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19 de janeiro de 2014

Amor e Obsessão

Determinada a esquecer um passado de amarguras e a começar uma nova vida, Constanza Smythe deixa sua terra natal, a Inglaterra, e aceita um emprego de professora na América, mas acaba sendo alvo das atenções de dois homens. 

Ao conhecê-la, Edward Teache, o infame pirata conhecido como Barba Negra, se dispõe a fazer qualquer coisa, seja dentro ou fora da lei, para torná-la sua noiva.
Porém, as mãos do destino, põe em seu caminho, Lucian Blackwell, um fazendeiro da Carolina do Norte, que se apaixona por Constanza e está determinado a protegê-la das garras do mais terrível pirata de todos os tempos...

Capítulo Um

Julho de 1718
Não posso deixá-lo me atacar outra vez. Estou ficando louca com isso.
O enorme punho do pai atingiu seu rosto. A dor explodiu, os joelhos fraquejaram, e ela caiu no chão com a força do impacto. Atordoada, ergueu a mão, olhando com horror para o pai, sentindo crescer uma equimose na bochecha.
Os dedos dele eram redondos como salsichas, as mãos de um açougueiro, não as de um cirurgião.
— Odeio você e sua maldita irmã, e sim, também o menino — ele rosnou. — Lamento o dia em que dormi com sua mãe. Ela se foi e me deixou com o quê? Um coração que não vai se consertar e três bocas para alimentar. E eu lhe pergunto, como isso pode ser justo?
Constanza ergueu lentamente a cabeça, esperando não sofrer uma vertigem. Olhou para fora, onde o sol começava a nascer. Se contasse ao pai o que realmente lhe passava pela cabeça, aquilo se transformaria em uma briga maior, envolvendo a todos. 
Em breve Kitty e William estariam ali, e então iriam se deparar com aquela cena. Ordenou a si mesma para se controlar, para não dizer nada. Mas como gostaria de poder dizer que pai bêbado e maldito ele era...
Com muito esforço, forçou uma aparência de calma no rosto.
— O senhor terá pacientes em menos de duas horas e apenas acabou de voltar para casa. Sugiro que descanse um pouco, ou iremos virar o dia sem dinheiro algum.
Constanza acordou do sonho e olhou em volta. Tinha trocado um pesadelo por outro, pensou.
Observou o interior do navio, a parte onde estavam as pessoas. Conforme a embarcação cortava as ondas, cada táboa de madeira rangia em protesto. Uma menina de uns seis anos buscava refugio nos braços da mãe; o pai havia falecido no dia anterior. 
Constanza notou a mãozinha cobrindo a boca, numa tentativa desesperada de não aspirar o cheiro fétido que impregnava o ar.
O som de tiros explodiu nas proximidades, tão perto que ensurdeceu Constanza por um momento. Ela endireitou o corpo e começou a abrir e fechar a boca, enquanto enfiava os dedos nos ouvidos em uma tola tentativa para restaurar a audição.
Olhou para a esquerda, à procura da irmã. Katrina estava bem a seu lado, como sempre acontecia desde que a menina nascera.
— Onde está William? — perguntou.
Katrina balançou a cabeça.
— Não sei onde ele se meteu.
Constanza levantou-se e lutou contra a constante sensação de tontura, que sempre ocorria pela manhã após uma noite inteira sendo sacudida de lá para cá no bergantim.
Uma vez que a tontura diminuiu, suas narinas sofreram o inevitável ataque. O fedor, o miasma inevitável da miséria humana. 
Os futuros colonizadores estavam enfiados em meio a caixotes de conteúdo desconhecido. O cheiro, uma mistura originada de falta de higiene pessoal com o vômito daqueles que ainda não haviam se adaptado ao balanço do navio, apresentava-se como um verdadeiro caldeirão de peste.
Constanza abriu caminho em meio àquele mar de corpos, tentando não deter o olhar nos mortos e nos moribundos.
O pensamento foi inevitável.
Que decisão fora aquela? América? Oh, Deus!