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7 de setembro de 2014

Céu em Chamas


No mundo em guerra, o amanhã era apenas um sonho.

A vida de Maggie Lawrence como enfermeira do Exército americano em Manila, nas Filipinas, muda radicalmente, após o ataque japonês a Pearl Harbor. 
Enviada para a ilha de Corregidor, ela entra em contato com um mundo envolto em medo e desolação, e se torna consciente não só da brutalidade mas também do valor da vida. 
E nessa terra de sofrimento que ela conhece Anthony Gargano, um herói das Forças Navais mergulhado no mesmo drama, vítima da mesma guerra cruel e desumana.
Colhidos pelo redemoinho da tormenta, ainda assim eles encontram tempo para viver um amor que não conhece regras e que não pode esperar...

Capítulo Um

A major Kay Broderick recostou a cabeça dolorida no espaldar almofadado da cadeira e apertou na palma da mão a medalha que seu pai ganhara na Primeira Guerra Mundial. Era uma mulher sensata, habituada à rígida disciplina militar e não tinha dúvida quanto à urgência da ordem que devia dar. Não obstante, chocava-a ter que aceitar o inevitável.
Seu primeiro impulso fora o de agarrar-se cegamente à esperança. Mas, agora, tinha certeza de que nada poderia deter o sangrento avanço dos japoneses. A queda de Manila seria, talvez, uma questão de horas.
Afastando o medo, insidioso inimigo entrincheirado em suas próprias entranhas, pôs-se a pensar em de que modo dar cumprimento ao que podia ser considerado como seu último ato oficial. Decorridos alguns minutos, levantou-se lentamente da cadeira, ficou longo tempo parada, ainda esperando que algo acontecesse, e depois atravessou o corredor do hospital com passos firmes.
Ao abrir a porta da enfermaria, um odor familiar invadiu-lhe as narinas. O aroma forte dos anestésicos mesclado ao cheiro do sangue e da podridão, uma estranha emanação que a leve brisa que entrava pelas janelas abertas e os ventiladores que giravam no teto não conseguiam dispersar.
No entanto, o que mais impressionava era o silêncio. Os únicos sons vinham dos homens que jaziam nas macas com os corpos dilacerados e que, sem forças para gritar, gemiam baixinho. Normalmente, o ruído do tráfego teria suplantado a dolorosa quietude. Mas, naquela manhã, o temor parecia ter tomado conta da cidade.
Parada na porta, Kay Broderick sentiu orgulho da dedicação e da disciplina de sua equipe. Sua presença não passara despercebida e, no entanto, o trabalho prosseguia sem interrupção, o punhado de enfermeiras e de atendentes continuando a proporcionar aos feridos todo o conforto que podiam.
Das cento e poucas profissionais que haviam estado sob suas ordens, restavam poucas. Talvez meia dúzia. Mas um número tão reduzido não diminuía sua responsabilidade. Resolveu falar com cada uma, individualmente, a fim de informá-las sobre sua próxima atribuição. Um anúncio geral era não só desnecessário, mas também uma verdadeira ofensa à quietude quase reverente, em meio à qual vidas humanas se esvaíam lentamente.
Transmitiu as ordens em voz baixa e, uma a uma, as jovens inclinavam as cabeças num assentimento mudo, terminavam suas tarefas e saíam discretamente da sala.
Fitou pensativamente a última delas, curvada sobre o soldado com o peito e o abdômen enfaixados. Seu lindo rosto em forma de coração estava tão cheio de piedade que Kay Broderick hesitou um momento, antes de abordá-la.
Sabia que a retirada, difícil para todo o corpo médico, seria particularmente penosa para Maggie Lawrence. A jovem, que provinha de uma antiga família de militares, fora criada no respeito as tradições e no cumprimento do dever. Havia sido sua comandante desde sua chegada a Manila, no ano anterior, e desde o primeiro instante ela provara ser uma daquelas raras criaturas com a capacidade de dar-se integralmente. Imaginava, portanto, como não lhe seria doloroso abandonar seu paciente.
Mas, como não havia outra alternativa viável, ordenou-lhe bruscamente:
— Vamos logo com isso, tenente. Está na hora de deixar seu posto.

26 de setembro de 2013

Sortilégio






Escócia, 1807 

Uma herança inesperada leva Katlin Sinclair a Innishffarin. 

Jovem da alta sociedade londrina, ela corajosamente se prepara para viver no castelo em ruínas, assombrado por seres que murmuram sortilégios e tentam envolvê-la numa rede de acontecimentos e imagens de uma época muito distante. Determinada a manter a lucidez e os pés fincados no presente, Katlin enfrenta as forças sobrenaturais que desejam afastá-la do castelo.
Se o último descendente dos antigos proprietários de Innishffarin não fosse o teimoso e adorável Angus Wyndham, a tarefa de Katlin seria menos penosa.
Dia a dia a afeição entre ambos cresce alheia à secular hostilidade entre suas famílias. Porém, eles estão proibidos de se amar, acorrentados a uma disputa que transcende os limites da própria morte! 

 Capítulo Um 

— Oh, não! — Sarah exclamou ao colocar a cabeça para fora da janela da carruagem e olhar a imensa pilha de pedras escuras que se agigantava à sua frente. — Senhorita, tenho certeza de que pegamos a estrada errada.
Curiosa, Katlin juntou-se à criada na janela. A carruagem continuava sua jornada barulhenta e sacolejante ao longo da estrada esburacada. Estavam viajando há um dia e meio, tendo parado à noite para descansar em uma hospedaria, e retomado seu caminho ao amanhecer.
A chuva caíra até poucos minutos, mas agora as nuvens começavam a dissipar-se, dando lugar ao sol que vinha iluminar as montanhas cobertas de urzes, e espalhar seus reflexos dou­rados sobre o mar. 

Entretanto, o que pareceu mais lindo aos olhos de Katlin, foram os raios de sol banhando Innishffarin. Surpreendeu-se com a cena diante de seus olhos e perguntou-se como pudera esquecer a aparência da propriedade.
Tentou convencer-se de que não havia se enganado por completo. Afinal, as urzes estavam lá, e ela vira alguns pôneis à beira da estrada. Decerto, os biscoitos amanteigados deviam estar lá, também, pois não havia sequer um lugar na Escócia onde não se pudesse comê-los.
Mas, aquele amontoado de pedras estava longe do que havia imaginado. Não se tratava de um castelo rico e luxuoso, onde uma família poderia fixar residência. Era uma fortaleza, sim­ples e despojada, legado de um passado de guerras, sem qual­quer concessão ao mundo moderno. Que Deus me ajude, pen­sou apreensiva pelas perspectivas que se desdobravam à sua frente.
— Não se preocupe Sarah — murmurou. — Estou certa de que é bem mais confortável do que parece.
As palavras nem sequer se aproximavam do que realmente pensava. A austeridade do lugar sugeria que detalhes como conforto jamais seriam levados em conta ali.
A carruagem continuou a subir a estrada estreita e sinuosa que levava à fortaleza, construída sobre o cume mais alto das redondezas. Lá de cima, a vista era ainda mais espetacular. Katlin pôde enxergar o vale profundo e, mais além, o ponto onde o mar encontrava o céu.
Sarah gemeu baixinho, pois não se dava muito bem com alturas. Katlin, porém, achou tudo maravilhoso, e sentiu o âni­mo retornar. Pelo menos, até a carruagem parar diante da en­trada principal, e o cocheiro desmontar para ajudá-las a descer. 
Era um criado antigo e leal da Sra. Margaret, cumprindo à risca as ordens que recebera de cuidar para que as duas senhoritas chegassem a Innishffarin sãs e salvas. Uma vez realizada a tarefa, ele não escondia o desejo incontrolável de sair dali o mais depressa possível.
— Segui sua orientação com cuidado senhorita — ele disse, enquanto ajudava Katlin a descer. — O lugar deve ser este, mesmo porque não há nenhum outro por perto. Imagino que não pretenda...
— Você fez tudo direitinho, John — ela assegurou. — En­contraremos alguém que nos ajude com a bagagem e, logo poderemos nos instalar.
Caminhou com determinação até a porta gigantesca, talhada em carvalho e ferro batido, que atingia o dobro da altura de um homem. Bateu uma, duas, três vezes, e tudo o que conseguiu foi ficar com a mão dolorida.
— Deve haver uma sineta por aqui — falou enquanto pro­curava sem sucesso pelo cordão.
— Deixe comigo — John assumiu o controle da situação.
— Não está certo uma senhorita na sua posição ficar parada diante de uma porta sem ser atendida.
Com os dois punhos cerrados, ele bateu com força e, como resultado, a porta se abriu sozinha, embora não houvesse o menor sinal de que alguém estivesse por ali.
— Parece que algo está muito errado — Sarah falou com desconfiança, apalpando disfarçadamente as nádegas. Sentia-se esgotada da viagem longa e desconfortável.
— Tenho certeza de que encontraremos alguém.


12 de agosto de 2012

Série Bennington Calvert

1 - Sarah


No país dilacerado pela Guerra de Secessão floresce um amor sem fronteiras, um sonho de esperança… 

Sarah Mackenzie, educada nos rígidos padrões puritanos da sociedade americana, cedo aprendeu a temer o futuro imposto a todas as mulheres: casar-se sem amor, submeter-se a um marido autoritário e a uma vida árida sem horizontes.
Rebelde, obstinada, dona de uma inteligência arguta que a fazia tomar partido dos oprimidos, ela jurou jamais se curvar à vontade de um homem!
No entanto, ao conhecer Philip Calvert, Sarak se defronta com um destino inesperado.
Ao lado desse incansável defensor da liberdade, ela descobre os mistérios da paixão, o violento despertar da sensualidade e a doce conquista de um prazer sem culpas ou barreiras…

Capítulo Um

Os gritos cessaram só no fim do dia.
As primeiras sombras da noite se infiltravam na casa e com elas veio um silêncio ameaçador. Sentada no último degrau da escada, Sarah Mackenzie sentiu o ar, denso pela ausência absoluta de sons, entrar em seus pulmões, dificultando-lhe a respiração, prestes a sufocá-la de medo.
Quando tudo começara na tarde anterior, a sra. Hobson, cozinheira da família há anos, fora à procura da garota. Custara muito até encontrá-la escondida no quarto, com as mãos sobre os ouvidos, numa esperança vã de bloquear os sons angustiantes. Forçando-a a ir para a cozinha, tentara distraí-la com biscoitos de gengibre e chá, revoltada contra a atitude desumana de não afastar as crianças daquele ambiente de dor, evitando-lhes mais sofrimento.
Infelizmente, naquela casa, o relacionamento entre patrão e empregados não permitia sequer uma tentativa de aproximação, quanto mais a ousadia de um palpite, e nenhum dos criados se arriscara a demonstrar sua indignação.
Josiah Mackenzie sempre fora um homem profundamente religioso e acreditava nos atos de um Deus implacável mas justo. O poder do Senhor, que distribuía a Justiça sem misericórdia, era aceito como parte integrante de uma vida austera, regida pelos princípios rígidos do Velho Testamento. 
Ele não admitia nenhum motivo válido para poupar seus filhos de conhecerem a punição quase aterradora da mão divina.
Naquela noite Sarah não tinha pensado no Deus de seu pai. Num estado de semiconsciência que oscilava entre um sono muito leve e a insônia, percebera os sons se tornando mais fracos com a chegada da manhã. Com a luz do dia, o medo diminuíra e ela havia se consolado, pensando que os gritos eram apenas o resultado da luta de sua mãe contra algo horrível, muito além da sua imaginação. 
Mas o silêncio, quando chegara, mostrava-se ainda mais assustador, pois trazia a dúvida. 


2 - Elizabeth 


Orgulho e Paixão travam guerra em seus corações 

A elegância e a agitação social de Boston contrasta fortemente com o lugar em que Elizabeth Calvert foi criada, na Virgínia, onde a serenidade superficial esconde a luta ferrenha pela sobrevivência. 
Elizabeth deixa-se encantar pelo luxo e pela riqueza desta sofisticada cidade do Norte. 
E sente-se personagem de um conto de fadas quando se casa com o mais fascinante magnata da região, Drake Bennington. 
A certeza de ter encontrado um amor especial sofre seus primeiros abalos quando ela e o marido se descobrem verdadeiros estranhos num casamento tão cheio de conflitos quanto o Norte e o Sul do país, recém saído da guerra. 
Desiludida, Elizabeth será tentada a voltar para a tranqüilidade da terra natal, para os braços de seu antigo amor. 

Capítulo Um 

A lembrança mais antiga de Elizabeth Calvert era de um homem alto e magro, num uniforme gasto, cinza, chegando à porta da cozinha e pedindo a sua mãe um prato de comida. 
Ele falou pouco, enquanto comia o ensopado de carne. Depois, ofereceu-se para ficar durante algum tempo e ajudar nos trabalhos da fazenda.
Elizabeth nunca foi capaz de dizer se ele havia ficado ou não. Só sabia que, no verão de seu terceiro ano de vida, uma fila interminável de homens exaustos e famintos subiu o caminho de cascalho que levava a Calvert Oaks, para bater à porta da cozinha. 
Por mais que viessem, sua mãe sempre tinha um sorriso e um prato de comida para eles, embora muitas vezes os observasse voltar à estrada com os olhos cheios de lágrimas.
— Não chore, mamãe — Elizabeth pedia então, erguendo as mãozinhas para acariciá-la. — Por favor, não chore!
— Não estou chorando — Sarah dizia. — É que entrou um cisco no meu olho. Este verão está tão seco e poeirento…
Mais tarde, quando o trabalho na cozinha estava feito, as roupas lavadas e a enorme casa limpa, elas iam para a varanda esperar o pai de Elizabeth voltar dos campos. 
Era a hora favorita da menina, que se sentava no colo da mãe, na cadeira de balanço de palhinha, ouvindo-a cantarolar cantigas de ninar e vigiando a estrada. Quando o pai surgia, ela corria para ele, que sempre a erguia no ar com o único braço que lhe restara, fazendo-a gritar de prazer, por mais cansado que estivesse.
Seu pai era o homem mais atraente do mundo, assim como sua mãe era a mulher mais bonita. 
Em outros tempos, eles haviam participado de festas maravilhosas, usado roupas lindas, e rido muito com as outras pessoas que moravam em casas enormes, ao longo do rio James. 
Então, uma coisa chamada guerra começara e as festas tinham acabado. 
Agora, a maioria daquelas casas não passava de ruínas consumidas pelo fogo, e muitas daquelas pessoas tinham seus nomes inscritos em pedras tumulares.


3 - Catherine


Um alto preço a ser pago por quebrar um tabu!

O romantismo de Catherine Bennington a impedia de aceitar os fatos.
Com a visão nublada pelos sentimentos, imaginava possível apenas amar Evan O’Connell, não importando sua origem, posição social ou dinheiro.
“Não podemos sonhar com amor!
Pobres e ricos só se dão bem quando cada um fica em seu lugar!”
As ríspidas palavras de Evan magoavam Catherine, feriam sua alma… mas expressavam a realidade que ele conhecia.
A duras penas Evan O’Connell havia aprendido a reconhecer o abismo que o separava dos ricos.
Sempre sentira na pele o desprezo dos poderosos.
Para ele, conseguir dinheiro e uma linda mulher só seria possível se sobrevivesse à oposição implacável de uma elite prepotente.
Uma história de paixão, orgulho é resistência aos poderosos!


Capítulo Um 

Boston, 31 de dezembro de 1899.
— Você não está falando sério, Catherine! — Olívia Sherman exclamou. Seu rosto sem graça refletia espanto e uma pontinha de inveja ao fitar a prima.
As duas encontravam-se no saguão superior da casa dos Bennington, na praça Louisburg. Lá embaixo, um baile estava em pleno andamento. Catherine marcava o ritmo da música com os pés, balançando o corpo levemente. 
Seu vestido branco, de seda, tinha as linhas modestas consideradas apropriadas para uma garota de dezessete anos, ainda não oficialmente apresentada à sociedade. A luz das recém-instaladas lâmpadas elétricas fazia brilhar seus cabelos dourados, arrumados em cachos suaves.
— Por que não? — ela perguntou, um rubor de excitamento colorindo seu rosto de malares salientes. — Dancei duas vezes com papai, e duas com Jimmy. É o suficiente, já que não vão me deixar dançar com mais ninguém. Se andarmos depressa, podemos voltar em tempo para o champanhe da meia— noite.
— Nem você teria o atrevimento de ir ao Carmody's — Olívia afirmou. — Você pode dizer que tem, mas não tem.
— Claro que tenho. — Com os olhos cinzentos brilhantes de excitamento, Catherine lançou um olhar para o relógio carrilhão, colocado junto à escadaria de mármore branco. — Mais algumas horas, e já será meia-noite. Um século novinho em folha vai começar! Não quero que minha única lembrança desta noite seja de tomar limonada e conversar educadamente com garotos que coram e gaguejam, cada vez que olho para eles.
Olívia quase mordeu a língua para não dizer que daria tudo para ter o mesmo problema. Perto dela, os garotos não reagiam assim. Na verdade, pareciam nem notar sua existência. 
Seu consolo era saber que tinham a mesma atitude em relação a todas as outras garotas, menos Catherine.
Mas Catherine era linda. Linda, mesmo. Todos reconheciam. As damas mais idosas da sociedade de Boston falavam dela aos mulheres da geração da mãe de Olívia eram mais discretas. 
Se tinham filhas, mantinham uma atitude alerta e desconfiada. 
Se não tinham, eram bastante tolerantes.
As garotas alguns anos mais velhas, que já haviam sido apresentadas à sociedade, fingiam não dar importância a Catherine, dizendo que ela era muito nova para contar. 
Mas todas estavam bem mais ansiosas que o normal, para arranjarem maridos. Ninguém admitia abertamente, mas segundo os rumores, vários rapazes, que já deveriam estar casados, tinham decidido esperar mais um pouco, depois de ver Catherine.

Série Bennington Calvert
1 - Sarah
2 - Elizabeth
3 - Catherine
Série Concluída