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17 de julho de 2014

O Cavalheiro de Ouro




















Capítulo Um

Bamfleigh, Sussexm Junho, 1803
Jenny Dell tinha uma habilidade especial para se movimentar em silêncio  e na escuridão, senão nunca teria conseguido viver tanto nem tão  grandiosamente como até ao momento.
Sem acender sequer uma vela, continuou a mexer-se pelo quarto escuro, os seus pés tão silenciosos como as patas de um gato.Os donos daquela  estalagem tinham recebido Jenny e o seu irmão de braços abertos quando lhes tinham alugado os seus dois melhores quartos, contudo, Jenny sabia que aquelas calorosas boas-vindas teriam sido muito diferentes se soubessem que Rob e ela estavam quase a fugir a meio da noite.
Jenny lamentava imenso o que iam fazer, pois gostava daquela casa e dos quartos com vista para um prado magnífico, coberto de flores cor-derosa. No entanto, Rob tinha os seus motivos, embora ainda não os tivesse partilhado com ela. Assim que o  fizesse, dir-lhe-ia também que havia sempre outra casa magnífica à espera na próxima colina, cheia de pessoas contentes por desfrutarem da companhia de dois jovens elegantes como Jenny e Rob e de partilharem as suas imensas fortunas com eles.
O que tinha isso de mal?
Jenny tirou os seus três vestidos do roupeiro e colocou-os rapidamente no pequeno baú de viagem. Embora fosse nuito limitado por causa das viagens, o seu vestuário era sempre muito refinado.
Musselinas da Índia, com laços de seda muito cara, combinações da Holanda e suaves xailes de caxemira. Rob considerava que nunca se devia poupar na roupa e, na verdade, era mais fácil para Jenny comportar-se como uma dama quando se vestia como tal. 
Rob herdara a astúcia do seu pai, o que, especialmente naquele momento, Jenny não devia esquecer.
Em algum lugar da casa, ouviram-se as três badaladas de um relógio que fizeram com que Jenny se apressasse.
Rob estava à sua espera na estrada. Fechou o baú e, com a perfeição da prática, passou um lençol pelas correias de couro antes de se dirigir à janela para descer o vulto com muito cuidado, até o depositar sobre a relva fofa.
Respirou fundo duas vezes antes de se empoleirar na janela e atirar-se sobre a relva. No chão, agarrou em todas as suas coisas e correu, descalça, através do prado. A estrada não estava longe e, mesmo apenas com a escassa luz de uma lua quase nova, não demorou a ver a carruagem alugada que a esperava entre as sombras.
– Alguém te viu, pequena? – perguntou Rob, carregando o baú.
– Ninguém – respondeu quase sem fôlego. – Está toda a gente a dormir. Já podes dizer-me porque temos de fugir hoje?  Porque não temos outra escolha – respondeu. – Temos de o fazer. Jenny olhou para ele com impaciência. A maioria das coisas que faziam era porque não tinham escolha. A sua vida já era bastante insegura sem que Rob lhe escondesse os detalhes.
– Eu pensei que estivesse a correr tudo bem com sir Wallace – argumentou.
– Como ele te pedia opinião sobre aqueles livros velhos da sua biblioteca, pensei que ficaríamos, pelo menos, mais duas semanas e que nos iríamos embora com algum dinheiro nos bolsos.
– Também eu