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12 de novembro de 2010

O Segredo de Cassandra

Laurie Brown











Londres, 1854
Tudo começou com uma pequena mentira...

Para pagar as dívidas da família, Anne Weathersby aventura-se secretamente na carreira de escritora de romances.
Um inesperado acidente leva Anne a salvar a vida do irreverente conde de Marsfield.


Relutante em revelar sua verdadeira identidade, ela se apresenta ao conde como Cassandra, seu pseudônimo de escritora, para em seguida desaparecer sem aviso... Incapaz de esquecer a amável jovem que o socorreu, o conde de Marsfield não desiste de vasculhar ruas, salões de jogo e casas noturnas, à procura da encantadora Cassandra que desapareceu misteriosamente depois de cativar seu coração...

Prólogo

Guerra da Criméia, Balaklava, Rússia Outubro, 1854
— Ampute, e será um homem morto. — O cirurgião inclinou o rosto cansado para seu paciente.
— Estou tentando salvar sua vida, capitão Crosslee. — Stephen Michaels, conde de Marsfield, apertou com força o braço do médico, tentando ignorar os outros homens nos demais leitos da enfermaria imunda do hospital.
Confessar sua verdadeira identidade era impossível.
Mesmo que seu título de nobreza pudesse lhe auferir melhor tratamento médico, sua missão ficaria em perigo.
—A ferida está supurada — disse o cirurgião, franzindo a testa.
— Mas não há gangrena.
O homem mais velho arqueou as sobrancelhas.
— E onde foi que recebeu treinamento médico para afirmar isso, senhor?
Marsfield cerrou os dentes ante a dor. Se não convencesse o médico teimoso, poderia acordar mais tarde sem a perna esquerda.
— Vi o suficiente nos últimos sete dias para avaliar minhas próprias condições. Assumo o risco.
— Não se trata de um jogo de cartas, homem! Consciente de seu disfarce de oficial de Cavalaria desleixado,
Marsfield deu de ombros.
— Sou um jogador, ora essa!
— Então vou usar uma metáfora que compreenderá. Trata-se da sua vida e suas cartas não são boas.
Marsfield não queria perder tempo discutindo sobre sua vida.
— Mesmo que a ferida cicatrize — continuou o médico, — jamais poderá caminhar de novo com a perna esquerda. Seria me¬lhor usar outra de pau. Acabe logo com essa mão azarada no jogo, e espere a próxima rodada.
— Continuo dizendo que não.
— Então morrerá em poucos dias. Posso ordenar...
— Desculpe, senhor.
O soldado Kirby, ordenança de Marsfield, postou-se entre os dois homens.
Depois de deixar no chão alguns embrulhos, o homenzinho belicoso exibiu uma pistola de cano muito longo, e começou a polir o tambor usando um trapo com óleo, e fazendo o cirurgião sair quase correndo.
— Encontrei um lugar — sussurrou Kirby. — É limpo e tranqüilo.
Em silêncio Marsfield fez uma prece pelo ordenança que, de modo miraculoso, descobrira comida decente e roupas quentes após a batalha.
O inferno devia ser parecido com Balaklava, pensou. Kirby salvara-lhe a vida e a sanidade mental.
— Pensei que não nos sobrara ouro suficiente para conseguir um quarto — replicou.
— E não sobrou mesmo, mas falei com o criado de um rico mercador ou embaixador árabe.
— Verdade?
— Não tenho ainda muita certeza, porque o homem não fala inglês muito bem, mas pelo que entendi, o amo o deixou para trás com a família, apressado em partir antes que a luta começasse. Ninguém quer ficar naquela casa de muçulmanos, porém há muito espaço e não lhe cobrarão nada.
—Em geral quando a esmola é grande o santo desconfia, Kirby. O ordenança hesitou por um instante para logo esclarecer.
— Teremos de levar o árabe e sua família conosco quando sairmos da Rússia.
— Quê?! — O conde olhou de um lado para o outro a fim de se certificar de que ninguém os ouvia, e completou em voz baixa. — Sabe muito bem que não posso!