Mostrando postagens com marcador Maris.G. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Maris.G. Mostrar todas as postagens

11 de setembro de 2015

Corrente de Favores








Abandonada por seu marido, Emily Coleman vive com seu filho em um rancho isolado, no meio de uma terra violenta e impiedosa cercada de dívidas e de homens que desejam suas terras.

Se quiser sobreviver, terá que cruzar o Kansas para vender seu gado na perigosa Dodge City.
Sam Truman, um homem de passado turbulento surgirá de maneira inesperada em sua vida, empreendendo com Emily uma viagem cheia de imprevistos e perigos, na qual ela aprenderá a ser dona de seu destino e descobrirá que o amor pode ser uma tortura, e por sua vez, a mais doce das esperanças.

Capítulo Um

Estado do Kansas, 1879
Se alguém precisasse de qualquer coisa, um tecido para um vestido, um saco de farinha ou uma pá, só teria que aproximar-se do armazém de Gertrud e Pete Schmidt. Não havia nada que eles não conseguissem no condado de Ellsworth. Talvez por isso aquele estabelecimento fosse o coração do pequeno povoado de pouco mais de cem habitantes, com ruas poeirentas no verão e nevadas no inverno, que se transformavam em um lodaçal com as chuvas da primavera e outono. Não existia outro armazém em um raio de cinquenta quilômetros, o que fazia com que todos os rancheiros e granjeiros daquele condado fossem obrigados a recorrer ao casal para qualquer necessidade que se apresentasse.
Por esta mesma razão, não era de estranhar que Gertrud conduzisse seu negócio como uma rainha que transmitia justiça divina. Nem o ser mais audaz daquela região atrevia-se a quebrar as regras desta mulher de rosto magro. Seu olhar de falcão era bem conhecido e nada escapava de seu reino de quinquilharias, sendo capaz de verificar se alguma coisa faltava com um simples olhar.
Tinha o cabelo sempre tão esticado, que muitos asseguravam que não possuía rugas por conta daquele eterno coque negro riscado de cinza.
Seus olhos escuros, pequenos e animados, agitavam-se de um lado ao outro sem perder de vista sua mercadoria, e quando alguma coisa a incomodava franzia a boca de lábios finos. Pequena e magra, que mais parecia uma cana, apesar de seu metro e meio de altura, Gertrud era capaz de fazer tremer o mais temido dos seres. Esta mulher exalava autoridade e não hesitava em usar sua língua viperina quando alguém não acatasse suas normas.
Como era de se esperar, ali estava quando Emily entrou no armazém, acompanhada de seu filho Cody. A recém-chegada bem que teria preferido encontrar-se com Pete Schmidt, um homem afável de rosto corado e sempre sorridente.
Inspirou profundamente para criar ânimo, porque já sabia o que estava a ponto de acontecer: teria que se humilhar para conseguir os artigos de primeira necessidade da amassada lista que
guardava em sua bolsinha. Deu uma olhada para a rua, onde a chuva assolava poças que ameaçavam engolir as rodas das carroças.
A de Emily estava a poucos metros dali, e ela se compadeceu de Sansón, seu velho cavalo. Um animal tranquilo que aguentava com resignação o tamborilar da chuva com os cascos unidos ao barro. Seria um absurdo esperar que Pete regressasse de onde estivesse. Se ela e Cody saíssem, ficariam molhados até os ossos em um abrir e fechar de olhos, e o único que conseguiriam seria uma boa gripe.
Seu orgulho teria que sofrer as consequências do caráter arisco de Gertrud. Espreitou o local até a porta e percebeu que naquele momento não havia mais cliente. Ao menos nisso teria sorte, porque ninguém seria testemunha de sua vergonha.
- Feche a porta!