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19 de janeiro de 2011

Desejos Ardentes


Ela não podia estar apaixonada por Daniel. Não podia e não queria!

Que pensamentos absurdos eram aqueles? O que acontecera para imaginar-se gastando o dinheiro que estava aplicado, como se ela e Daniel pudessem ter um futuro juntos?

Aonde fora parar o propósito de nunca mais ficar sob o controle de alguém? Ganhar sua independência era tudo o que importava, tudo o que desejava.
Ficaria com Daniel até o dia em que completasse vinte e um anos, como tinha sido combinado.
Depois dessa data iria para St. Louis e Daniel seguiria... Um nó obstruiu-lhe a garganta, lágrimas nublaram-lhe os olhos.
Ela piscou algumas vezes e engoliu com dificuldade, determinada a parar de comportar-se como uma adolescente apaixonada.
Apaixonada? Com um súbito estremecimento levou a mão à boca para sufocar um gemido. Não podia estar apaixonada por Daniel.
Era, sim, muito grata a ele por ter concordado em ajudá-la e por estar sendo tão bondoso.
Não negava que o achava muito atraente.
Também admitia que o beijo impulsivo que lhe dera a deixara nas nuvens.
Mas, certamente, não podia considerar tais sentimentos indícios de que estava apaixonada. Imagine! Eles mal se conheciam.
Nada tinham em comum. Pertenciam a mundos diferentes.
Tinham estilo de vida completamente diverso. Portanto, não havia entre eles base nenhuma para um relacionamento duradouro.

Austin, Texas, Verão de 1886.

— Psiu!
O sargento Daniel Cahill, patrulheiro do Texas, parou de repente ao entrar na alameda, os sentidos alerta.
— Psiu! — O som desta vez foi mais persistente.
Daniel virou-se, estreitou os olhos e examinou as sombras da alameda. Percebeu um leve movimento e fixou mais o olhar.
As sombras se movimentaram, revelando, por fim, uma figura humana.
— Eu... gostaria... de falar com você. — A voz era de mulher.
Tenso, Daniel estreitou ainda mais os olhos. Como patrulheiro nunca baixava a guarda.
Sabia que uma situação, de repente, po­deria tornar-se perigosa.
Ele não seria o primeiro homem a entrar numa alameda sombreada pelas árvores, traído por uma voz fe­minina, para então ser atacado e roubado por um cúmplice da mulher escondida nas sombras.
Instintivamente, segurou a coronha do revólver Colt e observou a mulher que caminhava na sua direção, recebendo no rosto o sol dourado da manhã.
Ela parou, deixou cair no chão a mala que carregava, e fixou em Daniel os grandes olhos azuis, deixando-o sem fôlego.
Eram os mais lindos olhos que já vira, de incrível tom lavanda, cercados de cílios espessos e escuros. Daniel desviou a atenção daqueles olhos hipnóticos, respirou com algum esforço e observou o rosto pálido, oval, com maçãs salientes, o nariz levemente arrebitado e os lábios cheios.
Continuando o exame, notou os cabelos loiros e sedosos presos no alto da cabeça. Apenas um cacho caía do lado do pescoço.
Surpreendeu-o um forte desejo de tocar aqueles fios encaracolados. Controlou-se, tentou falar, mas as cordas vocais não cooperaram.
Daniel não era muito experiente com mulheres. Tinha raros encontros com prostitutas e estas nunca o deixavam daquele jeito, incapaz de articular uma palavra. Engoliu em seco, umedeceu os lábios com a língua e, finalmente, conseguiu emitir um som mais parecido com um grasnido.
— Fale.
A jovem limpou a garganta.
— Meu nome é Joana Wyatt—apresentou-se. — Senhor, quero lhe fazer uma proposta.
— É mesmo? — Daniel arqueou as sobrancelhas. — Que proposta é essa, srta. Wyatt?— Eu... — Joana baixou os olhos e enrubesceu. — Eu... preciso de um homem...
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