Ela será o pequeno instrumento que o ajudará a seccionar a carótida de seu mais sanguinário inimigo, o próprio pai da jovem, uma vez que tenha se cansado de brincar com ele. Entretanto, depois de conhecê-la, sente-se deslumbrado por sua impressionante beleza, sua sensualidade inata, sua inegável inteligência, sua força, sua coragem e até sua rebeldia constante. Porém, seu empenho em destruí-la, e com ela ao homem que lhe roubou tudo, anos atrás, não diminuiu nem um pouco apesar do abrasador desejo que o consome cada vez que respira seu intoxicante aroma de gardênias.
Lady Ailena se vê forçada a casar com aquele estranho, arrogante e igualmente protetor, temendo ter escapado de um pai dominador para terminar nas garras de um marido cruel e obsessivo.
Enquanto luta por sobreviver aos seus contínuos abusos e à perda de tudo que foi importante para ela alguma vez, tentará não permitir que a paixão que ele desperta converta-se em algo mais. Algo que provavelmente permitirá que ele a aniquile...
Capítulo Um
Uma hora mais tarde, o marquês de Rolagh afundou-se na poltrona que presidia a enorme escrivaninha de madeira maciça de seu escritório, enquanto contemplava com uma expressão de estudado aborrecimento como o visconde Crassdanl atravessava a estadia e, sem pedir permissão, desabava languidamente sobre uma das duas cadeiras gêmeas de pele negra situadas em frente a ele.
— Hoje é o grande dia — Comentou seu visitante. Entretanto, não havia verdadeira alegria em suas palavras. Sabia de sobra a opinião daquele homem com respeito aos seus propósitos, comunicara-o em diversas ocasiões e de variadas formas nos últimos meses, mas se não o fizera mudar de opinião até então, tampouco conseguiria agora.
— Sim — demarcou. — É.
— Está impaciente, não é assim? — Um ligeiro sorriso, mais irônico que outra coisa, apareceu em seus lábios.
— Conhece-me bem, Darius, mas estou procurando aproveitar.
— Esticando os últimos momentos, não? — O afiado e duro olhar do marquês não cedeu nem um pouco, nem sequer pareceu levemente envergonhado quando admitiu.
— Sim — Foi tudo o que disse. Os olhos marrons de seu interlocutor suavizaram-se notavelmente.
— É mais do que compreensível, Javo. Se tão somente não a colocasse nisto… — Deteve-se quando o viu levantar a mão lhe pedindo que o deixasse.
— Discutimos sobre isto até não poder mais, Dar, e sabe que minha determinação é firme. Necessito dela para levar a cabo meus planos, e não vou sacrificá-los por nada, nem ninguém. — Seu olhar se afiou. — Nem sequer por ti.
— Sei. — O visconde olhou para outro lado durante um momento, incapaz de suportar o que aqueles olhos expressavam, apesar de estar informado da pesada carga que ocultavam. O amigo pareceu ler seu pensamento, como testemunharam suas seguintes palavras.
— Você melhor do que ninguém entende minhas motivações. É o único que conhece a história completa. — O olhar do visconde tornou a buscá-lo e, desta vez, mostrava uma firmeza que não estivera ali desde que entrara no escritório. Seu sorriso, geralmente zombeteiro e depreciativo, também retornara.
— Tem razão, é claro. É somente que sinto pena da dama. É jovem e inocente, muito diferente dele, e me pergunto por quanto tempo conseguirá permanecer assim estando ao seu lado.
— Não muito, espero. Esse tipo de mulher me aborrece soberanamente.
— Os homens são criaturas aborrecidas — Sentenciou lady Ailena Lusía Sant Montiue, ignorando firmemente as suas duas irmãs que lançavam risadinhas tolas e baixinhas.
— Vamos Lusi, reconheça que possuem seus encantos. — A mais velha delas, Alexandria, enfrentou seus olhos azuis sem piscar, e com um ligeiro sorriso em seus carnudos lábios. — Alguns deles, em todo caso — Cedeu gentilmente.
— O dia que tenha certeza disso lhe farei saber — Respondeu mal-humorada. Tomou um delicado gole de sua xícara de chá enquanto dava voltas no assunto e depois voltou para o mesmo. — Mas até então, temo que teremos que aguentá-los, por mais pedantes, egoístas e superiores que se acreditem. Ao menos até que papai a passe para o lado de vê-la casada, Alexa. — A aludida suspirou, já que sim, estava farta da lista de possíveis pretendentes que seu pai estivera passando sob o nariz durante as últimas semanas.
Parecia que assim que as badaladas do relógio anunciaram seu vigésimo aniversário, o conde metera na cabeça que estava ficando para solteirona e que se fazia imperativo colocar mãos à obra para evitar a todo custo. E não era que ela não quisesse casar-se, mas em seu momento. Agora, o que desejava era viver, não se amarrar a um homem com as características que, com tanta sabedoria, descrevera sua irmã, e adoecer em um matrimônio de conveniência, parindo um filho atrás de outro, a cada ano. Suspirou resignada, desejando pela milésima vez ter nascido varão.
— Não acredito que vá passar, Lusi. Quer vê-la em frente ao altar antes que acabe a temporada.
— Mas para isso só faltam dois meses! — Alexandria olhou-a fixamente durante alguns instantes.
— Exatamente — Foi tudo o que disse. Ailena sentou-se para trás no assento recuperando a compostura, quando pela extremidade do olho observou a expressão de ansiedade de sua irmã mais nova.
— Por que tanta pressa? — Perguntou a irmã do meio das Sant Montiue para a sala em geral. — Que eu saiba, você não mostrou interesse em nenhum cavalheiro em especial.
— Porque não o tenho. Nenhum me chamou a atençãoaté o ponto de querer amarrar-me pelos próximos cinquenta anos. Nem na sua cama, já disse. — Ailena ocultou um sorriso. Sua irmã estava acostumada a enganar a todo mundo.
Capítulo Um
Uma hora mais tarde, o marquês de Rolagh afundou-se na poltrona que presidia a enorme escrivaninha de madeira maciça de seu escritório, enquanto contemplava com uma expressão de estudado aborrecimento como o visconde Crassdanl atravessava a estadia e, sem pedir permissão, desabava languidamente sobre uma das duas cadeiras gêmeas de pele negra situadas em frente a ele.
— Hoje é o grande dia — Comentou seu visitante. Entretanto, não havia verdadeira alegria em suas palavras. Sabia de sobra a opinião daquele homem com respeito aos seus propósitos, comunicara-o em diversas ocasiões e de variadas formas nos últimos meses, mas se não o fizera mudar de opinião até então, tampouco conseguiria agora.
— Sim — demarcou. — É.
— Está impaciente, não é assim? — Um ligeiro sorriso, mais irônico que outra coisa, apareceu em seus lábios.
— Conhece-me bem, Darius, mas estou procurando aproveitar.
— Esticando os últimos momentos, não? — O afiado e duro olhar do marquês não cedeu nem um pouco, nem sequer pareceu levemente envergonhado quando admitiu.
— Sim — Foi tudo o que disse. Os olhos marrons de seu interlocutor suavizaram-se notavelmente.
— É mais do que compreensível, Javo. Se tão somente não a colocasse nisto… — Deteve-se quando o viu levantar a mão lhe pedindo que o deixasse.
— Discutimos sobre isto até não poder mais, Dar, e sabe que minha determinação é firme. Necessito dela para levar a cabo meus planos, e não vou sacrificá-los por nada, nem ninguém. — Seu olhar se afiou. — Nem sequer por ti.
— Sei. — O visconde olhou para outro lado durante um momento, incapaz de suportar o que aqueles olhos expressavam, apesar de estar informado da pesada carga que ocultavam. O amigo pareceu ler seu pensamento, como testemunharam suas seguintes palavras.
— Você melhor do que ninguém entende minhas motivações. É o único que conhece a história completa. — O olhar do visconde tornou a buscá-lo e, desta vez, mostrava uma firmeza que não estivera ali desde que entrara no escritório. Seu sorriso, geralmente zombeteiro e depreciativo, também retornara.
— Tem razão, é claro. É somente que sinto pena da dama. É jovem e inocente, muito diferente dele, e me pergunto por quanto tempo conseguirá permanecer assim estando ao seu lado.
— Não muito, espero. Esse tipo de mulher me aborrece soberanamente.
— Os homens são criaturas aborrecidas — Sentenciou lady Ailena Lusía Sant Montiue, ignorando firmemente as suas duas irmãs que lançavam risadinhas tolas e baixinhas.
— Vamos Lusi, reconheça que possuem seus encantos. — A mais velha delas, Alexandria, enfrentou seus olhos azuis sem piscar, e com um ligeiro sorriso em seus carnudos lábios. — Alguns deles, em todo caso — Cedeu gentilmente.
— O dia que tenha certeza disso lhe farei saber — Respondeu mal-humorada. Tomou um delicado gole de sua xícara de chá enquanto dava voltas no assunto e depois voltou para o mesmo. — Mas até então, temo que teremos que aguentá-los, por mais pedantes, egoístas e superiores que se acreditem. Ao menos até que papai a passe para o lado de vê-la casada, Alexa. — A aludida suspirou, já que sim, estava farta da lista de possíveis pretendentes que seu pai estivera passando sob o nariz durante as últimas semanas.
Parecia que assim que as badaladas do relógio anunciaram seu vigésimo aniversário, o conde metera na cabeça que estava ficando para solteirona e que se fazia imperativo colocar mãos à obra para evitar a todo custo. E não era que ela não quisesse casar-se, mas em seu momento. Agora, o que desejava era viver, não se amarrar a um homem com as características que, com tanta sabedoria, descrevera sua irmã, e adoecer em um matrimônio de conveniência, parindo um filho atrás de outro, a cada ano. Suspirou resignada, desejando pela milésima vez ter nascido varão.
— Não acredito que vá passar, Lusi. Quer vê-la em frente ao altar antes que acabe a temporada.
— Mas para isso só faltam dois meses! — Alexandria olhou-a fixamente durante alguns instantes.
— Exatamente — Foi tudo o que disse. Ailena sentou-se para trás no assento recuperando a compostura, quando pela extremidade do olho observou a expressão de ansiedade de sua irmã mais nova.
— Por que tanta pressa? — Perguntou a irmã do meio das Sant Montiue para a sala em geral. — Que eu saiba, você não mostrou interesse em nenhum cavalheiro em especial.
— Porque não o tenho. Nenhum me chamou a atençãoaté o ponto de querer amarrar-me pelos próximos cinquenta anos. Nem na sua cama, já disse. — Ailena ocultou um sorriso. Sua irmã estava acostumada a enganar a todo mundo.
Sua incrível beleza clássica e semnenhuma imperfeição realçada por seu cabelo loiro e seus enormes olhos mel claro e uma aura de absoluta fragilidade unidas ao seu porte delicado e maneiras suaves e, totalmente fingidas, davam a impressão de uma dama recatada e dúctil. Mas nada mais longe da realidade.
A chocante verdade era que lady Alexandria era uma mulher com ideias muito claras, uma cabeça muito bem centrada e um caráter forte e decidido, além de um vocabulário variado e florido. Todas essas… características de sua personalidade ela procurava guardar debaixo de sete chaves na presença de estranhos, mas nunca se reprimia com a família.
Graças a Deus.
— Bem, tendo muito claro esse ponto, o que temos que fazer é decidir o que vamos fazer para jogar por terra os planos de papai. — A habitação ficou em silêncio depois daquelas palavras e não era difícil saber porquê.
— Lusi…, mas vale a ideia…
Graças a Deus.
— Bem, tendo muito claro esse ponto, o que temos que fazer é decidir o que vamos fazer para jogar por terra os planos de papai. — A habitação ficou em silêncio depois daquelas palavras e não era difícil saber porquê.
— Lusi…, mas vale a ideia…