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12 de janeiro de 2010

Elizabeth

















Capítulo Um

Inglaterra, 1193

- Milady, um cavaleiro se aproxima.
Elizabeth olhou para Isaac, cuja cota de malha estava respingada de lama e salpicada de ferrugem.
- Será amigo ou inimigo? Ela se sentou na estreita cama, na tenda que a protegia do rigor dos ventos de abril. Devo dar ordens para que os homens fiquem prontos para a refrega?
Elizabeth já enfrentara cinco batalhas contra os escoceses e conseguira guiar seus soldados a contento todas as vezes.
Seu pai teria se orgulhado dela.Seus olhos se encheram de lágrimas, mas conseguiu disfarçar. Não iria se permitir ter medo, nem se emocionar.
Não podia deixar o capitão da guarda testemunhar sua fraqueza ou perderia o res¬peito que demorara quase um ano para cultivar.
Isaac pigarreou, como se sentisse a batalha que se travava dentro de sua senhora.
- Ele se veste de maneira estranha, milady.
O elmo lhe cobre a cabeça toda, e usa uma vestimenta sobre a armadura.
Não há dúvida de que se trata de um cavaleiro e, se eu tivesse de adivinhar, diria que passou algum tempo na Terra Santa.
Elizabeth gelou.
- Será Thomas?
- Eu reconheceria seu irmão a meia légua de distância. Não é ele, mas pode ser um mensageiro.
Elizabeth suspirou, aliviada. Não havia amor entre ela e o irmão, nenhuma afeição que despertasse alegria em seu coração.
- Então terei de conversar com o forasteiro. Diga aos homens que fiquem atentos a qualquer sinal meu. Neste lugar, todo o cuidado é pouco.
- Já tomei as precauções, milady. Esperamos suas ordens.
Elizabeth saiu da tenda e olhou para a clareira. O cavaleiro se aproximava em um grande cavalo de guerra, e seu elmo brilhava sob o sol da manhã.
A descrição de Isaac fora acurada: o elmo lhe cobria todo o rosto, tornando impossível discernir se era amigo ou inimigo.
Usava uma roupa branca sobre a armadura com urna gran¬de cruz vermelha bordada na frente. Seu escudo tinha a mesma cruz vermelha, e ele o segurava sobre a sela do cavalo.
- Concordo que ele é estranho, Isaac, mas será perigoso?
O estranho era dono de um porte poderoso, mesmo sob a armadura e a distância.
- Tenho patrulhado por toda a região há dias, milady. Asseguro-lhe que ele está sozinho.
O desconhecido puxou a rédea e ergueu a mão em saudação. Sua voz ecoou de dentro do elmo. Era suave, com um toque familiar:
- Sargento, quem lidera seus soldados?
Elizabeth empinou o queixo, acostumada a lidar com homens que a olhavam com menosprezo.
- Eu os lidero, senhor, sob a bandeira de meu pai.
O cavaleiro tirou as luvas e as prendeu no cinto.
- Pelo que entendi, milady, seu pai possui todas essas terras há algum tempo.
Elizabeth empalideceu.
Tentara manter o fato em segredo, para evitar que alguém cobiçasse suas propriedades. Até aquele momento conseguira, mas sua sorte poderia mudar drasticamente se dissesse alguma coisa errada.
- E quem é o senhor, que sabe tanto sobre meu pai e nossas posses?
O homem tirou o elmo, revelando cabelos negros e olhos castanho-escuros.
Isaac foi o primeiro a reagir:
- Céus, é Alex! É Alex que está de volta, milady! Elizabeth sentiu os joelhos fraquejarem.
Alex desmontou e aceitou os abraços dos amigos e companheiros. Ela também queria tocá-lo, mas sentiu-se deslocada, sem jeito.
Enfim, Alex se aproximou dela e ergueu-lhe o queixo com o dedo.
- Você nem me cumprimenta, Elizabeth?
Seu rosto bonito quase a deixava sem fôlego, mas conseguiu esboçar um sorriso.
- Seja bem-vindo, Alex. E deu-lhe um rápido abraço.
Lamento por ter apenas esta tenda para recebê-lo, mas venho tentando espantar esse bando de escoceses há semanas.