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20 de abril de 2014

Panteras

A história de um amor interrompido por uma traição e de uma vingança tramada por quatro mulheres ferozes, belas e inteligentes como panteras.
O desamor é o pior golpe que a vida pode te dar... O que resta para uma mulher quando a acusam por um delito que não cometeu? No que pode se apoiar uma dama quando os ombros que deviam consolá-la desaparecem? Como recompõe uma jovem apaixonada seu coração despedaçado?
Muitos pensarão que essa pobre desgraçada que viveu na época georgiana pisoteada pelos homens, não teve um bom final. Mas se fosse assim, não poderia contar esta história a vocês, nem jamais conheceriam as esplêndidas mulheres que ocupam estas páginas, nem saberiam do clube clandestino que se fundou em pleno coração da Inglaterra, desafiando a tudo e a todos. Uma história de amor jamais contada cheia de erotismo, aventuras e emoções à flor da pele. Um desafio a toda regra. Quem está livre de culpa, que atire a primeira pedra.
Una-se às Panteras!

Capítulo Um

Fevereiro de 1803
Gloucester, Inglaterra

Ler. Ler. Ler.
Dentre todos os verbos que conhecia, esse, da segunda conjugação, era seu favorito. As capas daquelas obras preciosas que adornavam as estantes da biblioteca do duque do Gloucester, seu pai, abriam-se somente para ela, em um silêncio de suprema coragem e uma solidão que Katherine Doyle valorizava mais que sua própria riqueza.
Agora que havia tornado a discutir com ele, necessitava mais do que nunca um refúgio onde meditar, e o encontrava ali, rodeada de prateleiras.
A luz do sol do entardecer entrava pelas amplas janelas, banhando os dedos nus dos seus pés que saíam por debaixo do seu vestido como se demonstrassem que não tinham medo de aparecer no exterior. Kate secou as lágrimas com o dorso da mão e apoiou a cabeça na estante de carvalho.
Não era nenhuma novidade a razão pela qual seu pai e ela mantinham posturas opostas.
Era uma mulher que tinha tudo: beleza, inteligência, um dom muito valioso para a música, dinheiro e poder. Deveria ter as inquietações superficiais de toda dama da aristocracia: encontrar marido, casar-se, ter filhos, organizar festas, ocupar-se do pessoal de serviço e dirigir as contas da casa.
Deveria desejar cumprir todas essas funções femininas, o destino outorgado a um sexo que se autoconsiderava fraco: um gênero valorizado como um mero objeto ornamental em um mundo dominado pelos homens.
E, por fim, a diferença consistia em uma só coisa: por ter seios e vulva, em vez de pênis e testículos, seriam sempre, aparentemente, bens ilegítimos dos homens.
E Kate, com sua rebeldia e seu caráter, não estava de acordo com isso.
Assim, ler tinha sido e seria seu verbo preferido, porque através dos livros visitava mundos que desconhecia, culturas antigas e realidades que lhe tinham censurado.
Infelizmente, o exemplar que tinha entre as mãos nesse momento foi o motivo da disputa com seu pai.