Ele veio invadir a terra dela... em vez disso ele encantou o seu coração
— O que pretende fazer comigo? — perguntou ele.
— Ainda não decidi — disse ela.
— Se vais me matar, — rosnou ele —Acaba logo com isto.
Ela franziu o cenho. Matá-lo? A sangue frio? Obviamente, ele não sabia nada sobre cavalheirismo. Ela endireitou-se com orgulho, plantando o atiçador de brasas entre os pés como uma lâmina. — Não posso fazer isso. Ao contrário de ti, o meu sentido de honra impede-me de matar homens desarmados.
Ele levantou uma sobrancelha em zombaria. — Dá-me uma lâmina então — sugeriu ele.
Avril deu-lhe um sorriso sardônico. Ela não era tão imprudente a ponto de pensar que podia facilmente triunfar sobre um gigantesco homem nórdico. Mas ela não apreciou sua atitude insultuosa. — Posso ser honrada, mas não sou suave.
Ele deu-lhe um meio sorriso. — Você parece suave para mim.
A compostura dela escorregou, mas só por um instante. — Garanto-te que não serias o primeiro homem que deixei coxeando no campo de batalha.
Os olhos dele estreitaram-se sugestivamente. — E tu não serias a primeira mulher que deito sobre suas costas.
Capítulo Um
O Século IX, Ao Largo da Costa leste de Pictland
O último som ameaçador que Brandr ouviu, antes que o oceano gelado se fechasse sobre sua cabeça, bloqueando o rugido da tempestade e o estrondo das ondas, foi o estalido alto do seu barco longo1 se dividindo.
A corrente arrastava através do seu manto de pele de foca e botas, puxando-o para baixo. Mas com o seu único braço ainda útil, ele conseguiu abrir caminho até à superfície. Ofegando com ar gelado em seus pulmões quando ele atravessou as ondas, ele piscou de volta a água salgada ardente, tentando ver na noite negra implacável. As lanternas do barco tinham-se apagado. Nenhuma luz veio da costa distante. Até as estrelas confiáveis estavam escondidas atrás das nuvens de tempestade.
— Erik! — gritou ele — Erik! Gunnarr! Haral...
Um gole de água do mar sufocou os seus gritos. Ele lutou para se manter acima das águas turbulentas no frio paralisante, tentando escutar seus companheiros de navio. Mas tudo o que podia ouvir era o uivar do vento, o bater das ondas e o estraçalhar da madeira quando sua embarcação era atirada contra as rochas.
Um clarão de relâmpago dividiu o céu, ziguezagueando como a lança vingadora de Thor para enegrecer a madeira do mastro. Antes que Brandr pudesse imaginar o que tinha feito para ofender o deus, o trovão abalou os céus, e o topo do mastro explodiu em faíscas, inflamando a vela quadrada. Por um momento, parecia que o dragão pintado no tecido estava respirando fogo.
O Naufrágio – Glynnis Campbell
À luz da vela flamejante, Brandr pôde ver a extensão dos danos no seu navio. O casco estava partido. As cordas estalavam de forma descontrolada com o vento uivante. Os caixotes e remos deslizaram para o mar. E a sua tripulação...
Tremendo de frio e dor, lutando contra a maré, ele chamou sobre o rugido da tempestade até ficar rouco. Ele encontrou quatro dos seus homens. Estavam mortos.
A chuva finalmente conseguiu extinguir as chamas dos destroços. Brandr – espancado pela tempestade, devastado pela perda e exausto demais para se importar com o que lhe acontecia – usou suas últimas forças para escalar a proa estilhaçada de seu navio Longship1 e resignou-se ao capricho dos deuses.
— Fique perto!
Série Donzelas Guerreiras
0.5 - O Naufrágio
1 - A Donzela Guerreira
2 - A Donzela Feroz
3 - A Donzela Ardilosa
3.5 - Um Beijo no Natal
Série concluída
0.5 - O Naufrágio
1 - A Donzela Guerreira
2 - A Donzela Feroz
3 - A Donzela Ardilosa
3.5 - Um Beijo no Natal
Série concluída