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26 de junho de 2018

O Sabor do Céu

Libby Ross escapou da traição e do desengano em Chicago quando chegou a Montana esperando um novo começo, filhos, e um bom lugar para criá-los. 

Em troca, descobriu que tinha sido enganada de novo pelo cowboy que a converteu em sua noiva por correspondência. Ele morreu, deixando-a sem dinheiro, sem um lugar para onde ir, e sem mais recursos que sua própria engenhosidade. Então soube acerca do Rancho A Estrela Polar e seu dono, Tyler Hollins. 
Apesar de toda uma vida de recordações dolorosas, Tyler tinha as mãos cheias de seus problemas mais imediatos. A metade de seu gado tinha se perdido durante o pior inverno registrado e seus cowboys estavam a ponto de abandoná-lo se não fosse capaz de encontrar um cozinheiro decente. Libby Ross atendia os requisitos. 
Ela nunca vira um homem tão atraente com um temperamento tão azedo, mas percebeu o desejo escondido atrás da parede que Ty construíra para manter todos afastados...um desejo tão intenso que quase rompeu o coração da jovem. Chocaram-se desde o início, mas poderiam lutar entre si, ou lutar juntos para ver seus sonhos se tornarem realidade...

Capítulo Um

Libby Ross saiu e fechou cuidadosamente a porta atrás dela, certificando-se que estava corretamente firme. Era algo sem sentido, sabia, mas o fez igualmente. A àquela hora da manhã, fazia frio no terraço amplo e em tão péssimo estado. 
Durante o inverno, aquele lado da casa permanecia na sombra durante a maior parte do dia, mesmo quando o sol brilhava. Aquele fato lhe servira muito durante o mês anterior, sobretudo quando a terra ainda estava congelada. Enquanto pensava, sua mão se apertou espasmodicamente contra sua bolsa, com a qual tinha chegado em setembro passado. 
Não tinha vindo com muito, exceto com a esperança, e de alguma maneira se sentia como se estivesse partindo com menos ainda. Acima, no céu, que parecia não ter fim, as nuvens cobriam o sol. Libby levava com ela apenas os objetos pessoais que trouxera no outono passado, e com os quais enchera o baú depois de subi-lo a uma carreta velha. 
Também levava a Winchester de Ben, que a protegeria se precisasse. Não tinha muita habilidade com a arma, mas pensava que se tivesse de enfrentar a necessidade de usá-la, aprenderia rápido o suficiente. Não tinha mais nada na casa que pudesse lhe interessar ou ser de ajuda. Alguns pedaços quebrados de móveis e uma miscelânea de coisas sem valor que reunidas durante a vida austera de solteiro de Bem, era sua herança como viúva. 
Subiu à carreta e pegou as rédeas, olhando ao ruão magro que tinha demorado mais de uma hora para enganchar. Estava com um aspecto lamentável, e a preocupava ter que fazer aquela viagem até a cidade de Heavenly. Que o cavalo tivesse sobrevivido ao inverno já era um milagre, pelo qual ela estava profundamente agradecida, por ser seu único meio de transporte ali. Mas Libby sabia que teria caminhado, até mesmo se arrastado de joelhos se fosse necessário, só para escapar dali, e de Montana. 
Não tinha muito dinheiro, mas certamente tinha o suficiente para comprar um bilhete para chegar a qualquer parte fora daquele território. Aquele era seu objetivo imediato. Para onde iria, e o que faria quando chegasse seriam preocupações que poderia deixar para mais tarde. Não era um grande plano, mas era o melhor que sua inchada mente podia conceber. 
Seu primeiro destino seria Heavenly, a cidade mais próxima, a vinte e cinco quilômetros ao este. Vira-a somente uma vez, e fora no outono passado quando subira naquela diligência. Enquanto estava na rua piscando contra o sol, com seus olhos de uma jovem de cidade, para a ordinária e decepcionante paisagem com um saloon e algumas lojas que se levantavam da artemisia. Mas depois de meses sem ver outra paisagem, a não ser uma vazia pradaria coberta de neve, no olho de sua mente, Heavenly, Montana, tinha alcançado a altura de sua homônima. Guiando o cavalo para o caminho, não olhou para o casebre miserável onde tinha passado aquele inverno exaustivo e interminável, mas deu uma breve olhada sobre o túmulo de Ben. No dia anterior, depois de terminar seu enterro, marcara o lugar com uma cruz mal feita, com duas colheres de madeira, amarradas em seu cruzamento com uma fita de um de seus aventais. Não era nada luxuoso, mas era o melhor que conseguira fazer, e tudo o que Ben merecia por todas as mentiras que lhe contara para atraí-la até ali. 
De ambos os lados da estrada que conduzia para fora da propriedade, a pradaria estava cheia de abrigos de gado marrons sarnentos e mortos, revelados pela neve derretida. Estremeceu diante da sensação térmica. Parecia como se nunca tivesse se sentido quente o suficiente. Inclinou a cabeça por um instante contra a dor de saber que estava totalmente sozinha no mundo. Rapidamente agitou as rédeas sobre o lombo do cavalo para acelerar sua saída daquele lugar.