Recebera uma proposta para casar-se com Johnny Travassos. Considerado irreverente, louco e destruidor de corações, ele sempre preferira as perigosas corridas de obstáculos às festas de debutantes.
Seu irmão, porém, pensava diferente, e fizera uma proposta irrecusável para Juliana ser o troféu definitivo da vida de Johnny!
Capítulo Um
Juliana Chevron endireitou os ombros quando o mordomo a conduziu a uma ante-sala e pediu que aguardasse. Ele informou, desnecessariamente, que havia outras interessadas na vaga. Podia ver isso por si mesma. Havia pelo menos umas dez damas na sala, todas mais qualificadas que ela, de acordo com seu julgamento.
Capítulo Um
Juliana Chevron endireitou os ombros quando o mordomo a conduziu a uma ante-sala e pediu que aguardasse. Ele informou, desnecessariamente, que havia outras interessadas na vaga. Podia ver isso por si mesma. Havia pelo menos umas dez damas na sala, todas mais qualificadas que ela, de acordo com seu julgamento.
Talvez nem tivesse sentido perder tempo esperando para ser atendida pelo conde. Juliana ponderou que precisava do emprego que, a julgar pelo anúncio no Gazette, parecia ser muito bom. Sentou-se, decidida a esperar.
A porta abriu-se e o mordomo chamou uma mulher bastante elegante, que ergueu-se, majestosa. Juliana pensou em sua aparência naquele momento. Não estava nada bonita. Anna, sua amiga, havia protestado ao vê-la prender os cabelos em um coque rígido, que a fazia parecer mais velha do que seus vinte e dois anos. Ficara abismada ao perceber que além de tudo ela usava um vestido largo, que escondia suas formas graciosas. Mas Juliana permaneceu irredutível na decisão de parecer mais velha e sem graça.
O mordomo reapareceu, chamando a próxima candidata. A mulher que se levantou tinha uma aparência desamparada, o que fez com que Juliana sentisse muita pena dela.
Será que tinha onde morar? Por sorte, Juliana contava com Anna e o marido bem-humorado, William Goodbody. Ao ser despedida por lady Poole, procurara a antiga babá, que insistira para que ficasse com eles até encontrar outro emprego. Ela detestava ser um fardo para eles. A casa minúscula onde moravam mal abrigava o casal e os dois filhos pequenos. E, por mais que ambos negassem, sabia que tinham dificuldade para alimentar mais uma pessoa. Perdida nos próprios pensamentos, Juliana espantou-se ao ouvir o mordomo chamar seu nome.
— É a sua vez, senhorita. Siga-me, por favor.
Ela pôs-se de pé, quase tropeçando na barra do vestido. Ouviu um murmúrio vindo de uma das candidatas. Endireitou os ombros e seguiu o mordomo, decidida.
O criado atravessou o corredor em direção a uma porta, que abriu, fazendo um gesto para que Juliana entrasse.
— A srta. Chevron, milorde — anunciou.
Spencer Drayton, o quarto conde de Granville, estava de pé atrás de uma enorme escrivaninha de mogno. Ao notar a aparência distinta, os ombros largos e o olhar penetrante do conde, imaginou-o em meio a barões e príncipes. Sentiu-se intimidada.
— Entre — o nobre cavalheiro ordenou, ríspido, observando-a caminhar através da sala.
Ele havia especificado que procurava uma mulher de estirpe e só apareciam candidatas desqualificadas. Esta não parecia ser melhor que as outras. Fez sinal para que ela se sentasse em uma cadeira em frente à escrivaninha. Hesitante, Juliana sentou, as mãos agarrando-se, com força aos braços da cadeira. Observou a expressão impenetrável do conde. Precisou engolir, antes de conseguir falar.
— Obrigada por atender-me, lorde Granville.
Ele não respondeu. Estava ocupado demais, estudando-lhe as feições, reconsiderando sua primeira opinião. Ela não passava muito dos vinte anos. Ainda por cima possuía lindos olhos verdes, parecidos com os de lady Eastbourne. As sobrancelhas escuras conferiam uma expressão dramática ao rosto, que chamou a atenção do conde.
— Posso pedir que tire o chapéu, srta. Chevron? Juliana ergueu a mão, hesitante.
— Tirar o chapéu? Por quê?
— Gosto de ver as pessoas com quem estou falando. Meu pai sempre dizia que o rosto mostra o caráter de um homem. Com certeza o mesmo se aplica às mulheres. Por isso peço-lhe que tire o chapéu.
A porta abriu-se e o mordomo chamou uma mulher bastante elegante, que ergueu-se, majestosa. Juliana pensou em sua aparência naquele momento. Não estava nada bonita. Anna, sua amiga, havia protestado ao vê-la prender os cabelos em um coque rígido, que a fazia parecer mais velha do que seus vinte e dois anos. Ficara abismada ao perceber que além de tudo ela usava um vestido largo, que escondia suas formas graciosas. Mas Juliana permaneceu irredutível na decisão de parecer mais velha e sem graça.
O mordomo reapareceu, chamando a próxima candidata. A mulher que se levantou tinha uma aparência desamparada, o que fez com que Juliana sentisse muita pena dela.
Será que tinha onde morar? Por sorte, Juliana contava com Anna e o marido bem-humorado, William Goodbody. Ao ser despedida por lady Poole, procurara a antiga babá, que insistira para que ficasse com eles até encontrar outro emprego. Ela detestava ser um fardo para eles. A casa minúscula onde moravam mal abrigava o casal e os dois filhos pequenos. E, por mais que ambos negassem, sabia que tinham dificuldade para alimentar mais uma pessoa. Perdida nos próprios pensamentos, Juliana espantou-se ao ouvir o mordomo chamar seu nome.
— É a sua vez, senhorita. Siga-me, por favor.
Ela pôs-se de pé, quase tropeçando na barra do vestido. Ouviu um murmúrio vindo de uma das candidatas. Endireitou os ombros e seguiu o mordomo, decidida.
O criado atravessou o corredor em direção a uma porta, que abriu, fazendo um gesto para que Juliana entrasse.
— A srta. Chevron, milorde — anunciou.
Spencer Drayton, o quarto conde de Granville, estava de pé atrás de uma enorme escrivaninha de mogno. Ao notar a aparência distinta, os ombros largos e o olhar penetrante do conde, imaginou-o em meio a barões e príncipes. Sentiu-se intimidada.
— Entre — o nobre cavalheiro ordenou, ríspido, observando-a caminhar através da sala.
Ele havia especificado que procurava uma mulher de estirpe e só apareciam candidatas desqualificadas. Esta não parecia ser melhor que as outras. Fez sinal para que ela se sentasse em uma cadeira em frente à escrivaninha. Hesitante, Juliana sentou, as mãos agarrando-se, com força aos braços da cadeira. Observou a expressão impenetrável do conde. Precisou engolir, antes de conseguir falar.
— Obrigada por atender-me, lorde Granville.
Ele não respondeu. Estava ocupado demais, estudando-lhe as feições, reconsiderando sua primeira opinião. Ela não passava muito dos vinte anos. Ainda por cima possuía lindos olhos verdes, parecidos com os de lady Eastbourne. As sobrancelhas escuras conferiam uma expressão dramática ao rosto, que chamou a atenção do conde.
— Posso pedir que tire o chapéu, srta. Chevron? Juliana ergueu a mão, hesitante.
— Tirar o chapéu? Por quê?
— Gosto de ver as pessoas com quem estou falando. Meu pai sempre dizia que o rosto mostra o caráter de um homem. Com certeza o mesmo se aplica às mulheres. Por isso peço-lhe que tire o chapéu.