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17 de novembro de 2010
Dona de seu Destino
O desejo que sentiam um pelo outro era inegável, mas…
seria suficiente seu amor para libertá-los?
Seu pai a tinha trancado sendo menina, e Helena Lambarth havia jurado então que ninguém a submeteria.
Mas para cumprir o último desejo de sua mãe, viajou a Londres para se apresentar em sociedade… e assim se encontrou de repente como hóspede de lorde Darnell.
Adam, lorde Darnell, não tinha tempo de vigiar ou ajudar aquela jovem desalinhada, mas havia concordado em ser padrinho dela.
Carregado com as dívidas de seu pai, Adam sabia que sua única esperança era conseguir casar-se com a rica Priscilla Standish.
Teria desejado que Priscilla não fosse tão comum quando comparada com a pouco convencional Helena… que ademais, tinha se convertido em uma mulher simplesmente cativante.
Capítulo Um
O vento uivava enredando sua negra cabeleira e lançando mechas nos olhos enquanto à suas costas o mar se chocava contra as rochas desfazendo-se logo em espuma.
Helena Lambarth seguia olhando terra adentro aos dois trabalhadores que cavavam na terra à sombra das montanhas.
A tumba estava quase preparada.
Sua euforia se elevou como as gaivotas nas rajadas de vento salgado e uma explosão de risada irreprimível escapou de sua garganta.
Estava morto. Morto de verdade. Por fim era livre.
Embora soubesse que qualquer som teria ficado afogado pela cacofonia das ondas e as gaivotas, um dos trabalhadores fez uma pausa, olhou-a e com um braço estendido assinalou sua presença ao outro.
O homem se benzeu com espanto e com um gesto indicou a seu companheiro que seguisse cavando.
Acreditariam que se tratava de um fantasma, ou se lembrariam dela possivelmente daquela manhã nove anos atrás em que conseguiu escapar do castelo Lambarth e fugir até chegar à aldeia, em que um grupo de homens, ignorando suas súplicas, a devolveu para seu pai achando que era louca?
Por um momento ficou presa na lembrança: descalça e chorando, rodeada por um círculo de aldeãos que murmuravam entre eles sem deixar de olhar sua roupa destroçada, seu rosto sujo e seu cabelo emaranhado:
-Pobrezinha. Que lástima…
-Seu pai diz que está louca, a pobre…
-É culpa de sua mãe. Olhe que, partir desse modo…
Helena fez uma careta parecida com um sorriso.
As mentiras de seu pai nunca mais poderiam mantê-la prisioneira. Aquele mesmo dia poderia abandonar aquele maldito lugar e empreender a busca da mãe de cujo lado a arrancaram justo quando iam abandonar juntas as terras de seu pai.
A mãe que nunca havia deixado de querê-la. Disso estava segura.
Um movimento a distância a devolveu para o presente.
Os homens haviam deixado de cavar e a comitiva do enterro havia partido do castelo pelo estreito caminho de terra que conduzia ao cemitério, um lugar cheio de erva e abandono.
O coração encolheu quando seu olhar foi parar no montão de terra próximo à parede. Seu ocupante era uma intrusa na morte como ela tinha sido na vida.
Se não fosse por Sally a louca, a velha curandeira e eremita que havia falecido dois meses atrás, não poderia ter sobrevivido a seu cativeiro.
Teria se alegrado por ela aquele dia?
Embora a anciã murmurasse incongruências à maior parte do tempo, em seus ocasionais momentos de lucidez mostrava uma aguda percepção da realidade.
Igual a alguns aldeãos que entravam no bosque procurando sua ajuda quando o médico do povoado não conseguia curar suas doenças, Helena apreciava também o magnífico talento da mulher como curadora.
Ainda que outros acreditassem que a velha bruxa possuía poderes obscuros e a evitavam, razão pela qual seu próprio pai, sempre covarde, havia permitido à mulher viver em suas terras, Helena não sabia de uma só ocasião em que teria utilizado sua sabedoria para outra coisa que não fosse curar e socorrer os seus semelhantes.
Outra pontada lhe atravessou o coração.
Demente ou não, Sally havia sido sua única amiga, e sentia falta dela terrivelmente.
Respirou fundo.
Com a morte de seu pai, esperava que a patrulha que havia disposto para vigiar o perímetro das terras de Lambarth tivesse desaparecido também.
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