Dançando com o perigo. Lady Katerina de Dauntsey havia fugido.
Disfarçada de dançarina de uma trupe itinerante, esconde segredos atrás de uma máscara.
Entretanto, quando seu ato hipnotizante atrai a atenção da rainha Isabella, o passado de Katerina volta a assombrá-la.
O nobre Lussac de Belbigny está abismado com a coragem da bela acrobata de cabelos ruivos.
Consumido pelo desejo de vingança, o cavaleiro não vai deixar ninguém cruzar o seu caminho. Mas há algo na misteriosa Katerina que faz o seu coração partido bater mais forte...
Capítulo Um
Costa Leste, Inglaterra — Setembro de 1326
— Sucesso? — Waleran perguntou, suavemente, estufando o estômago.
Do topo da rampa, Katerina sorriu para seu amigo, a boca se curvando generosamente no seu rosto em formato de coração, e levantou sua sacola de lona pesada.
— Sucesso — respondeu ela, guardando o estilingue de volta na sacola. Desceu o caminho através das árvores, as cores sombrias de suas roupas de menino se misturando com a vegetação ao redor. Roupas largas e sem forma, que camuflavam seu verdadeiro sexo. Seu estômago roncou diante da perspectiva de comer coelho assado no café da manhã; e a última vez que comera carne tinha sido três dias atrás. Desde então, eles vinham aumentando os últimos farelos de um saco de aveia, colocando água e cozinhando para fazer um mingau fraco. John ficaria satisfeito com eles; o coelho era gordo o bastante para alimentar pelo menos metade da trupe circense.
— Venha, vamos. — Waleran ergueu seu corpo magro e forte, o orvalho escurecendo sua túnica remendada.
— Ainda é cedo. — Katerina inclinou a cabeça de lado, sorrindo; seus olhos acinzentados brilhando. O sol espreitava acima do horizonte, uma fresta de luz dourada batendo nos troncos brancos dos vidoeiros, tocando mechas de cabelos castanhos que saíam para fora de seu capuz. Ela bateu no volume em sua sacola. — Estes coelhos irão alimentar apenas metade de nós.
Waleran se moveu, desconfortavelmente, arqueando os ombros.
— Eu não quero arriscar, Katerina. Mesmo a esta hora, os homens do conde podem estar por aí. Eu não quero ser pego caçando ilegalmente.
Katerina bufou.
— E quando nós fomos pegos, alguma vez? Duvido que ele sinta a falta de alguns coelhos de suas vastas terras.
— Por que não voltamos para o acampamento ao longo da praia? — sugeriu Waleran. — Pelo menos, os peixes são de graça.
— Certo, Waleran. — Katerina enganchou seu braço no dele. — Nós faremos isso do seu jeito, esta manhã. Coelho assado e peixe, o que poderia ser melhor? — Ela levantou as mãos pequenas, a fim de puxar o capuz mais para a frente, obscurecendo a cor brilhante de seus cabelos.
Uma expressão divertida surgiu nos olhos estreitos de Waleran.
— Você esqueceu? — Ele olhou, de maneira significativa, para os braços unidos deles. — Dois garotos de braços dados certamente chamam atenção.
— Oh! — Katerina bateu uma mão na boca. Sua risada ecoou, doce e clara, entre as árvores, contra a leve brisa movendo folhas ocasionais dos galhos acima de suas cabeças.
— Perdoe-me, eu às vezes esqueço.
— Isso é para sua própria segurança, Katerina. — Waleran sorriu-lhe, seu olhar suave. Quem poderia ter imaginado?, pensou ele, enquanto eles andavam através da floresta, mergulhados num silêncio amigável, chutando folhas secas.
— Isso é para sua própria segurança, Katerina. — Waleran sorriu-lhe, seu olhar suave. Quem poderia ter imaginado?, pensou ele, enquanto eles andavam através da floresta, mergulhados num silêncio amigável, chutando folhas secas.
A filha de um lorde, não menos, agora rebaixada ao nível de uma acrobata comum. Nenhum dos outros artistas, os malabaristas e palhaços, os outros acrobatas, ninguém do grupo tinha ideia de quem ela era, de onde ela vinha. Tudo que ela queria era um lugar para se esconder, para desaparecer.
Perto da praia, as árvores da floresta se tornavam mais esparsas; o som das ondas quebrando contra ripas de madeira, então voltando para se lançarem para a frente mais uma vez, chegou aos ouvidos deles. Os pinheiros inclinados na extremidade da floresta deram lugar a abrunheiros baixos, arbustos se espalhando ao longo da areia.
Perto da praia, as árvores da floresta se tornavam mais esparsas; o som das ondas quebrando contra ripas de madeira, então voltando para se lançarem para a frente mais uma vez, chegou aos ouvidos deles. Os pinheiros inclinados na extremidade da floresta deram lugar a abrunheiros baixos, arbustos se espalhando ao longo da areia.
O vento soprava do leste, forte e ligeiro, diretamente das vastas planícies dos países ao norte, e Katerina envolveu os braços ao redor de si mesma, contra a sensação cortante que atravessava sua túnica esfarrapada e sua combinação velha. Com olhos lacrimejando por causa do vento, ela virou-se em direção à expansão do estuário do rio, pântanos de sal divididos por riachos fundos e lamacentos, um imenso monte de alagadiço, salpicado com pássaros acinzentados, seus bicos amarelos brilhando contra a lama de cor parda.
Descendo em direção ao pântano de sal, eles começaram a se dirigir para a praia, para as ondas que batiam na areia em espumas brancas e abundantes. À esquerda deles, penhascos baixos, cobertos de grama, começavam a se erguer: flancos arenosos cor de âmbar marcados com barro.
Descendo em direção ao pântano de sal, eles começaram a se dirigir para a praia, para as ondas que batiam na areia em espumas brancas e abundantes. À esquerda deles, penhascos baixos, cobertos de grama, começavam a se erguer: flancos arenosos cor de âmbar marcados com barro.
O vento batia na capa de Katerina, enquanto eles rodeavam a base de um penhasco para chegarem à próxima baía, Waleran andando um pouco na frente dela, fazendo o papel de seu protetor, como sempre. Ele parou subitamente, de modo abrupto, levando um braço para trás, a fim de deter Katerina.
— O que foi? — perguntou ela, confusa pela parada inesperada dele.
E então ela viu.
Mais à frente na costa, banhada no brilho alaranjado da manhã, uma frota de aproximadamente trinta navios estava agrupada na praia, suas velas quadradas coloridas balançando no vento.
— O que foi? — perguntou ela, confusa pela parada inesperada dele.
E então ela viu.
Mais à frente na costa, banhada no brilho alaranjado da manhã, uma frota de aproximadamente trinta navios estava agrupada na praia, suas velas quadradas coloridas balançando no vento.
Cavalos de guerra brilhantes e musculosos, seus olhos assustados diante da perspectiva de entrar na água, estavam sendo conduzidos para rampas de madeira abaixo, puxados por suas rédeas, ao longo das ondas espumantes, para a praia.
Homens, centenas de homens vestidos em armaduras reluzentes, capacetes obscurecendo suas feições, aglomeravam-se nas laterais do navio, correndo através da água rasa do mar para se reunirem na praia. Alguns já tinham montado, virando seus cavalos com um olhar determinado. Ordens eram gritadas numa linguagem gutural dura.
— Deus do céu!
— Deus do céu!