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16 de dezembro de 2021

Enfeitiçando o Cavaleiro

Série Conto de um Cavaleiro


Na Escócia Medieval, se ela se vestisse, falasse e amaldiçoasse como uma bruxa...

A Arqueologista Dr.ª Samantha Ryan descobriu onde é que a Coroa Escocesa estava escondida — um artefato que desaparecera há 750 anos. Ela agora só precisava derrotar o seu mentiroso, trapaceiro competidor das Terras Altas e encontrá-la primeiro. Quando se desencadeia uma luta, eles viajam no tempo de volta à Escócia medieval onde, infelizmente, os aldeões pensam que ela é uma bruxa, amarram-na e começam a juntar lenha para fazer uma fogueira. Pensando em jogar com as superstições deles, para poder se salvar, ela amaldiçoa-os a todos. Não foi a sua melhor ideia…
...é tempo de juntar lenha para a fogueira! O Laird Ian MacGregor era um homem condenado à morte. Era só uma questão de tempo até que um dos muitos atentados à sua vida fosse bem-sucedido. Quando o informaram que os aldeões iam queimar outra bruxa, ficou furioso e determinado a salvar a mulher indefesa. Infelizmente a estúpida mulher não sabia quando devia manter a boca fechada. Ian salvou-a mesmo assim, destruindo dessa forma qualquer tipo de confiança dos aldeões que tinha conseguido conquistar. Fechando-a, só fazia com que o seu povo temesse a bruxa presa na sua torre — uma bruxa determinada a roubar a coroa que lhe tinha sido confiada. Enquanto tentava encontrar um assassino, manter a coroa do Rei Alexandre a salvo e controlar a mulher rebelde que pode ter o dom da previsão, ele acaba a perguntar-se — agora que a apanhou, como é que vai mantê-la? O passado e o presente estão à prestes a colidir. Quando a modernidade se encontra com o medieval, pode haver um final feliz?

Capítulo Um

Escócia, 1239
Ian tentou lutar tanto quanto conseguiu. Com oito anos, ele era grande para a sua idade — corpulento como um cavalo de carga, costumava dizer a sua mãe—e ele mordeu, arranhou e chutou, levou um soco de lado na cabeça, suficientemente forte para o fazer cair de joelhos. Mas por fim estava livre.
—Mãe! — Ele olhou freneticamente ao seu redor, procurando através de pernas, saias e pés, procurando um vestido verde enquanto mãos duras apertavam os seus braços, os seus ombros, puxando-o para trás. —Mãezinha!
— Ian! Vai para dentro, querido! Vai ter com Brodrick!
O desespero na voz da sua mãe originou uma fúria ainda maior, e um pontapé no joelho de um dos homens que o seguravam resultou num afrouxar do aperto quando o homem praguejou e tropeçou para trás. Uma mordida nos dedos da mão que agarrava o seu braço e ele estava novamente livre.
Ian serpenteou através da multidão e levou apenas alguns instantes para encontrar a sua mãe no meio da multidão. Ele andou à volta de um dos homens que a seguravam e prendeu os braços com força na cintura dela.
— Oh, Ian. Não, filho. Não podes estar aqui — Ela beijou o topo da cabeça dele e lutou contra os homens que a seguravam — Tu tens de ficar com Joan e Brodrick. Por favor, querido, não podes fazer isso por mim?
—Não. — ele gritou a palavra — Não vou deixá-la.
Mãos ásperas agarraram-no pela cintura e puxaram. Ele apertou ainda mais a cintura da mãe e não se soltou. Os punhos bateram-lhe no estômago, escavaram, arrancaram pele e ele gritou. A mãe dele lutou com afinco, a trança preta balançando para frente para cair sobre o rosto dele.
—Não o magoe! Não lhe toque! Eu vou falar com meu filho.
A bofetada que levou no rosto assustou Ian o suficiente para afrouxar o seu aperto para que ele pudesse olhá-la, e ele foi imediatamente afastado dela. Ele olhou por entre os adultos, homens que ele conheceu toda a sua vida, agarrando e empurrando sua mãe. Como eles poderiam ter se voltado contra eles?
— Solte-a! Solte-a! Eu vou bater em você!
Agarrar os dedos que o seguravam não resultou, por isso ele voltou-se e mordeu o antebraço carnudo do homem que o segurava.
O homem soltou um grito, soltou Ian e bateu-lhe na cara com as costas da mão.
— Imunda semente de bruxa.
A força e a dor atiraram Ian ao chão, mas quando o homem tentou alcançá-lo de novo, Ian deslizou e escapou-se por entre as pernas dos homens e das mulheres reunidos. Ele voltou-se e gatinhou, chutou a mão que lhe agarrou o pé e quando chegou junto da mãe, agarrou-se à perna de um dos homens que a seguravam e mordeu com toda a força que tinha.
O homem gritou, puxou a perna, lançou-a para trás para lhe dar um pontapé e de repente a mãe de Ian estava lá, cobrindo-o com o seu corpo, protegendo-o com os braços bem presos à volta dele.
— Deixem-no. — ele sentiu as lágrimas quentes sobre o seu pescoço — Deixem-no em paz!
Agora que Ian estava protegido nos braços da mãe, sentindo o seu alento, começou a soluçar, o medo dos últimos momentos começou a ceder, a queimar através dele.
—Pronto, pronto, menino. — o seu acento inglês era forte agora, apurado com a emoção, e Ian perguntou-se se o clã teria se voltado contra ela por causa da sua origem. Ele tinha ouvido boatos. Sabia que alguns a desprezavam. Ela ajoelhou-se no lixo com ele, apertando-o com toda a força, como se nunca o fosse deixar ir. Ele tinha oito anos, já não era um bebê, mas agora ele estava exatamente onde precisava de estar. Ela começou a embalá-lo.
— Pronto, pronto, homenzinho. — Ele não podia evitar os soluços que irromperam, nem os que se seguiram, ameaçando subjugá-lo.
— Não a deixem contaminar a criança com a sua maldade. — a voz, o novo padre que chegara à aldeia na noite anterior, enviou gelo e ódio ardente às veias de Ian. Quando mãos duras os puxaram e os levantaram, Ian reuniu todas as forças para agarrar a sua mãe enquanto ela também o apertava. Um golpe nas costas dela desequilibrou os dois e entorpeceu as suas mãos e outro atacante empurrou-o para longe enquanto ela tentava se agarrar. Ele estendeu os dedos o máximo que podia.
—Mãezinha! Mãezinha! Não a toque. Eu vou te matar se você lhe tocar!
— Estão a ver? Ela já contagiou a criança.
A mãe dele soluçou enquanto tentava alcançá-lo, mas os braços dela foram agarrados e presos atrás das costas. Ela respirou fundo.
—Joan! — a sua mãe gritou pela amiga e vizinha — Leve o meu filho. Leve-o daqui. Eu não quero que ele veja isto. Por favor, mantenha-o em segurança. Por favor, trate bem dele, eu te imploro. Ele é seu agora.
—Não! Mãezinha, não!









Série Conto de um Cavaleiro
1- Ela é dona do Cavaleiro
2- Enfeitiçando o Cavaleiro