Depois de ter sido abandonada no altar, Talia Dobson sofreu uma nova humilhação: ter que casar-se com um substituto!
O irmão mais velho do seu noivo desaparecido tinha decidido enfrentar as consequências da irresponsabilidade de seu irmão.
Talia sempre havia sentido uma secreta atração por Gabriel Richardson, o muito bonito Conde de Ashcombe.
Mas depois do casamento e de uma só noite de paixão, ele a mandou para o campo sem suspeitar que esse único encontro tinha despertado dentro dela um fogo intenso, e completamente novo.
Por mais distante que estivesse sua bela esposa, Gabriel não podia deixar de pensar nela, e quando se inteirou de que uns espiões franceses a tinham sequestrado, o Conde teve medo de perder para sempre o que havia acabado de descobrir. Mas a mulher a qual tentaria salvar já não se parecia em nada com a jovem tímida que tinha enviado à sua solitária casa de campo. A nova Talia estava disposta a reivindicar de seu marido o que merecia e desejava.
Capítulo Um
Slone Square não era o melhor bairro de Londres, mas era respeitável e comodamente situado entre as áreas mais elegantes da cidade. Por regra, ali viviam membros da alta sociedade que saíam do convencional ou que preferiam evitar o burburinho de Mayfair.
E então, havia o senhor Silas Dobson.
Com a maior mansão do bairro, o senhor Dobson era o que se chamava, delicadamente, de oportunista. Outros menos delicados, diziam que era um mal educado que cheirava à classe trabalhadora, por mais dinheiro que tivesse.
Possivelmente teriam perdoado sua inadequada intromissão na alta sociedade se estivesse disposto a passar despercebido e a aceitar que sempre seria inferior aos que pertenciam à aristocracia por nascimento.
Silas, no entanto, não era dos que passavam despercebidos em parte alguma.
Grande como um touro, corpulento e com o rosto avermelhado pelo sol, era gritalhão e grosseiro como qualquer homem das centenas de trabalhadores dos armazéns e oficinas da cidade. O pior de tudo era que não pedia desculpas por ter saído dos baixos recursos para fazer fortuna no comércio.
Era o mais novo de doze irmãos, tinha começado como estivador nas docas, antes de investir no transporte de mercadorias perigosas, o que lhe tinha permitido ir comprando vários imóveis, que alugava a preços exorbitantes para companhias navais.
Era um homem inculto e sem maneiras, que havia insultado pelo menos três vezes quase todos os habitantes de Sloane Square nos últimos dez anos.
Embora não fosse tão estúpido em acreditar que poderia algum dia parecer um cavalheiro, estava disposto a valer-se de sua escandalosa fortuna para conseguir introduzir sua única filha na alta sociedade.
Uma imprudência que não lhe ajudava a reconciliar-se com os cidadãos de primeira.
A única coisa que os tranquilizavam um pouco era saber que o dinheiro e as bravatas de Dobson não poderiam nunca fazer com que sua filha tivesse êxito.
Oh, ela era bonita o suficiente com seus grandes olhos cor de esmeralda colocados em um rosto oval perfeito, nariz delicado e lábios cheios e rosados. Mas havia algo bastante… singelo e pouco sofisticado em suas curvas de cigana, e em seus cachos negros como o corvo.
Foi, no entanto, sua incomparável falta de encantos que assegurou que nunca a tirassem para dançar.
Afinal sempre haveriam cavalheiros de boas famílias que careciam de recursos. Era muito caro fazer parte da nobreza, especialmente sendo o mais novo de vários irmãos, sem o benefício de grandes propriedades para compensar o custo de estar na moda.
Com um dote que superava as cem mil libras, Talia Dobson deveria ter sido arrematada do mercado de casamentos em sua primeira temporada, mesmo com um pai grosseirão que faria seu futuro genro passar vergonha.
Mas, além da desvantagem que provinha de seu pai, a moça em questão era uma intelectual incapaz de dizer uma palavra em público, e muito menos cativar a um cavalheiro com suas paqueras. O resultado de tal combinação era que todo mundo lhe tinha pena e fugiam dela como da peste.
Os membros da alta sociedade pareciam desfrutar dos fracassos de Talia. Estavam convencidos de que serviria de lição ao odioso senhor Dobson, e de exemplo para outros oportunistas que acreditassem que poderiam instalar-se entre a aristocracia graças a seu dinheiro.
Talvez não estivessem tão satisfeitos se conhecessem a Silas Dobson, como o conhecia sua filha.
O filho de um mero açougueiro não teria adquirido um pequeno império, a menos que não tivesse a absoluta determinação de superar qualquer obstáculo. A qualquer custo.
Consciente da implacável força de vontade de seu pai, Talia estremeceu ao ouvi-lo gritar pelos quartos abobadados da elegante casa.
—Talia. Talia, responda-me! Maldição onde está essa menina?
Era um homem inculto e sem maneiras, que havia insultado pelo menos três vezes quase todos os habitantes de Sloane Square nos últimos dez anos.
Embora não fosse tão estúpido em acreditar que poderia algum dia parecer um cavalheiro, estava disposto a valer-se de sua escandalosa fortuna para conseguir introduzir sua única filha na alta sociedade.
Uma imprudência que não lhe ajudava a reconciliar-se com os cidadãos de primeira.
A única coisa que os tranquilizavam um pouco era saber que o dinheiro e as bravatas de Dobson não poderiam nunca fazer com que sua filha tivesse êxito.
Oh, ela era bonita o suficiente com seus grandes olhos cor de esmeralda colocados em um rosto oval perfeito, nariz delicado e lábios cheios e rosados. Mas havia algo bastante… singelo e pouco sofisticado em suas curvas de cigana, e em seus cachos negros como o corvo.
Foi, no entanto, sua incomparável falta de encantos que assegurou que nunca a tirassem para dançar.
Afinal sempre haveriam cavalheiros de boas famílias que careciam de recursos. Era muito caro fazer parte da nobreza, especialmente sendo o mais novo de vários irmãos, sem o benefício de grandes propriedades para compensar o custo de estar na moda.
Com um dote que superava as cem mil libras, Talia Dobson deveria ter sido arrematada do mercado de casamentos em sua primeira temporada, mesmo com um pai grosseirão que faria seu futuro genro passar vergonha.
Mas, além da desvantagem que provinha de seu pai, a moça em questão era uma intelectual incapaz de dizer uma palavra em público, e muito menos cativar a um cavalheiro com suas paqueras. O resultado de tal combinação era que todo mundo lhe tinha pena e fugiam dela como da peste.
Os membros da alta sociedade pareciam desfrutar dos fracassos de Talia. Estavam convencidos de que serviria de lição ao odioso senhor Dobson, e de exemplo para outros oportunistas que acreditassem que poderiam instalar-se entre a aristocracia graças a seu dinheiro.
Talvez não estivessem tão satisfeitos se conhecessem a Silas Dobson, como o conhecia sua filha.
O filho de um mero açougueiro não teria adquirido um pequeno império, a menos que não tivesse a absoluta determinação de superar qualquer obstáculo. A qualquer custo.
Consciente da implacável força de vontade de seu pai, Talia estremeceu ao ouvi-lo gritar pelos quartos abobadados da elegante casa.
—Talia. Talia, responda-me! Maldição onde está essa menina?