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10 de novembro de 2018

Bodas de Odio

Com sua beleza ruiva, sua teimosia e seu espírito impulsivo, a jovem Fiona de Malone faz honra a sua origem irlandesa.

Nega-se a seguir os costumes portenhos da época, pois está decidida a casar-se por amor. Por isso se desespera quando seu pai impõe seu matrimônio com Dom Juan Cruz de Silva, protegido do tirano Juan Manuel de Rosas. De Silva, apelidado de “o Diabo”, tem um escuro passado e deve a sua prosperidade a sua inteligência, coragem e frieza, como também ao afeto que Rosas têm por ele. Para consolidar sua posição deve casar-se com uma jovem de boa família, e a beleza de Fiona o conquistou. Entretanto, o matrimônio começará marcado pelo ódio. Juan Cruz e Fiona só serão felizes se souberem ceder à imensa força do desejo e do amor.

Capítulo Um

Mariquita Sánchez de Trompson A noite de 9 de julho de 1847, Buenos Aires. 
Fiona de Malone suspirou cansada e sentou-se meio entorpecida na poltrona. Dali observava a sala principal da mansão, lotada de gente. Fizera uma pausa no baile. Os homens, reunidos em pequenos grupos, conversavam de política. As jovenzinhas, excitadas, consultavam suas cadernetas e anotavam os nomes dos cavalheiros que tinham pedido esta ou outra peça. Em um canto, a orquestra afinava os instrumentos, enquanto seu maestro, o professor Favero, recebia instruções da anfitriã, Misia Mercedes de Sáenz.
As mulatas iam e vinham com mate nas mãos, bandejas com manjares e garrafas de vinho. Tudo parecia ocorrer como foi pedido, os convidados pareciam satisfeitos e a proprietária da casa resplandecia pelo êxito de sua reunião social no Dia da Independência. Fiona voltou a suspirar, pensando em sua cama, quentinha e cômoda, em um bom livro, ou no copo de leite quente que sua criada preparava a cada noite. Mas não! Aí estava, rígida, de espartilho até os seios, os pés gelados, e com muito desejo de voltar para sua casa. Sentia-se cansada; nada parecia atraí-la, sempre era o mesmo.
Definitivamente, odiava as festas; em realidade, para ela não eram mais que uma feira de luxo, aonde o gado se substituía por mulheres desesperadas para encontrarem um marido. Uma solteirona: antes, fossem ao convento. Perguntou-se, então, por que permanecia nessa tertúlia, em uma gelada noite de inverno, entre pessoas tediosas e espalhafatosas.
Pensou por instantes e recordou as palavras de sua avó Brigid essa tarde.
— Deve ir, Fiona — lhe ordenou a anciã. — Se se negar a participar de todas as festas que lhe convidam, nunca conseguirá um bom partido para se casar, — predisse sua tia Ana, colocando um pente ornamentado de prender cabelo na sua cabeça que ela, a sua vez, tirou-o rapidamente.
— What are you doing, girl? Não percebe o trabalho que dá colocá-lo em um cabelo tão liso como o seu? — recriminou-lhe a tia. — Não irei com pente de prender cabelo. Os odeio. Além disso, não quero conseguir um bom partido para me casar, quero me apaixonar.
A jovenzinha, desafiante, observava alternadamente para sua tia e sua avó. — Good heavens! Essas baboseiras românticas que lhe colocaram na cabeça, Fiona, são ridículas; terminarão por me enlouquecer. A anciã se deixou cair em uma poltrona.
As ideias irreverentes de sua neta conseguiam tirá-la do controle.
— Por que são ridículas, Grannie? Acaso você não se casou apaixonada pelo Grandpa?
— Menina! Que perguntas você faz? — exclamou sua tia.
— Grannie... — disse Fiona, insistindo para que sua avó respondesse.
— Bom... não...

18 de agosto de 2017

Marlene

A famosa soprano Micaela Urtiaga Four, conhecida na Europa como A Divina Four, decidiu voltar a Buenos Aires, sua cidade natal, depois de anos de ausência.

No entanto,a tranquilidade que ela desejava encontrar entre seus entes queridos se transforma em um turbilhão quando sua vida fica, de repente, ligada à de Carlo Varzi, um cafetão do bairro de La Boca, um homem temível e sem escrúpulos com um passado tão escuro quanto seu presente. E embora Micaela tente superar a atração que o homem exerce sobre ela, ela finalmente cederá ao impulso que a domina. Remorso e medo, desejo e paixão; o conflito será inevitável.
Este romance, situado na Buenos Aires que deu origem ao tango, retrata a história de uma mulher lutando para superar seus medos e defender seu amor, e de um homem tentando se redimir no contexto mais humilhante, também para o amor.

Capítulo Um

Buenos Aires, maio de 1899.
Esse sábado, as crianças Urtiaga Four tinham desejado ver sua mãe todo o dia. Gastón María fez manha e não houve forma de que tomasse o leite nem o azeite de fígado de bacalhau. Micaela, mais submissa, encerrou-se em seu quarto e não voltou a sair.
Eram pequenos e não entendiam por que sua mãe sempre estava de cama, indisposta, o criado-mudo abarrotado de frascos escuros, os médicos que iam e vinham, o rosto desolado de seu pai, e agora, a novidade das enxaquecas que não a deixavam viver.
Já era quase sete da tarde. A mama Cheia pensou que era uma hora prudente para que Micaela e Gastón María visitassem a patroa, e assim os fez saber. Os meninos correram em direção ao quarto de sua mãe. A negra Cheia, não tão jovem e excedida em peso, seguia-os com dificuldade.
—Meninos, parecem desordeiros! Por amor de Deus! Não entrem assim no quarto de sua mãe que lhe parte a cabeça!
Ao chegar ao quarto da patroa Isabel, Cheia encontrou a porta entreaberta; os meninos já tinham entrado. Olhou e não viu ninguém. Encaminhou-se à penteadeira e, ao transpor a porta, o quadro com o que topou deixou-a estupefata: a senhora Isabel, inconsciente dentro da tina, com os pulsos cortados e os meninos contemplando-a em silêncio.
Seu próprio grito a tirou do transe, a ela e ao pequeno Gastón María, que deu um uivo, soltou-se da mão de sua irmã e saiu correndo. Micaela, inalterável, olhava a sua mãe. A água sanguinolenta jorrava e quase lhe tocava a ponta dos sapatinhos.
Os olhos da menina alternavam entre o rosto pálido de Isabel e uma navalha no piso. Absorta, não escutava os gritos de Cheia, nem se dava conta de que Gastón María já não lhe sustentava a mão, nem de que os serventes se amontoavam na entrada. Aproximou-se da tina decidida a despertar sua mãe.
—Não, Micaela! A menina sentiu um puxão, alguém que a afastava. Esperneou, gritou e sacudiu os braços como louca. Cheia pegou-a pela cintura e a afastou dali. Micaela não recordava de sua mãe a não ser na cama, com o rosto doentio e o gesto melancólico.
Isabel, a formosa atriz cheia de vida, pertencia a uma lenda que lhe fascinava escutar. Tinham-lhe contado que, sobre o palco, sua mãe provocava angústia com seu pranto, risadas desenfreadas com suas piadas, suspiros com sua beleza. Depois de vê-la, as pessoas não saíam iguais do teatro, pois Isabel chegava às fibras mais sensíveis delas. Seu público a amava.
O jovem Rafael Urtiaga Four a conheceu no auge de sua carreira, quando o Teatro Politeama vibrava a cada noite com suas apresentações. Rafael teve sorte com ela; um dândi da sociedade portenha como ele, com relações e vínculos por toda parte, sempre conseguia o que desejava. E a desejava, e muito. Um amigo os apresentou uma noite depois do teatro.
 Isabel o apanhou em seu furacão e o enfeitiçou com sua formosura. Rafael a amou desde o primeiro dia. Ela também se entregou, com o mesmo ardor com que fazia tudo; não, com maior paixão ainda: estava louca por ele. Casaram-se em pouco tempo e nenhum dos Urtiaga Four deu seu consentimento; as bodas foram um escândalo familiar. "Uma atriz!"










26 de outubro de 2015

Índias Brancas II

Série Índias Brancas
Em 1879, Buenos Aires vive seu momento mais conturbado. 

Roca prepara a campanha para o deserto a fim de concorrer à presidência da Nação. 
Laura Escalante, mulher de destaque da vida cultural e política de sua cidade nunca esqueceu o índio Nahueltruz Guor, convertido no excêntrico Lorenzo Dionisio Rosas, volta a sua terra depois de seis anos para vingar-se de quem o traiu e quebrou seu coração. Este encontro irá perturbar a ambos. Eles nunca mais serão os mesmos.

Capítulo Um

A amante do doutor Riglos
A missa recém começava e as vozes se elevavam para cantar o Kyrie eléison1. Laura Escalante o entoava com vontade, movida mais por sua inclinação ao canto que por sua devoção religiosa. 
O coro de meninos e os dramáticos acordes do órgão, que inundavam as naves da Catedral Metropolitana, levaram-na a aceitar que, apesar de tudo, dona Luisa del Solar tinha razão ao se opor em comemorar o segundo aniversário da morte de Julián Riglos na capela da baronesa, como era conhecida a capela da casa de La Santíssima Trinidad, construída a mando da bisavó de Laura, Pilar de Mora y Aragón, esposa de Abelardo Montes, barão de Pontevedra. Embora a rua já levasse o nome de San Martín, na mansão dos Montes os portenhos2 ainda a chamavam de La Santíssima Trinidad.
- Querida - havia interposto dona Luisa dias atrás - como você pensa reunir todas as pessoas que participarão do aniversário de Juliancito na capela da baronesa, que, apertados, só admite umas vinte pessoas? Sabe quão querido e apreciado ele era, todos seus amigos vão querer estar ali, além dos seus parentes, dos meus e dos dele.
Apesar de Julián Riglos ter voltado a se casar depois da morte de Catalina del Solar, para dona Luisa ele continuava sendo Juliancito, seu adorado genro. 
Que ele o tivesse feito com Laurita Escalante só exaltou o carinho e grande respeito que ela tinha por ele. Por isso, a matrona portenha se acreditava com direito de fazer e desfazer quando se tratasse de honrar a memória de Juliancito, e Laura permitia. Dona Luisa del Solar, sentada junto a ela no primeiro banco, entoava as estrofes de Gloria com a voz estridente e desafinada, pronunciando pessimamente o latim, sem se intimidar, ao contrário, demonstrava a segurança e superioridade de uma soprano.
Laura levou o leque à boca para esconder um sorriso, afinal de contas, ninguém aprovaria que a viúva risse na missa de seu finado marido.
De fato, as amizades e conhecidos de Laura Escalante já estavam curados do espanto, e se a jovem viúva começasse a rir às gargalhadas enquanto o sacerdote pronunciasse o sermão, não teriam se surpreendido. Da Escalante esperavam qualquer coisa. 
Por acaso ela não tinha dado o que falar, exatamente há dois anos, ao se negar a usar luto quando faleceu seu esposo Julián?

Série Índias Brancas
1 - Índias Brancas I
2 - Índias Brancas II
Série Concluída

13 de outubro de 2015

Índias Brancas I

Série Índias Brancas

Eu não sou huinca, capitão, faz tempo que fui.

Deixe que volte para o Sul, deixe-me ir para lá.
Meu nome quase o esqueci: Dorotea Bazán. Eu não sou huinca, índia sou, por amor, capitão.
Falta-me o ar do pampa e o aroma dos acampamentos ranqueles
O cobre escuro da pele de meu senhor, Nesse império de ervas daninhas, couro e sol.
Você se assombra, capitão, que eu queira voltar, Um grito de malón reclama a minha pele. Tornei-me Índia e agora estou mais cativa que ontem. Quero ficar na dor do meu povo ranquel. Eu não sou huinca, capitão, faz tempo que fui. Deixe que volte para o Sul, deixe-me ir para lá.

Capítulo Um

Uma vontade poderosa
Na tarde em que Laura Escalante recebeu o telegrama do padre Donatti não pôde evitar que sua mãe, suas tias e sua avó se inteirassem. Inclusive teve que lê-la em voz alta. O sacerdote o despachou na vila de Rio Cuarto, onde se localizava o convento franciscano no qual ele e Agustin viviam há quase cinco anos.
As quatro mulheres permaneceram caladas, enquanto Laura repassava as linhas em silêncio. Ao levantar o olhar, descobriu o semblante sombrio de sua mãe, esse cenho tão bem conhecido e que lhe deu a entender que esquecesse o que acabava de ocorrer.
—O carbúnculo é muito contagioso —informou tia Soledad.
—E em certos casos, mortal —adicionou tia Dolores, com ar de pitonisa do oráculo.
—Não irá vê-lo —expressou Madalena, a mãe de Laura.
—Essa ideia passou pela sua cabeça? —perguntou a avó Ignacia, com esse acento madrilenho que, depois de quase cinquenta anos em Buenos Aires, não perdia por orgulho.
—Agustin é meu irmão —tentou a moça.
—Meio irmão —atacou Soledad.
—E filho de uma qualquer —completou Dolores.
—Bom, bom —interviu Madalena, que preferia não se lembrar da primeira mulher de seu marido, nem sequer para insultá-la; ela já tinha o suficiente com seus ciúmes e rancores. — O certo é que não irá, eu não posso acompanhá-la e você sozinha não coloca um pé fora desta casa.
Em outra ocasião Laura teria começado uma discussão, poucas coisas a estimulavam tanto como polemizar com “o quarteto de bruxas”, apelido que Maria Pancha, a criada, usava para referir-se às patroas mais velhas. Desta vez, o desânimo pela notícia da doença de Agustin a guiou ao interior do casarão, submissa e calada, com os olhos quentes e a boca trêmula. As mulheres a contemplaram partir e logo retomaram seus bordados.
—Quem avisará Escalante? —falou Soledad, que se animou em expressar o que as outras não faziam.
Os olhares se voltaram a Madalena, que continuou debruçada em seu trabalho de renda5 em bastões.
—Faz anos que Escalante não fala com seu filho —expressou a modo de desculpa e sem levantar o olhar—. Desde que Agustin fez seus votos —acrescentou, como se suas irmãs e sua mãe não soubessem.
—Que homem tão ímpio! —soltou Ignacia, expressão que sempre usava para manifestar a aversão por seu genro. Em outros tempos não tinha sido assim, mas isso foi há muitos anos.
—Se tia Carolita estivesse aqui, ela poderia escrever para ele.

Série Índias Brancas
1 - Índias Brancas I
2 - Índias Brancas II
Série Concluída

1 de maio de 2011

Me Chamam De Artemio Fúria



Artemio Fúria não é um homem comum.

É um gaúcho cujo nome se pronuncia com respeito e temor em todas as esferas da sociedade.
Entre 1806 e 1807, seus centauros e ele serviram nos exércitos do Juan José de Pueyrredón para expulsar os ingleses.
Sua influência entre os patrícios é decisiva.
Diz-se que, com um estalo de seus dedos, pode revoltar a toda a campanha.
Quando começa a gerar a Revolução de maio de 1810, a facção patriótica, a que deseja a independência do Rio da Prata, convoca-o para lutar pela liberdade.

Contar com as hostes do gaúcho Fúria pode significar a vitória.

Perto da cidade de Trim, no condado de Meath, Irlanda, no vale do Boyne. Janeiro de 1820

Capítulo Um

Carta da América do Sul

Silêncio, pronunciado pelo rasgo de uma pluma. Que bem há em viver sem ti? Escreveu a mão grande e tosca, com cicatrizes esbranquiçadas, embora de unhas bem cuidadas.
Um lenho se desmoronou na estufa. O homem levantou o rosto e observou o chiado até que o olhar de seu único olho se tornou ausente, sem pestanejar, imóvel no fogo. Leu o escrito. Que bem há em viver sem ti? Essa manhã despertou à alvorada, como acostumava, e possivelmente pelo estado rude do clima, seu ânimo decaiu com o passar das horas e o conduziu por um atalho de memórias das que se empenhava em fugir e que sempre o espreitavam, golpeando-o quando sua vida começava a luzir encaminhada.
Calvú Manque abriu a porta do escritório sem anunciar-se.
— Artemio, aqui está.
Resultava infrutífero lhe pedir a um homem criado em tolderías e ranchos, onde o limite entre o interior e o exterior o fixava um couro ou um pedaço de sarja, que chamasse antes de irromper nas habitações. Também resultava infrutífero lhe pedir que usasse seu nome, Sebastian, e não Artemio, como o tinha feito por trinta anos. Um gesto comunicou a pergunta: "O que quer?".
— Elisabetta e eu iremos ao lago. Dugan — se referia ao chefe de jardineiros — disse que está congelado. Acompanha-nos?
— Vão vocês. Tenho algumas diligências que atender.


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10 de janeiro de 2011

Bodas De Ódio






Corre o ano 1840 em Buenos Aires.

Com sua beleza ruiva, sua teimosia e seu espírito impulsivo, a jovem Fiona Malone faz honra à sua origem irlandesa.
Nega-se a seguir os costumes portenhos da época, pois está decidida a casar-se por amor.
Por isso se desespera quando seu pai impõe seu matrimônio com Dom Juan Cruz de Silva, protegido do tirano Juan Manuel de Rosas.
De Silva, apelidado o Diabo, tem um passado negro e débito sua prosperidade tanto a sua inteligência, valor e frieza como ao afeto que lhe tem Rosas.
Para consolidar sua posição deve casar-se com uma jovem de boa família, e a beleza da Fiona o conquistou.
Entretanto, o matrimônio começará marcado pelo ódio.
Juan Cruz e Fiona só serão felizes se sabem ceder à imensa força do desejo e do amor.

Capítulo Um

"Amor! palavra escandalosa em uma jovem, o amor perseguia, o amor era cuidadoso como uma depravação..." de Joaninha Sánchez Thompson

A noite de 9 de julho de 1847, Buenos Aires.

Fiona Malone suspirou enfastiada e se entorpeceu na poltrona. De ali observava a sala principal da mansão, lotada de gente.
feito-se uma pausa no baile.
Os homens, reunidos em pequenos grupos, conversavam de política.
As jovencitas, excitadas, consultavam suas cadernetas e anotavam os nomes dos cavalheiros que as tinham pedido para esta ou aquela peça.
Em um rincão, a orquestra provava os instrumentos, enquanto seu diretor, o professor Favero, recebia instruções da anfitriã, misia Mercedes Sáenz.
As mulatas foram e vinham com mate nas mãos, bandejas com manjares e garrafas de vinho.
Tudo parecia como foi pedido, os convidados luziam agradados e a proprietária de casa resplandecia pelo êxito de sua reunião no Dia da Independência.
Fiona voltou a suspirar, pensando em sua cama, calentita e cômoda, em um bom livro, ou no copo de leite quente que lhe preparava sua criada cada noite.
Mas não!
Aí estava, rígida, engravatada até o peito, os pés gelados, e com muitos desejos de voltar para sua casa. sentia-se cansada; nada parecia atrai-la, sempre o mesmo. Definitivamente, odiava as festas; em realidade, para ela não eram mais que uma feira de luxo, aonde o gado se substitui com mulheres se desesperadas por encontrar marido.
Uma solteirona: antes, ao convento.
perguntou-se, então, por que permanecia nessa reunião, em uma geada noite de inverno, entre pessoas tediosas e afetadas.
Pensou-o uns instantes e recordou as palavras de sua avó Brigid essa tarde.
—Deve ir, Fiona —lhe ordenou a anciã.
—Se negar a todas as reuniões às que lhe convidam, nunca conseguirá uma boa partida para te casar vaticinou sua tia Ana, lhe colocando um pente de prender cabelo na cabeça que ela, a sua vez, tirou-se rapidamente.
—What are you doing, girl? Não te dá conta o trabalho que dá colocá-la em um cabelo tão murcho como o teu? —recriminou-lhe a tia.
—Não irei com pente de prender cabelo. As odeio. Além disso, não quero conseguir uma boa partida para me casar, quero me apaixonar.
A jovencita, desafiante, observava alternadamente a sua tia e a sua avó.
—Good heavens! Essas zonceras românticas que lhe colocaram na cabeça, Fiona, são ridículos; terminarão por me voltar louca.
A anciã se deixou cair em uma poltrona. As idéias irreverentes de sua neta conseguiam tirar a de gonzo.
—por que são ridiculas, Grannie? Acaso você não te casou apaixonada pela Grandpa?
—Menina!.

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