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6 de setembro de 2015

Série Os Ferguson's

1- O Galante Sr. Ferguson

Ele era um refinado homem de Nova York, ela uma rústica mulher de Montana.

Ao tirar o chapéu e deixar cair as longas tranças, Jessie constatou o espanto do forasteiro.
Ele a havia tomado por um rapaz! Almofadinha bobo, concluiu com uma ponta de ressentimento. Nunca havia se importado com a opinião dos homens a seu respeito e justamente agora um estranho pedante e perfumado conseguia ferir sua vaidade feminina.
Só mesmo os muitos anos de rígidos treinamentos sociais impediam Stephen de expressar todo o seu choque. Como era reprovável o linguajar de Jessie Randall, suas roupas… Aquela criatura selvagem destoava de qualquer padrão feminino. Nunca seria uma dama suave e refinada como as mulheres de seu meio. Então por que sentia uma louca vontade de jogar tudo para o alto pela chance de apertá-la em seus braços?

Capítulo Um

Setembro, 1888.
Uma brisa suave soprava no cemitério de St. Louis. Do pequeno grupo reunido diante do rico caixão de nogueira, destacava-se a figura de um homem alto e esbelto, jovem ainda, apesar de momentaneamente envelhecido pelas marcas que a tristeza sulcara em seu rosto.
Os olhos, castanhos como os cabelos fartos, eram delineados por cílios negros e espessos, e apenas o detalhe dos lábios grossos anulava a suavidade de seus traços. Observando-se o rapaz mais de perto, chapéu numa das mãos, uma fita negra a rodear-lhe o braço direito em sinal de luto, não seria difícil adivinhar na altivez do porte e no acabamento perfeito do traje a elegância natural das pessoas bem-nascidas.
Stephen Ferguson olhou mais uma vez para o caixão coberto de rosas brancas, as preferidas de sua mãe, e a emoção se desfez em lágrimas silenciosas. Sabia que aquele momento chegaria, cedo ou tarde; só não o esperava tão de repente, a morte surpreendendo uma mulher saudável no vigor de seus cinquenta e dois anos.
Cinco dias antes, em Nova York, ele trabalhava normalmente na Companhia de Navegação McClellan e Caldwell, rotina que vinha cumprindo havia mais de cinco anos, quando começara a se preparar para assumir os negócios do avô. O telegrama comunicando o derrame cerebral sofrido por sua mãe levou-o de volta a St. Louis no primeiro trem. Encontrou-a com vida, mas não pôde ver pela última vez os olhos castanhos, lindos, serenos, tão amados. Eleanor Ferguson morreria sem recobrar a consciência.
O caixão baixou à sepultura, e Stephen, pensando nas pessoas queridas que já haviam partido — o pai, o irmão, o velho Linton Caldwell e agora a mãe.


2 - O Irreverente Sam

Ela era uma dama... e Sam, o homem mais grosseiro que havia conhecido na vida!

Acostumado a vida rude no campo, o madeireiro Sam Ferguson desdenhou à primeira vista os modos refinados e exigentes daquela “melindrosa” da cidade. Mas, se tinha de acompanhar Elizabeth Caldwell pelo agreste de Montana, ao menos poderia se divertir um pouco provocando-a pelo caminho…
Quando o olhar de Elizabeth encontrou o irreverente e atrevido Sam, o desdém tornou-se mútuo.
Até o momento em que os perigos começaram a surgir ao longo da trilha… então os ombros fortes de Sam sugeriam proteção e atraíam como imãs.
Uma paixão tempestuosa a ameaçava mais do que os animais da floresta. Poderia sua delicadeza domar a natureza rebelde de Sam Ferguson?
A vida de Sam mudou em 1866 quando a mãe o abandonou e levou o irmão mais novo com ela. Mais de duas décadas depois, Stevie reaparece, elegante cavalheiro, querendo refazer os laços, trazendo a notícia da morte da mãe, além das cartas que ela escreveu para o filho mais velho.
Para piorar, Stephen foi baleado e pediu que Sam buscasse em Missoula a noiva dele. Sam não estava disposto a ter paciência com a "melindrosa" da cidade. Nem Elizabeth queria alguma proximidade com aquele grosseirão do interior. Mas a jornada até Nora Springs é longa e complicada e poderia aproximar a melindrosa delicada e o irreverente Sam...

Capítulo Um

Território de Montana, 1888.
O acampamento madeireiro, nas montanhas acima de Nora Springs, por ser ainda meados de setembro, estava bem calmo. Apenas uns poucos homens encontravam-se lá. Mas logo o movimento seria maior. A estação de derrubada de árvores, que duraria cinco meses, estava prestes a começar. Uns cinquenta homens chegariam e ficariam até o solo começar a descongelar na primavera. Para alguns dos madeireiros, o dormitório rústico dali, ou de qualquer outro acampamento, correspondia à ideia que faziam de lar. Decoravam as paredes com ilustrações da Police Gazette e guardavam seus pertences sob as camas.
Ao amanhecer, eram acordados pelo cozinheiro que tocava um sino e gritava:
_Levantar! Café na mesa!
Os madeireiros deixavam a cama e, enfrentando o frio terrível, vestiam-se depressa e corriam ao barracão da cozinha. A comida no acampamento Ferguson era famosa entre os madeireiros. Os proprietários, Sam e Joe Ferguson, acreditavam que um homem bem alimentado transformava-se num trabalhador satisfeito e produtivo.
As noites no acampamento eram passadas junto à pedra de afiar quando os homens preparavam os machados para o trabalho do dia seguinte. Os de lâmina dupla só eram usados pelos lenhadores mais experientes e merecedores dos melhores salários. Aos domingos, o trabalho parava e os que estavam sóbrios lavavam roupa ou cortavam o cabelo um do outro. Alguns até se barbeavam, mas a maioria deixava a barba crescer e só a raspava na chegada da primavera. Quando essas tarefas terminavam, eles se distraíam com brincadeiras rudes e barulhentas, ou provocando algum novato.
Junto à porta do escritório, Sam Ferguson contemplou os pinheiros altíssimos à volta do acampamento. Ali estava a sua vida e ele jamais pensara em fazer algo diferente.
Logo chegariam os trabalhadores encarregados das estradas. Nos últimos anos, ele adotara o sistema usado pelos madeireiros de Michigan. Puxavam um tanque de água com esguichos pela trilha e molhavam os sulcos feitos pelos trenós na neve. Formava-se uma camada de gelo resistente por onde as toras deslizavam com facilidade.
Todos os anos, Sam esperava o início do corte das árvores com ansiedade e, com a mesma expectativa, aguardava o final da estação. Como todos os outros madeireiros, ele era uma criatura da floresta. Embora praguejasse contra o isolamento, no outono sentia nas veias o chamado das martas. Com ânimo idêntico ao dos companheiros, trabalhava treze horas por dia numa temperatura gélida, abaixo de zero.
Sam era alto. Tinha braços e ombros musculosos graças aos anos em que brandia o machado. Ao terminar os estudos em Missoula, doze anos atrás, ele e o pai tinham iniciado o negócio madeireiro. O corte das árvores e o acampamento ficavam sob sua responsabilidade enquanto Joe se encarregava da serraria em Nora Springs. Haviam prosperado bastante, capitalizando todos os lucros na firma.
Sam observou Burley Owens deixar o barracão da cozinha e ir em sua direção. O cozinheiro tinha lhe contado que o velho chegara de Nora Springs na véspera, à noite, e depois de ter jantado havia ido direto para a cama.
_O que aconteceu, você está doente? _ perguntou Sam quando Burley se aproximou.
_Com todos os diabos, não!

Série Os Ferguson's
1 - O Galante Sr. Ferguson
2 - O Irreverente Sam
Série Concluída