Mostrando postagens com marcador Olga Daniels. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Olga Daniels. Mostrar todas as postagens

17 de fevereiro de 2010

Ao Encontro do Amor





Quando o conde Thurton pediu a sir Guilhoumme de Heigham para retirar sua sobrinha do convento, ele não imaginou que encontraria o grande amor de sua vida.

Menos ainda que fosse correspondido.
Mas o conde Thurton não estava disposto a deixar que esse amor florescesse seus planos maquiavélicos poderiam separar os apaixonados para sempre.
Guilhoumme tinha motivos de sobra para detestar o conde, mas precisava se controlar para não demonstrar quais eram seus planos.
Ele tinha certeza de que seus esforços para proteger Margheritte poderiam colocá-la em perigo

Capítulo Um

Inglaterra 1539
Era dia de mercado em Norwich, e a cidade estava cheia.
As pessoas que habitavam a zona rural e as pequenas aldeias ao redor tinham vindo, trazendo animais e produtos de seu trabalho para vender.
Tudo o que podia ser vendido estava exposto em cestas ou pendurado em pequenas barracas. Naquela quente manhã de verão, também aqueles que viviam dentro dos enormes muros da cidade fortificada estavam do lado de fora, ajudando a lotar as ruas muito estreitas.
E faziam-no barganhando, vasculhando entre as mercadorias, bebendo e comendo, ou apenas juntando-se a conhecidos e amigos para partilhar algumas novidades.
Lady Margheritte Thurton procurava abrir seu caminho de volta ao convento, levando um cesto de vime numa das mãos.
Erguia as saias vastas do vestido, numa tentativa vã de não sujá-las na lama ou de evitar os respingos provocados pela passagem de algum cavalo, ou, ainda, e muito pior do que isso, procurando não sujá-las no lixo que era lançado das janelas mais altas das residências que ladeavam a via.
Margheritte buscava seu caminho, como todos os demais, e, como todos também, estava usando trajes bastante simples.
Passou, apressada, por Goat Lane, e depois por Pottergate, sabendo que ficara fora durante tempo demais, já que encontrara a pobre e doente Betsy Carter tão mal que quase não podia erguer-se do leito de palha em que se encontrava, retorcida pela artrite. Dera-lhe uma dose do remédio à base de ervas que preparara usando plantas das vizinhanças de Norwich e dos jardins do convento.
A senhora idosa agradecera-lhe num murmúrio, abençoando-a pela bondade que percebia em seu gesto.
Estava tão doente e fraca que Margheritte hesitara em deixá-la, pois não havia ninguém que pudesse olhar por ela, a não ser seu marido, Davy, que era cego e pouco inteligente, e que passava mais tempo fora de casa do que em sua companhia.
Caminhando, Margheritte lembrava-se ainda das palavras que a doente lhe dissera, num esforço enorme:
— Fiquei muito triste ao saber do falecimento de sua mãe, minha querida. Lembro-me ainda tão bem da primeira vez em que ela a trouxe para me ver! Você era tão pequenina...
— Isso deve ter sido há catorze anos, sra. Carter. Eu tinha três anos, naquela época — Margheritte comentara, bastante emocionada.
Sua mãe, lady Elizabeth Thurton, era uma viúva recente naquela ocasião, e fora obrigada a fugir quando seu terrível cunhado, Edmund, o conde Thurton, apossara-se de todas as propriedades de seu irmão mais velho: o castelo, as terras vastas e as riquezas.
E a pobre e desesperada viúva não tivera forças suficientes para resistir às ameaças dele. Quando protestara, chegara a sofrer ameaças físicas em relação a si mesma e a sua filha pequena, Margheritte.
Assim, lady Elizabeth se abrigara no convento nos arredores de Norwich, onde a madre superiora era uma parente distante. Ela as recebera com frieza, mas, como parte de suas obrigações religiosas, forneceu tudo de que precisavam, incluindo a privacidade de pequenos aposentos, dado seu status nobre.
Ali tinham vivido com conforto modesto, de maneira frugal e segura.
Margheritte não conhecera nenhum outro tipo de vida.
Agora, porém, tudo estava prestes a mudar.
O rei Henrique VIII promulgara um edito que estabelecia a dissolução de todas as casas religiosas, incluindo o convento beneditino.
O futuro era incerto para todas as residentes, e Margheritte não tinha para onde ir. O que sabia com certeza era que não possuía nenhuma inclinação religiosa.
E calafrios de pavor costumavam passar por sua espinha cada vez que se atinha à realidade.