Mostrando postagens com marcador Impetuosa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Impetuosa. Mostrar todas as postagens

24 de setembro de 2017

Impetuosa

Simon Ross, duque de Margate, é um homem respeitado.

Ele tem tudo, exceto o que mais anseia: Beatrice, uma jovem impetuosa que sempre age com o coração. 
Quando Beatrice chega à casa de Simon, vestida com roupas emprestadas e com uma menina recém-nascida em seus braços é incapaz de lembrar de seu passado.
Logo este enigma se torna uma tentação para o duque. 
A espontaneidade e ternura desta mulher o atraem irresistivelmente e o fazem reviver, nostalgicamente, as ilusões perdidas de sua juventude. Mas os perigos do passado voltam e ameaçam não só seu amor, mas suas vidas e as vidas daqueles ao seu redor.
A chuva, os sem-teto, o Parlamento, o rio escuro e as ruas apinhadas de Londres são intercaladas com a melancólica paisagem inglesa e será o quadro em que Beatrice e Simon vivem sua bela história de um arriscado amor.

Capítulo Um

Margate, Inglaterra. Agosto de 1820
O povoado de Margate se sentia orgulhoso dos novos teares. 
O progresso industrial havia trazido consigo a economia e, este, o crescimento demográfico. A instalação da primeira fábrica tinha tido lugar cinco anos atrás e agora já havia oito em produção.
A industrialização tinha desencadeado uma grande migração interior, dos povoados limítrofes à comarca. Mas o desenvolvimento atraía, a cada dia, novos trabalhadores procedentes de todo o país, que procuravam um futuro melhor nestas terras. Muitos chegavam sozinhos e outros, com toda sua família. A ninguém assustava o trabalho duro, mas sim a fome.
O duque de Margate, Simon Ross, tinha crescido na certeza das mudanças sociais que iriam se produzir na Inglaterra durante o primeiro terço do século XIX. A indústria incipiente, o auge das classes burguesas e a diminuição dos latifúndios, unidos à mudança nos sistemas de trabalho agrários, estavam acabando com os pequenos agricultores. 
Por outro lado, durante a Regência, os homens voltavam das guerras contra Napoleão e não dispunham de um meio de vida. O trabalho da terra não podia absorver mão de obra, agora que as máquinas os substituíam. As viúvas e os órfãos enchiam os asilos de beneficência e as ruas das grandes cidades. 
A miséria e os ratos disputavam a carne dos despejados. Abria-se uma nova frente, com batalhas mais cruas que as vividas na guerra. A Inglaterra necessitava mudanças e as necessitava já. 
As diferenças sociais eram muito grandes para poder sustentarem-se em um mundo cheio de desempregados, famintos e miseráveis. Era um processo incontrolável, do qual Margate não seria excluído. Assim que se licenciou da Marinha, pôs em marcha um projeto planejado durante muito tempo. A implantação de um novo tear mecânico impulsionado a vapor para o povoado de Margate, que substituiria os antigos manuais, procurava o benefício pessoal e a recuperação dos recursos dilapidados por seu pai. Mas, mais ainda, Margate perseguia a recuperação de uma região devastada pela pobreza.
Embora seu título fosse meramente honorífico nesse tempo, como duque se sentia responsável pelo povo de seu ducado. E mais, se coubesse, quando recordava a irresponsabilidade de seu pai e o pouco que tinha investido nas terras e nas pequenas infraestruturas, como estradas, canais, poços, etc. Agora cabia a ele levar adiante toda essa boa gente.
Mas o rápido êxito de seu projeto determinou que chegassem centenas de trabalhadores a Margate. Foi como uma corrente. Os teares atraíram os comerciantes, que propiciaram a criação de casas de hospedagem e de restaurantes nas proximidades da estrada para Londres. A normalidade e frequência dos deslocamentos propiciou o acerto das estradas e o estabelecimento de rotas fixas de transporte e correio.
O próprio duque começou a construção de moradias para alojar os trabalhadores e cresceram pequenos bairros florescentes nos subúrbios do povoado. 
A construção atraiu novos artesãos, que criaram instalações para a elaboração dos materiais, mobiliário, etc. E, é obvio, apareceram comércios de todo tipo.
O aumento dos nascimentos e o crescimento da população propiciaram a criação de um dispensário, que recebia generosas doações dos mestres da localidade. Médicos, farmacêuticos, carpinteiros...


Veja vídeo do lançamento!