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27 de fevereiro de 2015

O Destino de Coraline Smith







Coraline Smith decidiu que quer estudar em Oxford.

Sempre lhe interessaram os livros, o saber, mas também o esporte, em especial o incipiente futebol.
O único pequeno problema é que uma mulher não pode estudar nessa universidade, não pode ter haver com o masculino ambiente futbolístico. 
Então, faz o que qualquer garota faria; corta o cabelo, usa umas costeletas falsas, consegue um trabalho de cronista esportivo, ingressa na universidade sob o nome falso do Corl Smith.
Tudo vai bem até que se topa, literalmente, com David Flint, um professor e capitão do novíssimo selecionado inglês.
Davis Flint é um dos professores mais destacados de Oxford, reconhecido por seus pares e entusiasta treinador e jogador da seleção inglesa de futebol. 
Sua vida gira em torno dos livros e ao campeonato que se disputa entre a Inglaterra, Irlanda, Gales e Escócia. Nenhuma mulher o afastou jamais desse universo que construiu. Então, não entende os sentimentos que começa a desenvolver por esse moço um tanto feminino, que estuda em Oxford, que vai aos treinamentos, que bebe cerveja com eles, que se faz chamar Corl Smith. Sabia que ela não era desse tipo de mulher. Não. Ela somente se disfarçava de homem. 

Capítulo Um

 “Desastre irlandês 26 de janeiro passado deu inicio a atual edição da British Home Championship, torneio de futebol no que participam as seleções nacionais da Inglaterra, Escócia, Irlanda e Gales.
A primeira partida do campeonato teve lugar no Ulster Cricket Ground do Belfast. Enfrentaram-se as equipes da Irlanda e Escócia.
 Apesar de jogar em casa, frente a seu público, Irlanda não pôde levar a iniciativa do jogo, mas sim se viu superada em todo momento por uma excelente seleção escocesa, que assinou um grande início de campeonato.
Devido às intensas chuvas de dias anteriores, o estado do campo não era o mais idôneo. Com tudo e depois do chute inicial, Escócia interceptou a bola e desfrutou do jogo ao longo dos noventa minutos, ante a inoperancia rival.
Brilhou graças a uma técnica depurada e um toque de bola rápido e preciso. O primeiro gol se produziu no minuto dezessete, depois de uma jogada embaralhada dentro da área local. John Gouide conseguiu abrir o marcador e encarrilhar a partida depois de um golpe certeiro com a perna direita, com o que bateu ao goleiro irlandês.
Sobre tudo, terá que destacar as atuações dos dianteiros James Gossland e William Harrower que, com dois gols cada um, conseguiram um resultado final para sua equipe de cinco gols a zero.
Cabe mencionar ao J. C. Miller, o melhor interior escocês que, apesar de não marcar, foi dos mais destacados do encontro. Recém começando o campeonato, ainda é cedo para dizer quem será o vencedor, mas sim posso assegurar que, se a Irlanda não trocar de atitude e de tática de jogo, podemos apostar seguramente a que será o último no campeonato.
C.S. The Manchester Guardian, segunda-feira, 28 de janeiro de 1884.” 
 — Maldição! —exclamou Coraline quando ouviu o gongo do relógio— Está se fazendo tarde. —Fechou o periódico e o deixou em cima da mesa, de uma vez que apurava sua taça de chá— Tenho que ir, avó. —Empurrou a cadeira para trás, com um ruído. 
A senhora Atkinson observou com horror como se levantava sua neta da mesa.
 — Coraline, não seja mal educada! Essa não é forma de tomar um chá. —Deu um sorvo delicado de sua própria taça — Nem de levantar-se de uma mesa — acrescentou enquanto a olhava por cima dos óculos. 
— Sim sei — concordou resignada a jovem — perdoa. —Deu-lhe um beijo na têmpora, sem lhe dar mais importância — Tentarei melhorar, prometo-lhe isso.
 — P... mas o que é que tem posto? — exclamou a senhora Atkinson, escandalizada.
 — Agora não tenho tempo — gritou Coraline da porta — lhe explicarei isso tudo mais tarde. Quero-te, avózinha. Adeus!
A honorável senhora Atkinson não ficou mais remédio que manter sob controle seu estupor, se queria evitar as fofocas do serviço. Alguém tinha que guardar o decoro na família, assim que o melhor que podia fazer era terminar seu agradável café da manhã da forma mais elegante possível. Já teria tempo de descobrir o que trazia entre mãos sua neta. — Ah! — suspirou a mulher em voz alta — Essa menina saiu igualzinha ao escocês de seu pai. Não possui uma só gota do sangue inglês de minha querida filha. Susan deveria ter vigiado mais à menina. Pobre da minha filha, o que estará padecendo entre tantos selvagens.
Coraline não escutou nem um só lamento do que dizia sua querida avó, mas podia imaginá-los. Mantinha toda sua atenção em subir os degraus de dois em dois, sem matar-se.
Fazia seis meses que tinha elaborado o plano e, por fim, tinha chegado o grande dia. Tinha conseguido que seus pais a enviassem a casa de sua avó, Annabel Atkinson, e a deixassem sob sua tutela.
Sua mãe, ao princípio, tinha estado em desacordo por ter que separar-se de sua preciosa filha, mas, depois de refletir mais ou menos durante três minutos, tinha concluído que era a melhor opção. Sobre tudo ao ter em conta o estranho comportamento que Coraline tinha tido os últimos meses. 
Decidiu que não lhe viria nada mal a influência de sua avó, uma inglesa de alta berço. Além disso, elas se adoravam e passavam pouco tempo juntas por certas circunstâncias familiares. Entretanto, custou-lhes um tremendo esforço convencer ao pai.