferença, tudo o que conquistara fora o conformismo.
Adrienne massageou a nuca para aliviar os músculos doloridos.
Enquanto ia caminhando, chutava aqui e ali os pedre­gulhos que surgiam na terra revolvida pela tempestade ocorrida dois dias antes.
Sua boca generosa, de lábios cheios e muito vermelhos, curvou-se num melancólico sorriso quando ela se recordou de como a mãe insistira em ordenar que aquele caminho fosse aberto em uma trilha ondulante.
Adrienne suspirou e apertou os olhos para não chorar.
Um súbito ruído fez com que ela se virasse instintivamente.
Firmou a vista. Mas tudo continuava igual: árvores e arbustos despidos de folhagem espalhavam-se pelo parque abandonado.
Outra vez o ruído...