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28 de setembro de 2010

Liberdade para Sonhar




O amor mais precioso do mundo...

Patrick Mullen tem vasta experiência com mulheres, mas estava despreparado para conhecer a deslumbrante Camille Bradburn.
Culta, rica, inocente e incrivelmente linda, Camille é tudo com que Patrick jamais ousou sonhar, e tudo o que ele sempre desejou...
Criada em meio a títulos, propriedades e uma grande fortuna, Camille parece viver um conto de fadas. 
Porém, tantos privilégios cobram um preço terrível.
E quando conhece Patrick ela compreende, pela primeira vez, que paixão e liberdade são sonhos que podem se realizar.
O sentimento profundo que compartilham transcende as normas sociais e os coloca diante de grandes provações. Afinal, algumas pessoas seriam capazes de qualquer coisa para afastá-los, testando a fé de Camille e Patrick nas promessas que fizeram...

Capítulo Um

Béauport, 1743
Seria o demônio se agitando dentro dela? Os sussurros tinham voltado, apesar de seus esforços para reprimi-los.
As vontades, que diziam ser do mal, fervilhavam em suas veias e instigavam sua mente até a dominarem por completo. Era uma compulsão sem freios que vinha de dentro e não podia ser afastada.
Talvez sua mãe tivesse razão e isso atemorizava Camille. Não queria enfrentar seus desejos.
Não queria reconhecer aquela voz que sussurrava dentro de sua cabeça palavras de sobrevivência, de liberdade.
Tentou pensar em algo que pudesse distraí-la. Manteve o olhar fixo, deixando-se deleitar com os detalhes do lugar em que vivia desde seu nascimento.
A primavera chegara, por fim. As árvores agora tinham folhas e tudo prometia um verão intenso.
O sol inundava tudo, abrilhantando as cores e trazendo vida. Atrás dela, a mansão de tijolos mantinha-se firme, elegante e vistosa como um bom soldado inglês.
As colunas brancas pareciam reluzir ao sol, num contraste profundo com o verde que circundava tudo.
Mas as vozes não paravam... E eram contrárias às palavras constantes de sua mãe, Amélia Mary Bradburn, nona duquesa de Eton e senhora de Beauport que, com intensos olhos azuis, fitava a filha como um predador à espera do menor vacilo da presa.
— Ouviu o que eu disse? — ralhou ela, de dentro da carruagem.
— Sim.
— E o que foi?
— Que devo administrar a casa em sua ausência, praticar o cravo todos os dias, cuidar dos ajustes finais de meus ves¬idos novos, cavalgar no máximo uma hora por dia, sempre acompanhada. Não devo sair da propriedade e nem ir à cidade, a não ser que papai ou Eric estejam comigo.
— Excelente, mas se esqueceu de uma coisa. Tensa, Camille desviou o olhar.
— Vou ser observada — disse, em voz bem baixa.
— Exatamente. Devo confessar que não estou tranqüila em deixá-la sem uma criada junto o tempo todo. Mas espero que, aos vinte anos, você tenha autocontrole e não necessite mais de uma vigilância tão acirrada.
O cocheiro aproximou-se, assoviando uma canção que Camille não reconheceu. Acomodou o corpo enorme na boléia e calçou as luvas.
Os cavalos mexeram as orelhas, percebendo a presença do homem que conheciam bem, ansiosos pelo movimento causado pelo toque nas rédeas.
Alguns pássaros se assustaram com o movimento dos animais e voaram para longe, desaparecendo entre as árvores que indicavam o início do bosque distante. O bosque que sempre a chamava... Voltou-se para a mãe, sabendo que, se seu olhar fosse percebido, seria castigada.
— Vou obedecer — prometeu.
— Honrar pai e mãe, menina. Lembre-se bem do manda¬mento divino.
— Sim, mamãe.
— Um dia, quando seu marido falar de você com orgulho e seus filhos desfrutarem do prestígio e dos privilégios de seu nascimento, vai me agradecer por ter cuidado tão bem de sua educação. Espero que me conte tudo quando eu vol¬tar. — Amélia bateu no teto da carruagem com a ponta do leque, indicando estar pronta para partir. Teve, porém, tem¬po para dizer: — Lembre-se, plantamos o que colhemos. Sua obediência trará recompensas no futuro. Mas, se não obedecer, enfrentará as piores conseqüências.
A porta da carruagem foi fechada pelo criado que acompanharia o cocheiro na boléia. Camille afastou-se para deixar passar o comboio de empregados que seguiria a mãe.
E foi apenas quando todos os veículos se afastaram, atravessando os enormes portões, que ela pôde respirar aliviada.
Lembrou-se das palavras da mãe e observou ao redor, imaginando se já estaria sendo observada.mais felizes da vida de Camille, perturbados apenas pela idéia de que ela retornaria.
Seria pecado querer distância da própria mãe? Fantasiar que pudesse haver um assalto na estrada? Imaginar a ferocidade e a violência do assaltante? Vê-la caída numa poça de sangue, silenciada para sempre?

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