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27 de junho de 2018

Reivindicando a Moça



Lady Katarina está protegendo a fortaleza irlandesa Rardove para a rainha Elizabeth, que decidiu dá-la para um Lorde Inglês. 
No entanto, o que Aodh Mac Con, que acredita ser o herdeiro legítimo dessas terras, pode fazer a respeito?







Capítulo Um

1589 , Whitehall, Inglaterra
― Eu estou restaurando o título de Rardove.
Os homens do conselho privado da Rainha Elizabeth ergueram suas cabeças em uníssono diante o anúncio surpreendente da rainha.
Restaurar a baronia irlandesa era um desenvolvimento imprevisto.
Mais ao ponto, tinha sido tentado várias vezes antes, mas nunca foi obtido sucesso. Os ingleses que receberam a honra de invadir a Irlanda, enfureceram a zona rural e morreram de formas inquietantemente violentas.
Simplificando, Rardove não podia ser mantido por ingleses.
O que melhorou o ponto para uma dica ainda maior: por que a rainha estava fazendo isso agora?
O título de Rardove tinha sido extinto havia centenas de anos, desde o décimo terceiro século, quando o então senhor de Rardove perdeu a cabeça e tentou explodir metade da Irlanda por meio de uma tintura explosiva lendária — uma ridicula lenda — mas, no caso desta loucura, ele morreu sem problemas, de forma bastante violenta também, nas mãos de um irlandês vingativo e, a lenda continuou a dizer, uma viúva mercantil inglesa vingativa.
A vida em Pale certamente era uma coisa perversa, mesmo na lenda.
Elizabeth tentou restaurar o título uma vez, para um de seus favoritos. A princípio, pareceu ser um sucesso, pois Henri de Macie não parecia ter enfurecido os irlandeses. Na verdade, ele tinha ido na direção oposta e apaixonou-se por um. Então, casou-se com ela. Em seguida, virou traidor para defendê-la. O homem tinha sido superado pela paixão e perdeu a sua cabeça, literalmente.
Tinha sido colocado em uma lança fora da ponte de Londres.
A princesa irlandesa tinha fugido, muito assustada para enfrentar a ira da rainha, deixando para trás uma herdeira perdida de oito anos. O título e as terras mais uma vez voltou para a Coroa, mas a rainha viu algo na jovem. Ela a civilizou o melhor que pôde, então a enviou de volta para Rardove sob a proteção de seu meio-irmão, o filho do barão de um casamento anterior, um intento do homem de restabelecer os títulos do seu pai e arrumar a terra de volta para a Inglaterra, de uma vez por todas.
Ele morreu dentro de cinco anos. Deslizou num penhasco numa manhã de primavera, enquanto se envolvia em combate com um irlandês.
O Conselho dificilmente criticou esse tempo. Tal era o destino dos senhores de Rardove.
A senhora governava lá agora e o manteve pelos últimos sete anos, segurando o castelo desolado em nome da rainha. Tinha feito muito bem, para a surpresa do Conselho. Não a da rainha, no entanto. Elizabeth viu um pouco dela mesma na jovem mulher que permitia manter as terras irlandesas. Para todos os fins, tinha sido um sucesso selvagem.
Até esses recentes rumores de traição.
Qual poderia ser a resposta para a pergunta: Por que agora?
Mas a ferida potencialmente mais funda deste desenvolvimento era… A quem ela iria conceder?
Rardove era vasta, varias áreas de terra. Terra selvagem, terra fértil, terras de lendas e rumores, assoladas por umidez, vento e guerreiros irlandeses.
Certamente ela não cederia isto para um…irlandês?
Certamente não, a pessoa que com intermitência apareceu para servir no Conselho quando ele não estivesse lutando na Armada ou capturando frotas de tesouros espanholas ou envolvido em qualquer outra ação, ele fez tão bem, mas tão bem que capturou a afeição da rainha?
Sooth, seu soberano tinha uma afinidade antinatural para celtas masculinos.
Alto, com cabelo longo e roupas antiquadas — Aodh Mac Con se vestia mais como um pirata do que como um cavalheiro — tinha rumores sobre ele ter sido picado por tinta em todo o corpo, como os pagãos que Raleigh trouxe de volta do Novo Mundo.
Mas este irlandês era potencialmente até mais perigoso que um selvagem, para ele reivindicar que era o herdeiro legítimo da linha extremamente antiga de Rardove, mais longe ainda do que a reivindicação inglesa.
Não. Ela nunca faria uma coisa tão perigosa como dar a Irlanda para um irlandês… Ela daria?
Os homens do Conselho Privado de Elizabeth trocaram olhares desconfortáveis.
Cecil tomou a frente, ele aclarou sua garganta e disse casualmente.
― E quem Sua Majestade está considerando conceder tal benefício?
Ela olhou para cima do feixe de papéis que estava examinando.
― Não estou considerando isto, estou fazendo isto. Bertrand de Bridge.― Ela voltou para os documentos. Os homens trocaram outro olhar surpreso.
― Bertrand, seu interrogador?
Ela assentiu.
― Existem questões de traição em Pale que são inadmissiveis, novamente. Quero que eles se estabeleçam de uma vez por todas. Primeiro seus pais, então seu… Está passando tristes momentos, realmente. Eu acreditei nela quando vocês todos foram contra. Mas ela me fez lembrar de mim mesma.― Havia um leve tremor em sua mão que segurava a caneta. ― Ah, bem. O que deve ser, será. Bertrand a questionará. Se ela provar ser leal, ficar e casar-se com ele. Se não…
O silêncio caiu.
― E… Aodh Mac Con? ― Alguém se aventurou a perguntar.
A rainha parou acima de seu papel, então começou a escrever com sua caneta com um clique decisivo. ― Explicarei isto para ele. Darei a ele…
 

12 de setembro de 2010

Coração Conquistado


Inglaterra, 1153

Da vingança à paixão

Quando o país é assolado por uma sangrenta guerra civil, e a propriedade e os bens da família de Griffyn Sauvage são usurpados, o coração dele endurece com a dor da traição e o desejo de vingança.
Griffyn será capaz de qualquer extremo para vingar-se, até mesmo formar uma aliança com seu mais odiado inimigo, casando-se com a filha dele, lady Guinevere de l'Ami. 
Porém, quando pousa os olhos em Gwyn, Griffyn fica completamente desarmado...
À medida que a guerra avança, Gwyn se vê sozinha para lutar contra os inimigos que querem dominar as terras de seus ancestrais.
Quando Griffyn surge em seu socorro, ela fica grata pelo fato de o valente e misterioso cavaleiro ter arriscado a própria vida para proteger a sua.
A cada dia que passa, Gwyn se sente mais atraída por ele, mesmo pressentindo que Griffyn esconde dela um segredo sombrio.
E quando outro perigoso inimigo fecha o cerco sobre ambos, a confiança e o amor de Griffyn e Gwyn um pelo outro são submetidos à mais dura das provas...

Prólogo

Docas de Barfieur, Normandia, França 1 de abril de 1152
― Quanto é? O capitão do navio olhou desconfiado para o homem de ar intimidante à sua frente. A chuva caía de lado nas docas vazias de Barfieur e estava escuro, um pesado silêncio pairando no ar.
Mais assustador, porém, era o modo como o capuz do homem, puxado para a frente, cobria-lhe parcialmente o rosto com sombras, onde apenas os olhos cinzentos se viam, brilhando feito brasas meio acesas.
— Mais do que um tipo como você pode pagar — resmungou o capitão, fazendo menção de se afastar.
Uma mão se fechou em torno do braço dele.
— Posso pagar mais do que um tipo como você já sonhou em ver. — Um saco de moedas foi atirado na mão calejada. — Isso é o suficiente?
O capitão arqueou as sobrancelhas grossas e, então, abriu bruscamente o saco.
Moedas de ouro e cobre se esparramaram, tilintando alto no silêncio das docas molhadas. Ele olhou na direção da tabuleta torta de uma taverna, vários metros adiante no cais e, em seguida, guardou rapidamente as moedas de volta no saco e amarrou-o.
— Eu farei o serviço.
Um riso baixo, zombeteiro, foi a resposta.
Ele guardou o saco debaixo do manto. Estreitou os olhos de encontro ao brilho intenso da luz proveniente das tochas que se refletia no chão escorregadio das docas. Ò manto do homem esvoaçava sob a chuva fina. Era difícil distingui-lo como uma figura sólida. Parecia etéreo e sombrio no vento escuro.
O capitão tocou a barba grisalha.
— Quantos de vocês falou que havia?
— Treze.
Ele se inclinou para a frente, tentando distinguir um rosto, mas a noite e o capuz o ocultavam. Até o cavalo do homem, parado a um metro ou dois era tão preto que teria ofuscado uma tocha.
— Sim, um número de azar, para se fazer coisas que trazem azar, sem dúvida.
Músculos se avolumaram quando o homem cruzou os braços sobre o peito.
— Sem dúvida. Mas não tanto azar quanto você terá se falar sobre isto a alguém.
O capitão tocou o saco de moedas sob o manto.
— Bem, quando eu estiver me divertindo com muita comida, bebida... e mulheres — riu ele —, não terei necessidade de contar histórias.
Os velados olhos cinzentos observaram-no fixamente, e o capitão parou de rir e pigarreou.
— Para onde querem ir?
— Meia légua a oeste de Wareham. Ele gelou.
— O quê? É perigoso demais navegar por aquela enseada. Não posso correr o risco...
Com gestos ágeis, o Homem enfiou a mão no manto do capitão e pegou de volta o saco de moedas de ouro.
— Outro alguém correrá o risco, então. E ficará com o dinheiro.
— Não, senhor, está certo. — O capitão umedeceu os lábios, observando o saco de dinheiro.— Não disse que não o farei, apenas que não é prudente é que não posso ser responsabilizado por nenhum infortúnio.
A figura grande e encapuzada sorriu com ar um tanto sombrio.
— Farei muitas coisas imprudentes, capitão, e não lhe pedirei que responda por nenhuma delas. Amanhã cedo estarei aqui com os meus homens.
— Combinado — resmungou o capitão, tornando a guardar o dinheiro com um suspiro de alívio.
O vulto fez menção de se afastar.
— E nós temos cavalos.
Quando o capitão se virou, já era tarde demais.
— Bem, o que... — Ele parou de falar, percebendo que já estava sozinho.