Da: Ala dos empregados.
Para: O quarto do patrão.
Meg fugiu para casar, e assim se livrou das regras rígidas de seu pai, um reverendo.
Ao enviuvar, tudo o que ela mais desejava era voltar a viver com as irmãs.
Porém, não dispunha de recursos para pagar uma passagem de navio.
Ao encontrar o major Brandon inconsciente no porto de Bordeaux, aproveitou a chance para fingir ser sua esposa e embarcar com ele para a Inglaterra.
Meg havia conseguido o que queria; porém precisava ser tão mandona? E irresistível também?
O tempo passado em guerras pesava na alma de Brandon, de modo que ele não teria serventia como marido.
Mas poderia aproveitar Meg como sua empregada!
E, é claro, dar-lhe total acesso ao seu quarto de patrão...
Capítulo Um
20 de abril de 1814, Bordeaux
A brisa afunilada pelo estuário do rio Gironde, vinda do mar, era gelada, e Meg se encolheu no xale em tomo dos ombros.
Havia muito tempo que não comia, e sua mala, onde guardara a pelissa, estava perdida em algum lugar no campo de batalha de Toulouse, numa carroça abandonada.
Era por isto que tremia, não de medo.
Um grupo de pessoas se aproximava pelo cais, em direção ao navio, ancorado um pouco mais adiante e que iria para a Inglaterra.
Um grupo de pessoas se aproximava pelo cais, em direção ao navio, ancorado um pouco mais adiante e que iria para a Inglaterra.
Ela endireitou os ombros e ergueu o queixo.
Era importante que parecesse respeitável, competente e de modo algum necessitada.
Uma daquelas pessoas, certamente, gostaria de ter um par de mãos disposto a ajudar na viagem de volta em troca de uma passagem.
Uma daquelas pessoas, certamente, gostaria de ter um par de mãos disposto a ajudar na viagem de volta em troca de uma passagem.
Não parecia um plano muito bom, mas era o único que tinha agora.
Um cavalheiro alto de braços dados com uma dama, acompanhados por um valete, uma criada e uma enorme pilha de bagagem... certamente não teriam necessidade dela.
Um cavalheiro alto de braços dados com uma dama, acompanhados por um valete, uma criada e uma enorme pilha de bagagem... certamente não teriam necessidade dela.
Um homem de meia-idade, vestido mais modestamente, com uma valise na mão e um secretário ao lado. Um homem de negócios, sem dúvida.
Então mais bagagem. Os porteiros afastaram para o lado uma carroça carregada de bagagem, deixando à vista outro passageiro que se chocou com ela e a fez dar um passo para trás, com um medo supersticioso.
Então mais bagagem. Os porteiros afastaram para o lado uma carroça carregada de bagagem, deixando à vista outro passageiro que se chocou com ela e a fez dar um passo para trás, com um medo supersticioso.
A Morte estava caminhando... não, mancando... pelo cais à luz brilhante do sol de primavera.
Pelo amor de Deus! Meg controlou os nervos. Era um ser humano de carne e osso, claro que era.
Pelo amor de Deus! Meg controlou os nervos. Era um ser humano de carne e osso, claro que era.
Apenas um homem. Mas um homem muito másculo. Parecia dominar o cais até que ela não conseguiu olhar para mais nada a não ser ele.
Alto e com uma constituição forte, vestido com o uniforme verde-escuro da Rifle Brigade, tinha a cabeça descoberta, a espada no cinto.
Alto e com uma constituição forte, vestido com o uniforme verde-escuro da Rifle Brigade, tinha a cabeça descoberta, a espada no cinto.
A faixa vermelha de oficial estava manchada e escura e, o que era incomum para um oficial, um rifle pendia de um dos ombros.
A perna esquerda da calça tinha sido cortada para dar espaço ao volumoso curativo bem acima do joelho e batia em tomo da bota preta e alta a cada passo que dava.
Os cabelos eram negros como as penas de um corvo, uma barba nascente escurecia sua mandíbula, e os olhos escuros, sob sobrancelhas pesadas, estavam entrecerrados para se proteger do sol enquanto ele observava o cais com a intensidade de um homem que esperava o fogo inimigo de um franco-atirador.
Seu escrutínio envolveu Meg. Ela se obrigou a devolver o olhar com indiferença e o deixou passar por ela. A experiência lhe ensinara a avaliar rapidamente os homens, um hábito, que não era mais um caso de vida ou morte e o qual talvez devesse abandonar.
Os cabelos eram negros como as penas de um corvo, uma barba nascente escurecia sua mandíbula, e os olhos escuros, sob sobrancelhas pesadas, estavam entrecerrados para se proteger do sol enquanto ele observava o cais com a intensidade de um homem que esperava o fogo inimigo de um franco-atirador.
Seu escrutínio envolveu Meg. Ela se obrigou a devolver o olhar com indiferença e o deixou passar por ela. A experiência lhe ensinara a avaliar rapidamente os homens, um hábito, que não era mais um caso de vida ou morte e o qual talvez devesse abandonar.
Não que jamais tivesse tido a necessidade de avaliar um homem que parecia tão perigoso.
Série Irmãs Shelley
1 - Questão de Prática
2 - Questão de Ternura
3 - Questão de Desejo
4 - Questão de Inocência
Série Concluída
Série Irmãs Shelley
1 - Questão de Prática
2 - Questão de Ternura
3 - Questão de Desejo
4 - Questão de Inocência
Série Concluída