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12 de janeiro de 2018

O Segredo de Pemb.Park

Segredos e omissões. Sombras e ruídos. Fantasmas e farsantes. Verdades e subterfúgios. Amor ou… morte?

Abigail Foster é uma mulher prática. Teme acabar solteirona, até porque o seu pequeno dote e o fato de que o único homem que ela acreditava que pediria a sua mão, um amigo de toda uma vida, parece que se apaixonou pela sua irmã caçula, mais bonita do que ela. Enfrentando a ruína financeira, Abigail e o seu pai procuram alojamento mais modesto, até que um estranho advogado aparece com uma oferta irrecusável: viver em uma longínqua casa senhorial que está abandonada há dezoito anos. Os Foster empreendem viagem para a imponente mansão de Pemb.Park e, ao chegar, encontram-na tal e qual como os seus últimos habitantes a deixaram, em sua repentina partida: as xícaras de chá ressecadas, as camas desfeitas, uma casa de bonecas abandonada a meio de uma brincadeira…
Apesar do atraente pastor do povoado dar-lhes as boas-vindas, tanto ele, quanto a sua família parecem saber algo do passado da casa, mas a única informação que dão a Abigail é uma advertência: cuidado com intrusos que possam chegar atraídos pelos rumores de que em Pemb.Park há um quarto secreto que alberga um tesouro.
Com a esperança de melhorar a situação financeira de sua família, Abigail procura o quarto secreto, mas a chegada de cartas anônimas dirigidas a si mesma, com pistas a respeito de dito quarto e informações assombrosas sobre o passado da casa, levam-na a descobrir coisas muito mais surpreendentes.
Quando os segredos saírem à luz, poderá Abigail encontrar o tesouro e o amor que tanto busca… ou um perigo muito real a espera?

Capítulo Um

Março 1818

O estojo estava aberto sobre a secretária. As esmeraldas verdes brilhavam fazendo contraste com o veludo negro do forro. Tinham herdado o conjunto de colar e bracelete por via da família Foster. A família de sua mãe não tinha pedra preciosa alguma para transmitir. E logo nenhum dos dois lados da família teria.
Quando o seu pai fechou o estojo, Abigail fez uma careta de dor, como se acabassem de dar-lhe uma bofetada.
― Despeçam-se das joias da família ― assinalou o seu pai ― Suponho que terei de vendê-las com a casa.
De pé, de frente para a secretária, Abigail apertou os punhos.
― Não, papai, as joias não. Tem de haver outra forma de… Tinha quase passado um ano desde que Gilbert se fora da Inglaterra. Tempo durante o qual também tinha completado o seu vigésimo terceiro aniversário. Na véspera da partida dele, quando ela predisse a incerteza de seu futuro, não havia pensado vir a estar tão certa.
No que tinha estado pensando? Só porque dirigia uma casa grande e tinha o pessoal a seu cargo, não significava que soubesse alguma coisa sobre investimentos. Considerava-se uma dessas pessoas que estava acostumada a avaliar as coisas com cuidado, a ponderar os prós e os contras antes de atuar, quer se tratasse da escolha de uma nova costureira, quer da contratação de uma nova criada. 
Abigail era a filha sensata e sempre se orgulhou de tomar as decisões mais lógicas. Por isso a sua mãe tinha delegado a ela a maior parte das decisões referentes à gestão do lar. Até mesmo o seu pai tinha a sua opinião muito em conta antes de fazer qualquer coisa.
Agora estavam à beira da ruína… e tudo por sua culpa. Fazia pouco mais de um ano que tinha encorajado o seu pai a investir no novo banco do tio Vincent. O irmão de sua mãe era o seu único tio e sempre tinha tido muito carinho por ele. Era um homem encantador, entusiasta e um eterno otimista. 
Ele e os seus sócios, o senhor Austen e o senhor Gray, eram proprietários de outros dois bancos e quiseram abrir um terceiro. O tio Vincent tinha pedido a seu pai que o avalizasse com uma importante soma de dinheiro e este, influenciado pela própria Abigail, tinha aceitado.
Inicialmente, os bancos foram um sucesso. Mas os sócios começaram a contrair empréstimos excessivos e muito arriscados, chegando mesmo a contraí-los entre si. Com o tempo, conseguiram vender um dos bancos, mas tiveram muitas dificuldades para manter os outros dois. O banco novo terminou a sua atividade em novembro e fazia apenas uma semana que o primeiro banco tinha falido, o que obrigou os sócios a declararem bancarrota.
Abigail mal podia acreditar. Seu tio tinha estado tão convencido de que os bancos funcionariam que a tinha contagiado com o seu entusiasmo.
Sentado em seu escritório, seu pai colocou o estojo a um lado e deslizou um dedo pelo livro de contas.
Ela esperou o seu veredicto com as palmas suadas e o coração pulsando rapidamente.
― É muito grave? ― perguntou, retorcendo as mãos.
― Bastante.