Mostrando postagens com marcador Desde que chegaste. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Desde que chegaste. Mostrar todas as postagens

26 de setembro de 2015

Desde que chegaste







Don Marcelo, o juiz de San Sebastián, perdeu sua esposa e está a procura de uma professora para ajudá-lo na educação de suas duas filhas.

Teresa é um noviça que desde a infância viveu no convento da cidade. 
Nada se sabe sobre suas origens, foi dada a essa instituição depois de ser resgatada de um naufrágio.
De repente, Harika aparece na vida de Dom Marcelo, seduzindo-o com seu sotaque estranho e sua personalidade sensual. Quem é ela?

Capítulo Um

São Sebatian, junho de 1730.
Dom Marcelo de Larrea caminhou pelo porto a um bom passo, com as abas de sua casaca movendo ao vento. Parou ao chegar a seu destino e pediu permissão antes de subir pela prancha do navio. 
Vários marinheiros trabalhavam em excesso para descarregar as mercadorias que transportavam.
Tinha estado ali em outras ocasiões, mas nunca com tanto nervosismo. 
Deveria encontrar despostas para suas perguntas o quanto antes.
Seu bom amigo, o capitão García de Tolosa, saiu para recebe-lo com seu habitual aspecto bonachão e o levou até seu camarote. Ali lhe ofereceu uma cadeira e enguanto guardava as cartas naúticas que estivera estudando até este momento.
—Bem, querido amigo, me diga o que o preocupa neste momento — inquiriu o capitão, depois de se sentar a sua frente. — parece que não consegue relaxar.
—Marcelo tomou ar; tinha chegado a hora.
Acabo de falat com sua irmã, a Madre Superiora. — Dirigiu um olhar em direção ao Monte Urgull, onde se encontrava o convento de Santa Teresa —. Ela disse que você poderia me ajudar, trata-se da menina que resgataram de um naufrágio anos atrás — continuou, sem poder esperar —.
Parece que a levaram para o convento.
O Capitão mexeu a cabeça várias vezes com olhos fechados, como se quisesse recordar de algo. Marcelo esperou impaciente, fazendo seu chapéu girar em suas mãos.
—O que quer saber? —perguntou o marinheiro.
—Tudo —foi a direta resposta de Marcelo.
—Nesse caso, começarei pelo princípio: A tormenta começou pouco depois do amanhecer —começou o capitão—. Navegávamos pelo Mediterrâneo. Nada fazia pressagiar que o mar ia se pôr tão bravo, mas ao cabo de umas horas andávamos dando inclinações bruscas como uma cortiça. Ordenei que se retirasse a maior parte do trapo, pois o vento era tal que temi pelos mastros. Nunca antes tinha visto ondas tão imensas no Mediterrâneo. Por momentos cheguei a pensar que me encontrava no Cantábrico ou no Atlântico. —Bebeu um pouco de conhaque antes de prosseguir—. Tenho que confessar que tive medo por nossa segurança. As sentinas estavam alagadas e as bombas de esgote quase que não conseguiam aliviar a situação. Um de meus homens, o intérprete, caiu na água e não pudemos resgatá-lo. O céu estava tão escuro que parecia de noite, e era dia. A chuva e a espuma das ondas entravam nos olhos, nos cegando por momentos. Nas adegas um dos cabos se rompeu e parte da carga começou a mover-se descontrolada. O timoneiro e eu trabalhávamos juntos, tentando endireitar o navio, que escorava cada vez mais.
»Acredito que aquele dia rezei todas as orações que sabia e alguma mais que inventei. Confesso que estava assustado. Tinha ouvido falar de tempestades nesse mar, mas jamais topei com nenhuma. Até esse dia. Meus homens eram e são muito bons marinheiros; graças a isso pudemos passar por aquela tempestade.
Marcelo o viu dar outro sorvo em seu copo e o imitou, cada vez mais nervoso e impaciente.
—O que aconteceu depois?