Um espião da União enfrentando a morte. Uma beleza do sul em quem ele não pode confiar... O desejo pode ser o perigo final. O coronel Lucas Rourke, chefe de espionagem civil para o norte, tem a honra de defender a União e é responsável por uma vasta rede de espiões. Mas quando os confederados o capturaram, sua única esperança é o espião enigmático que entrega o corpo, o coração e a alma para salvá-lo. Beleza de cabelos ruivos, Rachel Pierce é a notória espiã desonesta — a Santa. Testemunhando o assassinato brutal de seu pai por senhores de escravos, ela surge disciplinada na alta arte de espionagem, movendo-se pelas latitudes do sul como um fantasma sem deixar rastros de seus passos e desafiando todos os seus inimigos sem a menor sugestão de seu reconhecimento. Presos em uma perigosa rede de intrigas, eles descobrem segredos que prolongam a guerra e os colocam em sério perigo. Ao desvendar a verdade, desmascarar assassinos e chegar em segurança às linhas da União, uma poderosa paixão surge entre eles. No entanto, ela não desistirá de espionar; ele não vai desistir de seu poder... e nenhum deles consegue ver que, se não tomarem cuidado, não terão escolha a não ser desistir de tudo... incluindo de seus corações.
Capítulo Um
Capítulo Um Meia-noite de setembro de 1864 Richmond, Virgínia
A noite ameaçava a cidade com suas garras traiçoeiras e escuras. Dentro de um armazém vazio, Rachel Pierce empurrava um carrinho trêmulo que balançava e sacudia sobre tijolos irregulares. Mais e mais abaixo em um labirinto de corredores mal iluminados, ela procurou quem precisaria libertar.
Com as pernas pesadas, parou em uma janela estreita e a abriu. Uma chuva de pó de carvão caiu sobre sua cabeça. Ela espiou. Uma fumaça acre disparava das forjas ardentes da Tredegar Iron Workes, invadindo suas narinas e garganta.
Lá embaixo, violentas corredeiras desaguavam no rio James, enquanto a fuligem subia e descia com uma leve brisa antes de cair como um véu macio que cobria todas as superfícies. Rachel olhou às mãos, esfregou com nitrato de prata para escurecer sua pele. As aparências não a preocupavam. Curvada na escuridão e vestida com farrapos, ela se disfarçara bem de escravo.
Conduziu o carrinho por uma ala cavernosa, saindo do prédio principal como a garra de um caranguejo jogada para o lado. As janelas estavam quebradas e bloqueadas com tábuas de madeira. A umidade do teto caia no chão e pingou em seu ombro. O nariz dela se contorceu com o cheiro dos fardos antigos de tabaco apodrecidos e mofados. Um rato correu por seu pé e ela soltou um grito. A bile subiu à garganta.
Um segundo depois, o estalo de um chicote rasgou o ar, seguido por gemidos agonizantes. Ela queria correr, respirar o ar úmido da liberdade.
Se capturada, ela seria enforcada. Precisaria improvisar no último minuto? Sem tempo para planejar, implicava alto risco e maiores chances de falha.
Escutara uma conversa, descobrira que os rebeldes haviam capturado alguém de grande importância e o estavam interrogando naquele armazém da Oak Street.
Seus pés pareciam areia movediça, recusavam-se a se mover. As lembranças ardentes de seu pai a provocavam, acenavam para ela ir mais longe, afogar seus medos, cumprir a missão dada por Deus. Rachel arrastou os pés. Lágrimas quentes ardiam em seus olhos. Os gemidos ficaram mais altos. Ela seguiu as luzes piscantes das lanternas amareladas manchadas pelo pó de carvão. Embrulhou o pânico crescente em seu peito, respirou fundo e entrou em um grande depósito.
Dois guardas, ocupados demais com o jogo de cartas, ignoraram o escravo que havia chegado para limpar e esvaziar os penicos. Com as mãos úmidas, ela puxou uma vassoura do carrinho e começou a varrer, entrando na sala oposta aos gemidos. Um buraco na parede permitiu que espiasse.
Série Rendição
1- Entregar-se ao vento
2- Rendendo-se a honra
