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16 de dezembro de 2020

Teu Carinho

Das ruas de Boston do século XIX até a selvagem fronteira ela teceu uma ede de mentiras para conquistar seu amor!

A encantadora Anna Reardon de temperamento ardente foi forçada a mentir para fugir da vida miserável que a envergonhava... para se tornar a noiva por correspondência de Karl Lindstrom na bela e traiçoeira região selvagem de Minnesota. Karl perdoou Anna por suas mentiras, mas ainda havia um terrível e vergonhoso segredo que ela tinha que esconder dele, sabendo que sua revelação destruiria o amor que se tornara sua própria vida!

 Capítulo Um

Anna Reardon havia feito algo imperdoável. Havia mentido desavergonhadamente para que Karl Lindstrom se casasse com ela. Havia enganado esse homem intencionalmente, a fim de que lhe enviasse o dinheiro para viajar a Minnesota como sua “noiva por correspondência”. Ele esperava uma moça de vinte e cinco anos, hábil
cozinheira, experiente dona de casa, disposta trabalhadora rural e... virgem.
Mais ainda, esperava que chegasse só. A única coisa sobre a qual não mentiu, foi sua aparência. Ela se descreveu com precisão como uma irlandesa, com o cabelo da cor do uísque, alta, magra, de olhos castanhos, orelhas chatas, com algumas sardas, de feições comuns, com todos os dentes e sem marcas de varíola.
Quanto ao resto das cartas, eram uma série de mentiras muito bem forjadas para fazer com que o crédulo Karl lhe enviasse o dinheiro da passagem, dando-lhe assim a oportunidade de escapar de Boston. Apesar destas invenções, Anna não achou fácil mentir.
Desde o momento em que a mocinha, desesperada e desabrigada, havia ditado as cartas ao irmão mais novo, estas pesavam sobre sua consciência como um castigo. De fato, cada vez que voltava a contar suas mentiras, o castigo se manifestava em uma aguda dor na boca do estômago e mesmo agora, somente a alguns minutos do encontro com Karl Lindstrom, invadia-a um sofrimento tão intenso como nunca antes tinha experimentado. A dor tinha ficado cada vez mais intolerável durante a longa e tediosa viagem até o Oeste, viagem que havia
começado um mês atrás depois que as geleiras se dissolveram nos Grandes Lagos.
Anna e seu irmão, James, tinham viajado de trem de Boston a Albany durante todo o mês de junho, depois de barco pelo canal até Buffalo. Depois viajaram em um navio a vapor pelo lago, cujo destino era uma fossa lamacenta chamada Chicago, uma cidade que em 1854, consistia só em uma estrada de madeira, que ia desde o barco até o hotel. Mais adiante, se estendia a região deserta que Anna e seu irmão acabavam de atravessar. Uma carroça levou-os a Galena, no território de Illinois. Esta parte da viagem demorou uma semana inteira durante a qual os mosquitos, o clima e o chocalho da carroça por terrenos irregulares contribuíram para o mal-estar geral. Em Galena, tomaram um barco a vapor para St. Paul, onde embarcaram em outra carroça puxada por bois que os levou a alguns quilômetros das Cataratas de St. Anthony. Meu Deus!
Comparada a Boston, a cidade era completamente decepcionante, nada mais do que algumas construções rudimentares, toscas e sem pintura. Fez Anna pensar no que esperar de Long Prairie, a cidade fronteiriça onde ela encontraria seu futuro marido.



 

14 de junho de 2020

Aquele verão em Canden


É o ano de 1916 e Roberta Jewett voltou de Boston com suas três filhas pequenas, cheias de esperança para um novo começo na cidade onde ela foi criada.

 Mas, em Camden, Maine, uma mulher divorciada é uma mulher evitada. Apenas um homem a trata com respeito: o viúvo contratado Gabriel Farley, que começa o trabalho de reformar sua casa. Apesar da química
entre eles ser inegável, eles a combatem. Então, ironicamente, um ato brutal de violência obriga-os a reconhecer os sentimentos poderosos que têm crescido entre eles. Mas como eles lutam por justiça contra uma cidade determinada a provar seus erros, Roberta percebe que o pior calvário ainda está por vir...

Capítulo Um

Camden, Maine, 1916
Roberta Jewett tinha alimentado esperanças de que predominasse um bom tempo no dia em que ela se mudasse com suas filhas de volta para Camden, Maine. Em vez disso, uma mistura de chuva afiada como agulhas e um denso nevoeiro tinham acompanhado o barco vindo de Boston por todo o caminho ao longo da costa. Um vento persistente vindo do sudoeste provocou uma ressaca
marítima furiosa, contribuindo para que a viagem fosse um verdadeiro inferno.
A pobre Lydia vomitou a noite toda. A menina, de dez anos de idade, estava deitada em um banco duro de madeira com a cabeça no colo de Roberta, de olhos fechados, pele esverdeada. Suas tranças tinhas as pontas
desfeitas como antigas cordas esfiapadas.
— Quanto falta, mamãe? — ela perguntou, olhos e voz melancólicos. Roberta olhou para sua filha mais nova e
— Quase sete. — Você acha que chegaremos na hora prevista?
— Deixe-me ver onde estamos. — Gentilmente, ela retirou a cabeça de Lydia do colo dela e colocou-a em
um casaco que estava enrolado como um travesseiro.
— Já volto. Deu uma olhada em suas outras duas filhas, Susan e Rebecca, que estavam dormindo perto delas, com as bochechas e os braços apoiados sobre uma mesa envernizada. Ao redor delas, outros passageiros dormiam nos incômodos assentos correspondentes às passagens mais baratas.
Alguns roncavam. De outros, fios de saliva escorriam entre os lábios. Alguns despertaram, agora que estava por despontar o amanhecer e o fim da viagem. Se aquela houvesse sido uma viagem transatlântica que levasse imigrantes a América, aquela cabine se chamaria “porão”.
Mas como se tratava da muito distinta Eastern Steamship Line que fazia o trajeto diário da costa de Boston a Bangor, o folheto evitava termos tão degradantes e preferia utilizar o pomposo nome de “cabine da terceira classe”. Mas qualquer um que houvesse passado nesse lugar 13 horas seguidas, saberia que o nome correto era “porão”. Ali não havia vistas panorâmicas apenas umas minúsculas janelas. Roberta encaminhou para uma delas e viu que as gotas de chuva golpeavam contra os vidros como se jogassem baldes de água desde a popa. O vidro estava embaçado. Ela o limpou com a manga de seu casaco e olhou para o lado de fora. Era pouco menos das 7 da manhã e o céu começava a clarear.


 

 

4 de dezembro de 2018

Beija-flor

O Bandido e o Cavalheiro Ambos foram feridos no mesmo assalto ao trem na fronteira do Colorado e acabaram na porta de Abigail McKenzie atrás de cuidados.

O amoroso e gentil David, prometendo-lhe uma felicidade que ela perdera a esperança de encontrar, era tudo o que uma mulher poderia desejar. Jesse representava tudo o que ela odiava: era rude, violento, grosseiramente bonito e perturbadoramente sensual. Mas era a boca zombeteira de Jesse que incomodava seus sonhos, Jesse que a fazia sentir centenas de coisas que uma dama nunca deveria conhecer. Jesse que a desafiava a cada hora de vigília. Ela lutou com todas as suas forças..., mas nela queimava as brasas do amor por muito tempo negado — amor que a forçaria a uma escolha que nenhuma mulher deveria ter que fazer...

Capítulo Um

Quando às 9h50 chegaram a Stuart's Junction, sempre atraíam uma multidão, pois o trem ainda era uma novidade que toda a cidade antecipava diariamente. Crianças descalças agachavam-se como codornas na areia quente, até que a monstruosidade barulhenta e gasosa liberasse seus últimos fôlegos e corresse até o último quarto de milha em direção à estação ferroviária.
Ernie Turner, o bêbado da cidade, vinha todos os dias para encontrá-la também. Arrotando e saindo do saloon, ele se acomodaria em um banco na varanda da estação e dormiria até que o trem da tarde o mandasse de volta para sua ronda da noite.
Na forja, Spud Swedeen recostaria sua marreta, esticaria os cotovelos, e ficaria na porta escancarada com os braços pretos cruzados sobre o avental mais preto. E quando o repique da ferramenta de Spud cessava, todas as orelhas de Stuart's Junction, Colorado, se animavam.
Em seguida, ao longo da pequena extensão da Rua Front, lojistas sairiam de suas portas para as tábuas do calçadão, descoloridas pelo tempo. Aquela manhã de junho, em 1879, não foi diferente. Quando Spud parou o ruído, a cadeira do barbeiro esvaziou-se, os funcionários do banco deixaram seus caixas e as balanças na contrastaria foram esvaziadas enquanto todos saíam para encarar o nordeste e observar a chegada das 09h50. Mas as 09h50 não veio.
Em pouco tempo, dedos nervosamente brincaram com correntes de relógio; relógios foram puxados para fora, abertos e fechados antes que olhares duvidosos fossem trocados. Murmúrios de especulação foram eventualmente substituídos por inquietação quando um por um os moradores voltaram às suas lojas para espiar ocasionalmente através de suas janelas e se espantarem com o atraso do trem.
O tempo se arrastava enquanto cada orelha era levantada para captar o gemido do apito, que não veio e não veio. Uma hora passou, e o silêncio sobre Stuart's Junction se tornou um silêncio de reverência, como se alguém tivesse morrido, mas ninguém sabia quem.
Às 11h06 levantaram-se as cabeças, uma a uma. O primeiro, então o segundo comerciante pisou na soleira de sua porta mais uma vez conforme o vento vívido do verão levantou o assobio de vapor saindo do fôlego de sua caldeira.
— É ela! Mas ela está vindo muito rápido! — Se for Tuck Holloway dirigindo-a, ele está se preparando para atravessar a estação com ela! Se afastem, ela pode pular os trilhos! O limpa-trilhos surgiu em um borrão de velocidade enquanto vapor e poeira flutuavam atrás dele, e um braço envolto em tecido vermelho-xadrez balançou da janela aberta da cabine.
Era Tuck Holloway, cujas palavras foram perdidas no estampido do ferro e no sibilo de vapor conforme o motor sobrevoava os cem metros restantes até a ferrovia, ainda milagrosamente em ambas as faixas. Mas a voz rouca de Tuck não poderia ser ouvida acima da multidão balbuciante que tinha subido em direção à estação.
Então, um único tiro de bala fez cada cabeça girar e cada mandíbula parar enquanto Max Smith, o agente da estação recémnomeado, estava com uma pistola ainda fumegando em sua mão.
— Onde está o Doutor Dougherty? — Tuck gritou para a calmaria. — É melhor trazê-lo rápido, porque o trem ficou preso a cerca de vinte quilômetros ao norte daqui e nós temos dois homens feridos a bordo.

7 de abril de 2017

Promessas


Emily Walcott é uma jovem temperamental e com uma vontade de ferro, como filha obediente decidiu aceitar o futuro que os seus pais escolheram para ela. 

A vida em Sheridan decorre tanquila, Emily passa os dias entre a ferraria dos seus pais e os livros de Veterinária, carreira à qual dedica toda sua paixão. 
Charles, seu amigo de infancia e futuro marido não lhe desperta mais do que um sentimento fraternal, ao contrário de 
Tom, um jovem empreendedor que chega à povoação para instalar uma ferraria, convertendo-se assim em um concorrente de seu pai e desperta nela sentimentos contraditórios. Ambos se entregam a uma feroz batalha, na qual a paixão se converterá em um abismo tão insondável como seus próprios sentimentos.

Capítulo Um

Território de Wyoming, 1888
Tom Jeffcoat mudou de posição no duro assento da carruagem, piscou duas vezes e olhou para o norte. Sob a aba do poeirento Stetson castanho, entrecerrou os olhos até distinguir o contorno impreciso da cidade. Sentiu um espasmo na boca do estômago: por fim Sheridan, no território de Wyoming! E, com um mínimo de boa sorte, um banho, uma cama de verdade e o primeiro jantar quente em dezoito dias. Estalou a língua açulando os cavalos, que aceleraram o passo. 
Desde uns quilômetros de distância, o povoado era apenas um ponto na mandíbula do vale fértil e longo, mas o assentamento parecia tão belo como prometia o anúncio. Adornado de viçosa erva azul, típica da região, se amontoava no ponto em que os Big Horns se encontravam com o amplo vale de Goose Creek, onde se uniam as correntes do Big e o Little Goose. As bordas de ambos os rios estavam claramente delimitadas por uma linha ondulante de salgueiros e álamos. 
Como o verão estava começando, estes últimos pulverizavam suas sementes em flocos com penugens, que pareciam flocos brancos sobre as águas. Mas eram as montanhas que contribuíam com grandeza: coroadas de neve, veladas de azul, elevavam-se como os nódulos de um punho apertado que contivesse às Rochosas no oeste. 
Essas montanhas se converteram em velhas amigas de Jeffcoat, sempre sobre seu ombro esquerdo durante a longa viagem desde Rock Springs. Já as amava: as Big Horns, majestosas gigantes vestidas lá no alto, com a cortina de fundo azulada dos cedros das Rochosas e que terminavam nas ladeiras, em todos os matizes concebíveis de verde. Essas ladeiras ondulavam como uma gigantesca saia franzida e entre suas dobras aveludadas, aninhava seu novo lar: Sheridan. "Ao oeste das preocupações", proclamava o anúncio, "onde não faz calor, não há pó e as noites sempre são frescas." Bem, veremos. À medida que se aproximava da cidade, os edifícios foram tomando forma, depois uma rua... não, por Deus, ruas não! 
Um tabuleiro que se estendia reto e amplo, com os nomes em pôsteres de madeira: Perkins, Whitney, Burkitt, Works, Loucks e a mais longa, Main, pela qual entrou. No coração da cidade, os rios serpenteavam juntos cortando as ruas em avenidas breves e oblíquas. 
Nas laterais, viu casas, em sua maioria feitas de troncos cortados, com telhados em ângulo agudo para que a neve se deslizasse. 
Muitos lotes estavam cercados por linhas demarcatórias: cercas de estacas bicudas, postes, dependências nos confins traseiros das propriedades, pomares recém plantados e sebes de flores. Ao entrar no distrito comercial, diminuiu a marcha dos cavalos para inspecionar tranquilo os arredores. 
Devia haver umas cinquenta construções, as calçadas de madeira tinham a antiguidade suficiente para estarem gastas, mas não curvadas e viu uma boa quantidade de negócios estabelecidos: um hotel, açougue, barbearia, farmácia, um escritório de advogados, várias lojas, o escritório de um jornal e os inevitáveis saloons que atendiam aos vaqueiros que chegavam trazendo o gado de Bozeman Trail, no mesmo trajeto que ele acabava de percorrer. 
Estavam o Star, o Mint e a gente chamado Silver Spur, junto ao qual havia um curral com meia dúzia de alces selvagens. Uns quantos vaqueiros estavam praticando com laços e as gargalhadas dos homens mesclados com os mugidos das bestas fez Jeffcoat sorrir. 
Mais adiante, passou ante outros sinais de progresso: um edifício cujas portas estavam abertas e mostravam uma bomba para incêndios, com resplandecentes braçadeiras de bronze, uma casa em que se via o seguinte anúncio: L. D. STEELE, MÉDICO, uma escola (sem dúvida, havendo uma escola iriam colonos estabelecer-se) e uma loja de arnês e sapatos a que Jeffcoat emprestou especial atenção. 
Em um dado momento, chegou a um rio sem ponte, inchado com os degelos da primavera, onde um indivíduo magro, de calças aboubadas e botas ao joelho enchia de água a carruagem com um balde ao extremo de um pau comprido. 
A um flanco do tambor de lata estava pintado o seguinte anúncio: Água fresca. Entrega-se todos os dias. Vinte e cinco centavos o barril, cinco barris por um dólar, Serviço de Água borbulhante de Andrew Dehart. 
—Hei, olá! — gritou Jeffcoat, atirando das rédeas.  O homem interrompeu a tarefa e se voltou: —Olá!


22 de maio de 2016

Manhãs de Glória

Amor nos olhos de um estranho... 

Na cidade, eles a chamavam de “louca viúva Dinsmore.” 
Mas Elly não era alheia à sua ridicularização, ela tinha sido uma pessoa deslocada durante toda a sua vida, crescendo em uma velha casa sob o olhar rigoroso de seus avós excêntricos. 
Agora ela estava sozinha, com dois meninos pequenos para criar, e um terceiro filho a caminho. 
Ele derivava em Whitney, Georgia, em uma tarde preguiçosa no verão de 1941, na esperança de colocar seu passado solitário atrás dele... 
Ele ansiava pela ternura que ele nunca tinha conhecido, a casa que ele nunca teve. Tudo o que ele precisava era de alguém para lhe dar uma chance. Então ele viu seu anúncio: Procura-se - Um Marido. Quando ele atravessou o quintal desordenado de Elly Dinsmore, Will Parker sabia que ele tinha voltado para casa por fim...


Prólogo 

O trem parou em Whitney, na Georgia, em uma tarde nublada de novembro. Nuvens agitavam-se e as primeiras gotas de chuva caíram como massa grossa no teto negro da carruagem à espera. Ambas as janelas estavam cobertas de preto. Quando o trem veio a uma parada, uma sombra furtivamente levantou um pouco uma cortina e um único olho espiou pela fenda. 
— Ela está aqui — A voz de uma mulher assobiou. — Vamos! — A porta se abriu e um homem saiu. Ele, assim como o transporte, estava de negro, terno, sapatos e um chapéu de abas largas desgastado. Ele olhou nem para a direita nem para a esquerda, mas caminhou propositadamente para os degraus do trem quando uma jovem mulher saiu com um bebê nos braços. 
— Olá, papai — disse ela, hesitante, oferecendo um sorriso vacilante.
— Traga o seu filho bastardo e venha comigo. — Ele virou-a bruscamente por um cotovelo e conduziu-os de volta para a carruagem sem olhar para ela ou o bebê. A porta com cortinas foi aberta no instante em que chegaram a ela. A jovem pulou para trás protetora, puxando o bebê em seu ombro. Seus olhos castanhos suaves amedrontados pelos duros verdes acima dela, emoldurados por um gorro preto e vestido de luto. 
— Mama... — Entre! — Mama, eu- — Entre antes que cada alma nesta cidade enxergue nossa vergonha! O homem deu a sua filha uma cotovelada. Ela tropeçou para dentro da carruagem, mal capaz de ver através das lágrimas. Ele a seguiu rapidamente e agarrou as rédeas, que foram introduzidas através de um postigo, produzindo apenas uma luz escura. 
— Depressa, Albert — A mulher ordenou, sentando-se dura como uma lápide, olhando para a frente. Ele chicoteou os cavalos a um trote.
— Mamãe, é uma menina. Você não quer vê-la? — Vê-la? — A boca da mulher franziu-se enquanto ela continuava olhando para a frente. — Eu temo que não vou pelo resto da minha vida, enquanto as pessoas sussurrarem sobre a obra do diabo que você trouxe à nossa porta. A jovem agarrou a criança mais apertado. Ela choramingou, então, quando um dissonante trovão ressoou, começando a chorar a plenos pulmões. 
— Cale isso, você me ouviu! — O nome dela é Eleanor, mamãe e- — Cale-a antes que todo mundo na rua ouça! Mas o bebê uivou por toda a distância a partir da estação ferroviária, junto a praça da cidade e da principal estrada que leva até a borda sul da cidade, passando por uma fileira de casas a uma cercada por uma cerca de piquete com glórias da manhã subindo em sua varanda da frente. 
A carruagem virou, atravessou um quintal e parou perto da porta dos fundos. A mãe e a criança foram conduzidas para dentro pela mulher vestida de negro e imediatamente uma cortina verde escura foi puxada para baixo para cobrir a
janela, seguida de outra e outra até que todas as janelas da casa estavam cobertas. A nova mãe nunca foi vista deixando a casa de novo, nem as cortinas foram levantadas.


9 de fevereiro de 2016

A Aposta






Resistente e suave, doce e atrevida, aqui está uma história de honestidade e humor para qualquer um que já viveu e amou. 

Scotty Gandy sempre foi um jogador que conta com seu charme preguiçoso do sul para encontrar saídas para situações difíceis.
Com a esperança de fazer fortuna, ele abre uma casa de jogos em proffitt, kansas.
Logo, ele se torna um alvo do movimento pela moderadação liderado pela dona da loja de chapéus, ao lado do seu estabelecimento, A encantadora, ainda que volátil Agatha Downing. O dono do saloon e a modista tímida e recatada são inimigos ferozes!
Até que a inocência de uma criança abra os olhos e os corações de um para o outro.

Capítulo Um

1880
Agatha Downing olhou através da janela de sua chapelaria e viu uma pintura a óleo, em tamanho natural, que retratava uma mulher nua atravessando a rua. Ela engasgou e cerrou os punhos ˗ Esse homem de novo! O que tinha acontecido com ele agora? Já não era suficiente que houvesse instalado sua venda de bebidas incentivando homens honestos a esbanjar o dinheiro suado em jogos de azar na porta ao lado? Agora, trazia quadros de mulheres nuas!
Horrorizada, apertou a mão contra o espartilho de barbatanas de baleias e observou o alegre bando de desocupados que caminhava em sua direção. Lançando exclamações entusiasmadas, os homens abriram caminho em meio a empurrões até o Salão Gaiola Dourada carregando a tela sobre os ombros. A rua era larga e lamacenta e eles levaram algum tempo para cruzá-la. Antes que chegassem ao meio do caminho, todos os homens que estavam na calçada juntaram-se a eles uivando, jogando seus chapéus para cima, proporcionando uma ousada homenagem a este nu digno de Rubens. Quanto mais perto chegavam, mais Agatha pressionava o seu espartilho.
A triste figura, com mais de um metro e oitenta, tinha os braços erguidos aos céus, como se quisesse elevar-se… de frente, voluptuosa e nua como um pássaro recém-nascido.
Agatha afastou a vista de tão desagradável espetáculo.
Por todos os deuses! Sem dúvida nenhuma, todos caminhavam em direção contrária ao paraíso! E, ao que parecia, queriam levar as crianças com eles!
Duas crianças viram os arruaceiros e correram para o meio da rua lamacenta para melhor apreciarem o espetáculo.
Agatha abriu a porta de par em par e saiu na calçada, mancando.
─ Perry! Clydell! ─ gritou para os meninos de dez anos ─ Voltem logo para casa! Escutaram?
Os dois se aproximaram e olharam a Srta. Downing que indicava com o dedo a extremidade da rua.
─ Rápido ─ disse ─ ou eu contarei as suas mães.
Perry White virou-se para o amigo Clydell Hottle com expressão infeliz no rosto manchado:
─ É a velha Srta. Downing.
─ Ah, não!
─ Minha mãe compra chapéus com ela.
─ Sim, a minha também ─ lamentou-se Clydell.
Os meninos dirigiram um último olhar curioso para o quadro da dama desnuda e, relutantes, foram embora arrastando os pés.
Mooney Straub, um dos bêbados do grupo, levantou a voz e gritou para eles:
─ Esperem até terem idade suficiente, meninos!
Risos ásperos acompanharam o comentário, e a indignação de Agatha subiu um grau.
Que gentalha. Não passava de dez horas da manhã e Mooney Straub quase não se aguentava em pé. Lá estava também Charlie Yaeger, que tinha esposa e seis filhos vivendo em uma cabana digna apenas para os porcos; e o jovem filho de Cornelia Loretto, Dan, que o vizinho contratou como crupier do jogo de loteria, fato que envergonhou muitíssimo à sua pobre mãe; e o garçom de aspecto feroz, de espessos cabelos brancos que cresciam apenas na metade esquerda de sua cabeça; e o pianista negro de olhos vivazes que pareciam não perder nenhum detalhe; e George Sowers, que há anos havia enriquecido nas minas de ouro do Colorado e que, perdera tudo com a bebida e o jogo. Lá também se encontrava o "cabeça" de todos eles, o responsável por espalhar essa praga perto de Agatha: o homem que todos chamavam de Scottyy.
Agatha instalou-se na escadaria de entrada da taberna e esperou que a brigada do exército de Satanás abrisse caminho por entre o barro primaveril. Quando chegaram à barra de amarrar os cavalos, Agatha abriu os braços:
─ Senhor Gandy, eu protesto!
LeMaster Scotty Gandy levantou uma das mãos para deter os seus seguidores.
─ Um momento companheiros. Parece que teremos companhia.
Voltou-se lentamente e levantou os olhos para a mulher que assomava sobre ele como um anjo vingador. 
Vestia um vestido cinza desbotado. A saia de pregas austríacas, amarrada atrás, havia sido muito apertada. A anquinha posterior apontava para cima, como a coluna vertebral de um gato assustado. Anexado à cintura sob um par de anáguas, que as mulheres usaram do final do século XIX para avolumarem as roupas na parte de trás, mas caindo retas na frente. As "anquinhas" 









20 de janeiro de 2016

Os Doces Anos



Quando Linnea chega a Álamo não imagina que o homem irritado que a recebe na estação de trem se converterá em seu grande amor. 

Com apenas dezoito anos, a veemente e alegre Linnea é a nova professora e está determinada a conquistar um lugar na família que a acolhe assim como dentro da comunidade. Theodore é um agricultor de trinta e quatro anos que vive com sua mãe e seu filho de 16 anos de idade. 
Tal como outros agricultores, Teddy está principalmente preocupado com a colheita, e quando Linnea vem viver em sua casa, ele se sente invadido e irritado porque ela não respeita as regras tácitas da comunidade. 
Lentamente, em meio às tarefas diárias, um profundo amor surge entre eles. Assustados com a diferença de idade entre ambos, Teddy tenta ficar longe de Linnea. Mas ela está pronta para aceitar o desafio, porque sabe que ele é o seu destino.

Capítulo Um

Não estava adormecida nem acordada: Linnea Brandonberg se achava em um estranho estado de fantasia induzido — desta vez — pelo estalo continuo e rítmico que se transmitia através do chão do trem. Em posição recatada, com os joelhos juntos, olhava frequentemente os pés para admirar os sapatos mais bonitos que já vira, com ponteiras de couro brilhantes e lisos, de couro de cabra negro cobrindo não só os pés, mas também uns quinze centímetros da panturrilha. 
O assombroso era que não possuíam botões nem laços, mas se ajustavam por meio de uma longa tira de elástico forte que ia da metade da tíbia até debaixo do osso do tornozelo, a cada lado. Mas o mais importante era que se tratava dos primeiros sapatos de salto alto que tinha. Só somavam dois centímetros e meio a sua estatura, mas muito mais anos a sua maturidade.
Isso esperava.
Ali estava ele na estação, esperando para recebê-la: um diretor escolar de tirar o fôlego, conduzindo uma elegante carruagem Stanhope para dois, puxada por dois reluzentes baios...
— Senhorita Brandonberg?
Sua voz era rica e cativante e um sorriso deslumbrante iluminava o bonito rosto. Tirou o chapéu alto, deixando ver um cabelo da cor do centeio ao entardecer.
— Senhor Dahl?
— A suas ordens. Estamos encantados em recebê-la, por fim, conosco. Oh, por favor, me permita... levarei sua mala! — Quando colocou a bagagem no baú da carruagem, ela percebeu quão bem se ajustava a jaqueta negra do traje aos ombros bem formados e quando se voltou para ajudá-la a subir, ela
notou que ele usava um colarinho de celuloide novo em honra a ocasião. — Agora, tome cuidado.
Ele tinha umas mãos maravilhosas, de longos e pálidos dedos, que seguraram solícitos as suas quando a ajudou a subir.
— Senhorita Brandonberg, a sua esquerda verá a ópera, nosso estabelecimento mais novo, e espero que, à primeira oportunidade, possamos assistir juntos a uma apresentação.
Um látego fino estalou sobre a cabeça dos animais e eles arrancaram. O cotovelo do homem se chocava levemente com o seu.
— Uma ópera! — Exalou, com feminina surpresa, apoiando com delicadeza os dedos sobre o coração. — Não imaginei que aqui houvesse um teatro de ópera!