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23 de maio de 2009

O Beijo do Falcão

Título Original: Falcon´s Mistress



Inglaterra, 1776


Laços eternos!

Desde a infância, existe um forte vínculo entre o duque de Canby e Selena Hewitt, a filha do falcoeiro.
O afeto que ambos compartilham, no entanto, jamais se tornará algo duradouro, por causa da diferença de classe social entre eles.
O máximo que Canby pode oferecer a Selena é a posição de amante, o que, para ela, está longe de ser suficiente. 
Selena recusa a proposta, e Canby vai embora da Inglaterra, até que, anos depois, ele fica sabendo que Selena está prestes a ser executada por assassinato... o assassinato dele!
Decidido a não permitir que a justiça siga por caminhos tão torpes, ele volta para salvá-la. A paixão ainda arde entre ambos, e Canby está disposto a arriscar tudo, até mesmo a própria vida, para provar a inocência da mulher que ama...

Prólogo

Lockwell Hall Havershire, Inglaterra Outubro de 1761

Esquecido dos duzentos convidados reunidos no salão para comemorar seu aniversário, John Markley, o décimo sétimo duque de Canby, corria pela mata num passo irregular e o coração estranhamente leve.
No alto, uma teia de galhos dividia o céu do fim da tarde em fragmentos. O falcão que ele treinara por mais de um ano pairava acima das árvores, a silhueta riscando o céu escarlate.
Para um garoto de doze anos, não poderia haver melhor presente de aniversário.
O pescoço de Canby doía de observar o pássaro, e mais de uma vez ele se viu esparramado no chão depois de tropeçar num galho ou numa pedra. Porém, continuou. Nunca vira algo tão belo.
Atrás de si, ouviu Selena chamar.
Mal conseguia distinguir o que ela dizia, mas não podia parar para ouvir. O falcão pegara uma corrente de ar assim que Canby saíra do bosque, correndo para uma campina repleta de moitas baixas.
A ave de rapina mergulhou, caçando um passarinho pelo chão.
Canby conteve o fôlego. Gostaria de ter trazido um cão para recuperar a presa.
Tão depressa como mergulhara, o falcão alçou vôo em direção às nuvens mais uma vez. O coração de Canby disparou.
Empolgado, ele seguiu a sombra da ave pela campina e meteu-se entre os arbustos.
Selena gritou, mas antes que ele pudesse se virar para responder, o terreno desabou. Por um momento, Canby chegou a pensar que levantara vôo, pairando com o falcão pelo céu que escurecia. Tarde demais, ele se deu conta de seu erro.
O falcão voara pela borda de um aterro íngreme, e ele fora atrás.
A força da aterrissagem tirou-lhe o ar dos pulmões, e a pesada luva de couro que carregava escapou de sua mão. Milhares de dentes afiados de pedra calcária o morderam conforme ele deslizava para baixo, rasgando as elegantes meias de seda e a calça de cetim, e cortando-lhe a carne. Instintivamente, ele tentou se segurar e conter a queda.
Agarrou um pequeno broto de árvore que crescia ao lado de uma pedra. Milagrosamente, as raízes agüentaram seu peso.
Ficou dependurado, de barriga contra o aterro, a ponta do sapato equilibrada precariamente numa saliência mínima da parede rochosa. Lá embaixo, onde o sol não mais alcançava, o negrume era total. Acima, o falcão peregrino se empoleirara nas pedras, apertando e abrindo as garras numa dança nervosa.
E então, eis que lá estava... ela. Selena, a face iluminada pelos raios evanescentes do sol que se refletia nas rochas. Espiou pela borda, sem dúvida procurando por seu corpo na base da ravina.
Canby gritou, mas seu chamado soou como um murmúrio.
Por fim, Selena o avistou, pendurado no broto de árvore.
— Canby, você está vivo! Não se mexa. Eu vou descer.
Ela passou uma perna pela beirada do declive. Os pés, agora descalços, procuraram apoio na pedra. As saias farfalhavam ao vento, conforme ela descia até onde
Canby se pendurava. Num instante, estava ao lado dele.
Selena agarrou-o pelo ombro. O toque infundiu-lhe coragem.
— Quando eu subir — disse ela —, você toma o meu lugar.
Preste atenção aonde eu coloco as mãos e os pés nas pedras.
Ela escalou o terreno acima da cabeça de Canby, e ele deslizou para o lugar onde as pedras haviam se aquecido com o breve contato do corpo de Selena. Enfiou a ponta do pé no espaço onde o dela ficara, mas o sapato escorregou, provocando uma chuva de cascalho pela escuridão.
— Tire os sapatos! — ela ordenou.
Canby obedeceu, tentando não ouvir os baques quando o calçado atingiu o chão lá embaixo. E assim que se viu livre dos sapatos, a subida tornou-se mais fácil.
Escalaram centímetro a centímetro o barranco íngreme, com Selena parando várias vezes para perguntar de sua segurança. Quando por fim chegaram ao topo, o sol descera abaixo dos galhos das árvores.
Selena agarrou-o pelo casaco e arrastou-o para longe da beirada. Canby respirou fundo, ofegante.
— Não me ouviu chamando atrás de você? — ela indagou, a voz com uma nota sutil de frustração. — Você não conhece esta campina. A ravina fica completamente invisível por trás do mato.
— O falcão... eu queria vê-lo.